Os bancos abriram a torneira do crédito à habitação. Uma tendência que está a fazer com que se assista a uma espécie de “guerra dos spreads”, havendo muitos bancos que praticam spreads abaixo de 2%. O último a cortar a margem de lucro foi o Banco BIC, que reduziu o spread mínimo de 2,10% para 1,65%.
“As restrições financeiras, nomeadamente a menor disponibilidade da banca para o crédito hipotecário, condicionaram o acesso à aquisição de habitação própria, mas ultimamente o mercado tem vindo a revelar-se mais dinâmico”, refere o Banco BIC. Segundo o Dinheiro Vivo, a instituição estudou “os dados mais recentes do comportamento dos clientes e da concorrência” para chegar “a um dos spreads mais baixos do mercado”.
Antes do BIC, já o Bankinter – comprou no início do ano o negócio comercial do Barclays em Portugal – optou por baixar os spreads, detendo a margem mínima de financiamento mais baixa do mercado, com 1,25%. “O Bankinter anunciou logo no início da sua operação em Portugal que pretendia ser um parceiro da economia nacional e apoiar as empresas e as famílias portuguesas. A descida do spread no crédito habitação é uma demonstração clara desse apoio. 1,25% é o spread mais competitivo do mercado”, salientam os responsáveis da instituição.
No que diz respeito aos líderes do mercado nacional, a competição também está ao rubro. Em agosto, o Montepio anunciou um corte da margem de lucro para 1,55%, que concorre quase diretamente com o spread de 1,5% praticado pelo Santander Totta. A CGD e o BCP também estão “na luta”, com um mínimos de 1,75%.
Segundo as simulações feitas pela publicação, que se apoia em comentários de alguns especialistas, há que ter cautelas. Por um lado, é preciso ter em atenção que um spread mínimo nunca virá sem contrapartidas, como a subscrição de cartões de débito e de crédito do banco, seguros de vida ou domiciliações de pagamentos. E há outros riscos a ter em conta. “Os juros associados ao crédito à habitação estão a atingir mínimos históricos, logo o custo de recorrer a financiamento bancário para compra de habitação é mais baixo. Mas não podemos esquecer que um contrato de crédito à habitação dura normalmente 20 a 30 anos e neste período as taxas de juro podem sofrer alterações muito significativas. Basta recordar que em 2008 a média da Euribor a seis meses era superior a 5%”, explica Nuno Rico, economista da Deco.
Para o responsável, é pouco provável que os spreads venham a baixar para os níveis de antes da crise, quando a média não ultrapassava os 0,5%.
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