Confiança dos operadores caiu ligeiramente, mas setor continua a demonstrar uma atitude proativa e orientada para o crescimento.
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Logística em Portugal
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O setor logístico em Portugal mantém-se resiliente e com intenções claras de investimento em 2025, apesar de estarmos perante um contexto económico e operacional mais desafiante. Esta é uma das conclusões a retirar do estudo Logistics Confidence Index Portugal, desenvolvido pela consultora CBRE. Segundo o mesmo, o índice de confiança dos operadores caiu ligeiramente para 51,7%, menos 2,5% que em 2024, mas o setor continua a demonstrar uma atitude proativa e orientada para o crescimento.

“De acordo com os resultados do inquérito, 57% dos operadores logísticos nacionais esperam um aumento das receitas em 2025, enquanto 58% prevê investir de forma significativa para reforçar a eficiência e a competitividade das suas operações. Estes dados confirmam que o setor mantém ambição e dinamismo, mesmo num quadro de maior exigência, e que os planos estratégicos se mantêm ativos, com foco na transformação operacional e na valorização dos ativos logísticos”, refere em comunicado a CBRE. 

De acordo com o estudo, “apesar da descida ligeira do índice de confiança e do ambiente de negócios mais desafiante, a maioria dos operadores continua a acreditar no crescimento da sua atividade”. Uma “aparente dualidade” que “pode ser explicada pelo facto de estarmos perante um setor que, embora mais complexo, continua a ser atrativo e com elevado potencial de retorno”. 

"Portugal continua com fundamentais que dão confiança aos operadores"
Nuno Torcato, Diretor Industrial e Logística da CBRE Portugal

Destaque ainda para o facto de cerca de metade dos participantes do estudo (51%) – o inquérito realizou-se entre 28 de abril e 24 de maio de 2025 a operadores logísticos de referência – manifestar a intenção de aumentar a capacidade de armazenamento, dando especial relevo à localização estratégica, sendo que, sem surpresas, a região da Grande Lisboa mantém-se como o principal hub logístico do país.

Citado no documento, Nuno Torcato, Diretor Industrial e Logística da CBRE Portugal, considera que, apesar dos desafios a nível internacional, “Portugal continua com fundamentais que dão confiança aos operadores”. O responsável dá como exemplo o crescimento da penetração do ‘e-commerce’, o elevado número de entidades que querem desenvolver projetos industriais no país e o crescimento do retalho, havendo “novos players a entrar com força” em Portugal. 

Armazéns de logística em Portugal
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Escassez de oferta é obstáculo, mas…

Numa análise detalhada ao setor, o estudo conclui que a escassez é um tema recorrente. “A taxa de disponibilidade em Lisboa é de 2,8% (e antecipam-se descidas) e, no Porto, inferior a 1%. Estes valores contrastam com a realidade do mercado europeu (5,2%) e mesmo com os mercados espanhóis, como Madrid (10,5%) ou Barcelona (cerca de 5%), demonstrando a pressão sobre a oferta nacional”, refere a CBRE, salientando que a limitação de espaço disponível levou a “uma escalada consecutiva nos preços das rendas” – o preço ‘prime’ por metro quadrado (m2) acelerou, desde o início da pandemia, 50% em Lisboa e 70% no Porto.

Uma escassez de disponibilidade que não levou, no entanto, a um recuo da dinâmica comercial. “O take-up de 2024 foi praticamente um ano recorde, com 427.000 m2 arrendados no território nacional e, nos primeiros dois trimestres do ano, regista-se uma dinâmica francamente positiva, esperando-se crescimentos significativos face ao período homólogo do ano anterior”, adianta a consultora.

Para Nuno Torcato não há dúvidas de que os primeiros seis meses de 2025 foram bastante positivos, com vários negócios relevantes. “Toda esta atividade no primeiro semestre resultou na ocupação da maioria dos projetos que estavam disponíveis, pelo que a taxa de disponibilidade está neste momento em cerca de 1-2% nas zonas logísticas de Lisboa e Porto, o que poderá colocar pressão acrescida nas rendas nos próximos meses e criar mais dificuldades às entidades que têm necessidade de novos espaços”, antecipa. 

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