Bancos portugueses conseguiram maior redução de NPL no imobiliário. Mas Portugal é o 3.º da Europa mais exposto, revela EBA.
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Crédito malparado em Portugal
Foto de August de Richelieu no Pexels

Os bancos em Portugal estão empenhados em reduzir ao máximo os seus empréstimos não produtivos – os chamados non-performing loans (NPL) –, sobretudo, os expostos ao imobiliário. E têm conseguido: os dados mais recentes da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla inglesa) revelam que Portugal foi o país europeu que mais conseguiu reduzir o montante de empréstimos não produtivos e também o que possui o valor mais baixo de todos. E a percentagem de créditos malparados expostos ao imobiliário diminuiu em setembro de 2023 para 3,8%. Mas, ainda assim, o nosso país é o terceiro da Europa que tem mais NPL no imobiliário.

Não é novidade que, dado o elevado nível de endividamento das famílias, os bancos que operam em Portugal estão expostos a riscos no imobiliário residencial. Mas também estão empenhados em reduzir ao máximo os empréstimos malparados neste segmento. Até porque o Banco de Portugal tem apertado o cerco à banca de forma a cumprir os requisitos da EBA relativos ao acompanhamento de créditos habitação em risco de incumprimento.

Os resultados do esforço dos bancos residentes em Portugal em reduzir os NPL expostos ao imobiliário estão à vista: a percentagem de créditos não produtivos em ativos imobiliários caiu de 4,3% em junho de 2023 para 3,8% em setembro (ou seja, menos 0,5 pontos percentuais). E esta foi mesmo a maior redução do rácio de NPL no imobiliário registada pela EBA entre os 11 países analisados.

Apesar deste recuo, a verdade é que o rácio de NPL exposto ao imobiliário em Portugal (de 3,8%) é ainda o terceiro mais elevado entre os países europeus, sendo apenas superado por Itália e pela Grécia, que apresentam, respetivamente, créditos não produtivos no imobiliário de 8,9% e 4,6% face ao total. Os países que estão menos vulneráveis ao incumprimento no setor imobiliário são a Dinamarca (0,7%) e a Alemanha (1,30%), que estão abaixo da média europeia (1,9%), mostram os dados do relatório  da EBA relativo ao terceiro trimestre de 2023.

Embora a banca portuguesa continue a reduzir os créditos não produtivos no imobiliário, Bruxelas alertou recentemente que continua exposta a riscos (sobretudo no segmento residencial), dado os elevados níveis de endividamento das famílias e o facto da taxa variável (e indexada à Euribor) continuar a representar a esmagadora maioria dos créditos habitação existentes (mais de 80%).

Portugal tem maior queda de créditos não produtivos na Europa

Olhando para a evolução do total de créditos não produtivos (habitação, consumo ou outros fins), verifica-se que Portugal registou a maior descida de todas entre os 11 países, confirmando o empenho dos bancos neste sentido. Em concreto, o montante de NPL desceu de 6,3 mil milhões de euros em junho para 5,6 mil milhões de euros em setembro de 2023 (-11,1%). E não foi o único a ver o montante de créditos malparados a cair, já que se registaram descidas também na Grécia, Polónia, Itália e a na Dinamarca.

Mas o contrário também se registou: o valor de NPL subiu em 6 países dos 11 analisados pela EBA, com o crescimento mais expressivo a ser observado nos Países Baixos (3%), seguido da Áustria (1,8%) e da Bélgica (1,7%).

Os montantes mais elevados de créditos não produtivos foram registados em França (116,8 mil milhões de euros), em Espanha e na Itália. E os mais baixos - além de Portugal que está no fundo da tabela - foram observados na Polónia, Dinamarca e na Grécia.

Ainda assim, a percentagem de NPL face ao total de créditos é mais elevada na Polónia (4,4%), Grécia (4,1%), Espanha (2,8%) e Portugal (2,8%) – valores bem superiores à média da Europa (1,8%). E mais baixa na Alemanha (1,1%), Dinamarca (1,3%) e na Bélgica (1,4%).

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