
Continuam a soar os alarmes quanto ao risco de incumprimento do crédito habitação em Portugal, dado o contexto de elevadas taxas de juro e baixo poder de compra. Mas os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) revelam que o montante de empréstimos da casa problemáticos está em mínimos, registando cerca de 250 milhões de euros em fevereiro. Isto acontece porque os bancos têm vindo a reduzir a sua exposição a créditos habitação malparados desde a última crise financeira num montante superior a 2 mil milhões de euros.
A última crise financeira foi marcada por uma avalanche de incumprimento no crédito habitação em Portugal. Tanto assim foi que em junho de 2016, no rescaldo da crise, o montante de empréstimos da casa malparados foi de 2.629 milhões de euros, um máximo registado desde 1998 (data a que remonta esta série estatística), indicam os dados do BdP.
De lá para cá os bancos residentes no país têm seguido as recomendações do BdP e vendido carteiras de crédito malparado, para ajudar a diminuir a sua exposição ao imobiliário. Esse esforço teve resultados bem visíveis: o montante de créditos da casa vencidos caiu para 238 milhões de euros em dezembro de 2023. Este valor representa mesmo um mínimo histórico de empréstimos habitação em incumprimento mesmo num ambiente de elevadas taxas de juro.
Desde o final de 2023 até fevereiro de 2024, o montante de créditos habitação problemáticos subiu ligeiramente para quase 250 milhões de euros. Ainda assim, o balanço desde o máximo registado em junho de 2016 até fevereiro de 2024 é positivo: os bancos em Portugal conseguiram reduzir o montante de crédito da casa em incumprimento em 2.379 milhões de euros.
Rácio dos créditos da casa em incumprimento está num dos valores mais baixos de sempre
Também o rácio dos empréstimos da casa vencidos continua nos valores mais baixos de sempre: foi de 0,3% em fevereiro face total de créditos habitação em Portugal. Este valor é ligeiramente superior ao registado em dezembro de 2023 e janeiro de 2024, quando o rácio era de apenas 0,2%, o menor valor registado de sempre. Tal como seria de esperar, em junho de 2023, este rácio era bem superior, de 2,7%, estando em máximos.
Há também menos famílias devedoras em Portugal em incumprimento (1,5% do total de devedores, o menor valor desde 2009). Esta percentagem é bem inferior face à proporção de devedores de crédito habitação registada em junho de 2016 (6,2%).
Os dados do BdP revelam assim que o incumprimento na habitação está nos valores mais baixos de sempre. E há vários fatores que podem ajudar a explicar este facto, numa altura em que os juros continuam elevados e a pressionar os orçamentos familiares. Primeiro, o regulador português em seguido à risca as recomendações da Autoridade Bancária Europeia quanto ao crédito hipotecário em risco de incumprimento. Depois, o mercado de trabalho continua estável em Portugal. Além disso, as famílias contam com mais apoios públicos ao pagamento das prestações da casa, como a bonificação dos juros e fixação da prestação durante dois anos, que ajudam a que não entrem em incumprimento bancário.
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