Investimento imobiliário

O turismo residencial gerou 15.000 milhões de euros em receitas fiscais para o Estado entre 2014 e 2023, segundo dois estudos realizados em parceria entre a Nova School of Business and Economics e a Associação Portuguesa do Turismo Residencial e Resorts (APR). Os mesmos permitem ainda concluir, por exemplo, que Portugal é o país que, em 2024, apresenta os maiores encargos fiscais sobre a aquisição de um imóvel residencial de segunda habitação entre os mercados analisados.

O setor imobiliário de luxo a nível mundial está a arrefecer. Os dados mais recentes da imobiliária Knight Frank indicam, por exemplo, que no terceiro trimestre de 2024 o volume e número de unidades vendidas caíram em 12 mercados internacionais. Em causa está o relatório Global Super-Prime Intelligence, que se refere ao mercado ‘super-prime’ (superluxo), ou seja, à transação de imóveis de valor superior a 10 milhões de dólares.

A indústria gráfica Printer Portuguesa, que foi fundada há 40 anos e comprada em 2012 pelo empresário angolano Álvaro Sobrinho, cujos bens e contas bancárias tinham sido arrestadas em Portugal no ano anterior, foi declarada insolvente este ano, tendo sido vendida em leilão por 10,25 milhões de euros. O comprador é um grupo de origem chinesa, para já ainda desconhecido.

O Grupo Retail Mind, gestor e consultor ibérico fundado em 2012 e especialista em retalho, está a desenvolver quatro novos retail parks em Portugal, com inaugurações previstas até janeiro de 2027. Em causa estão espaços comerciais localizados em Felgueiras, Ponta Delgada, Póvoa de Varzim e Cantanhede que “representam um investimento global de mais de 150 milhões de euros e estarão na origem de cerca de 2.000 postos de trabalho diretos e indiretos”, adianta a empresa em comunicado.

A Admar SCR, empresa gestora de Fundos de Capital de Risco com sede no Estoril, lançou um novo fundo de investimento para potenciais aquisições nos setores de saúde e turismo em Portugal e no estrangeiro. O H2 Health & Hospitality FCRF, com se chama, terá um capital de até 70 milhões de euros e investirá 50% em empresas e ativos no setor de saúde privada, incluindo hospitais privados, clínicas especializadas e unidades de cuidados continuados. A outra metade do investimento é direcionada a hotéis e empresas de serviços e tecnologia relacionados com o turismo.

O grupo Quinta do Lago comprou a unidade hoteleira de cinco estrelas Conrad Algarve, em Almancil, no concelho de Loulé, ao fundo gerido pela ECS, gestora de ativos participada pela Davidson Kempner Capital Management. O valor do negócio não foi divulgado.

A Unik Capital Solutions, empresa sediada no Luxemburgo que oferece soluções de investimento imobiliário, comprou três imóveis na área da saúde em Portugal por 70 milhões de euros, através de três veículos de investimento. Em causa está um lar de idosos no Porto e dois terrenos destinados à construção de lares de idosos em Gaia e Setúbal, ativos que eram detidos pela ORPEA PORTUGAL IMMO, S.A..

As rendas nas principais ruas comerciais da Europa registaram uma subida média anual de 9,9% no terceiro trimestre de 2024 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Trata-se de um valor que “é quase sete vezes superior ao crescimento de 1,5% registado em 2023”, refere em comunicado a Savills, apoiando-se em dados de um relatório. Em Portugal, as rendas devem manter-se estáveis ou aumentar ligeiramente devido à escassez de oferta e aumento na procura.

A Blackstone investiu mais de 500 milhões de euros em hotéis em destinos de férias no sul da Europa, nomeadamente em Portugal, durante o ano passado. O maior investidor imobiliário do mundo continua, assim, a expandir o seu vasto portefólio imobiliário para tirar proveiro do 'boom' do turismo num cenário pós-pandemia.

A proposta de redução do IVA na construção para a habitação de 23% para 6% foi chumbada no Parlamento com os votos contra do PS, PCP, BE e Livre e abstenção do Chega e PAN. Uma decisão que vai agravar ainda mais a crise na habitação que se vive em Portugal, alerta a Associação de Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII).

Portugal continua do radar dos investidores imobiliários estrangeiros, apesar da instabilidade legislativa criticada por vários players do setor. Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) mostram isso mesmo: no terceiro trimestre de 2024, ou seja, nos três meses do verão, as transações de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) totalizaram 5,6 mil milhões de euros, mais 33% que no período homólogo (4,2 mil milhões de euros). Neste valor, revela o regulador, estão incluídos quase mil milhões de euros relativos a investimento imobiliário – em concreto 984,03 milhões de euros.

A antiga sede da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), localizada na Avenida José Malhoa, em Lisboa – o regulador ocupou o espaço durante quase 20 anos –, foi adquirida pela investidora alemã AM Alpha. O edifício Malhoa 12 será agora alvo de obras de reabilitação.

A empresa estatal espanhola Cofides vai apoiar a expansão internacional da cadeia hoteleira (também espanhola) One Shot, tendo financiado - com um empréstimo de um milhão de euros através do Fundo de Operações de Investimento das Pequenas e Médias Empresas (Fonpyme) - a abertura do seu segundo hotel no Porto. A unidade tem um custo total previsto de 1,5 milhões de euros.

A antiga e centenária fábrica da indústria conserveira “A Varina”, situada perto da Doca-Pesca e da entrada do Porto de Leixões, vai ganhar uma segunda vida, dando “lugar a um empreendimento residencial e de comércio com vista privilegiada para o oceano”, refere em comunicado o Grupo Casais, que está a promover o projeto em conjunto com o Grupo IMP. A Fábrica 390, como se chamará, terá 50 apartamentos de várias tipologias, espaços verdes e será a sede do laboratório de análises patológicas da IMP Diagnostics.

O mercado de escritórios em Lisboa continua a dar sinais de dinamismo. A francesa Serris Reim acaba de fechar a compra dos edifícios República 59 e Defensores de Chaves 45 ao fundo CCP 5 Long-Life, gerido pela britânica Tristan Capital Partners. Com uma área total de 6.226 metros quadrados (m2), os imóveis localizam-se numa das zonas mais centrais da capital.

O projeto do Hub do Mar, na Doca de Pedrouços, em Lisboa, "está parado", revelou a vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, indicando que o município da capital está à espera da administração do Porto de Lisboa.

É mais um negócio que mostra que o segmento de retalho em Portugal está cada vez mais no radar dos investidores, nomeadamente estrangeiros. O centro comercial Alegro Sintra passou a ser detido, em conjunto, pela Castellana Properties, detida pelo fundo de investimento imobiliário sul-africano Vukile, e pela holandesa Tiekenveen, dos donos da Auchan.

Christian Louboutin apaixonou-se por Portugal há quase uma década. Tornou-se num dos muitos famosos que decidiu comprar imóveis e terrenos no mercado nacional, encontrando em Melides, no Alentejo, um refúgio perfeito para viver e investir. No entanto, está cada vez mais difícil manter este paraíso secreto “fora do radar” e longe do excesso de turismo, algo que preocupa o criador de moda.

O Azores Retail Park, que reforçará a oferta comercial em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel (Açores), começou a ser construído, tendo já decorrido a cerimónia de lançamento da primeira pedra. O projeto é gerido pela Sapore, empresa detida pelo Vigent Group, e será desenvolvido numa área de 44.000 metros quadrados (m2), com uma área bruta de construção de 18.000 m2. Terá 11 unidades comerciais e 800 lugares de estacionamento, somando 15.000 m2 de área bruta locável (ABL), e “promete posicionar-se como um motor de dinamização económica para a região”.

O mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal está dinâmico, tendo o terceiro trimestre dado sinais de recuperação da confiança dos investidores. Segundo Paulo Silva, Head of Country da Savills, apesar dos desafios ainda existentes, “como um quadro macroeconómico que ainda sugere cautela e tensões geopolíticas”, o cenário é de otimismo: “Acreditamos que a reta final de ano marcará um novo impulso e em 2025 os volumes de investimento deverão recuperar a níveis anteriores a 2023”.