"Esperamos ver uma folga (...)", referiu a presidente do BCE, em resposta a uma questão da eurodeputada do PSD Lídia Pereira.
Comentários: 0
Christine Lagarde
Christine Lagarde, presidente do BCE Getty images

A presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse esta segunda-feira (30 de setembro de 2024) acreditar que as taxas Euribor, que servem de referência aos créditos habitação em países como Portugal, continuem a baixar mediante reduções nas taxas de juro “ao longo dos próximos meses”.

“Esperamos ver uma folga […], não parando uma descida das taxas hipotecárias [Euribor] à medida que as taxas de juro continuam a descer ao longo dos próximos meses”, declarou Christine Lagarde, falando numa audição na comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Numa altura em que as mais recentes projeções dos especialistas do BCE preveem uma inflação média de 2,5% em 2024, de 2,2% em 2025 e de 1,9% em 2026, a presidente do banco central mostrou-se “confiante de que a inflação regressará atempadamente ao objetivo” de 2% para estabilidade dos preços, o que a seu ver também afetaria as Euribor.

Christine Lagarde respondia a uma questão da eurodeputada do PSD Lídia Pereira, que na sua intervenção apontou que, após o pico da inflação de há dois anos ter sido antecipado pelas Euribor, se espera agora que “à medida que o BCE baixa as taxas e que os bancos se voltam a adaptar às condições de mercado, as pessoas sintam isso no bolso, isto é, que comecem a pagar menos pelos seus créditos”, nomeadamente em países mais dependentes das taxas de juro variáveis como Portugal.

Lídia Pereira questionou: “Acredita que os bancos estão a transmitir adequadamente a política monetária do BCE e antecipa condições para que a Euribor e, consequentemente, os créditos, possam continuar esta trajetória descendente?”.

Na resposta, Christine Lagarde confirmou que “houve antecipação [nas Euribor] antes de [as taxas de juro] começarem a subir e […] houve antecipação antes de começarem a baixar”. “A descida estava prevista e está a afetar, em particular, os empréstimos variáveis que prevalecem em Portugal e na Finlândia, mas não está a ter um efeito significativo em todos os países onde os empréstimos fixos são dominantes”, adiantou a responsável.

Nos últimos meses, as Euribor – que em Portugal servem de referência para grande parte dos créditos, nomeadamente os usados para comprar casa – já têm então vindo a registar uma tendência de redução, dada a expectativa de que o BCE reduza a sua principal taxa de juro de referência.

Quando isso acontece, os custos do crédito descem, tornando os empréstimos mais baratos, como as prestações da casa nos usados para a habitação.

Na audição de hoje, Christine Lagarde mostrou-se, assim, confiante de que a inflação regressará em breve aos 2% e admitiu que isso será tido em conta na reunião de política monetária de outubro, o que poderá indiciar um novo corte nessa altura.

A taxa de inflação baixou nos últimos meses após registar valores históricos devido à reabertura da economia pós-pandemia de covid-19, à crise energética e às consequências económicas da guerra na Ucrânia, mas ainda se encontra acima do objetivo de 2% fixado pelo BCE para a estabilidade dos preços.

Há cerca de duas semanas, o BCE baixou a sua taxa de juro de referência em 25 pontos base para 3,5%, sendo que este foi o segundo corte do ano, num contexto de moderação da inflação e de abrandamento da atividade económica a curto prazo.

Lagarde admite aumento temporário da inflação

No que diz respeito à taxa de inflação, a presidente do BCE admitiu a possibilidade de haver um aumento temporário no quarto trimestre deste ano, pelo facto das quedas dos preços energéticos já não se refletirem nas taxas anuais, mas disse confiar numa descida “atempada”.

“Em termos prospetivos, a inflação poderá aumentar temporariamente no quarto trimestre deste ano, à medida que as anteriores quedas acentuadas dos preços dos produtos energéticos deixarem de ser registadas nas taxas anuais, mas os últimos desenvolvimentos reforçam a nossa confiança de que a inflação regressará atempadamente ao objetivo”, declarou Christine Lagarde.

Um cenário, de resto, que será tido em conta na reunião de política monetária de outubro, isto numa altura em que as mais recentes projeções dos especialistas do BCE preveem uma inflação média de 2,5% em 2024, de 2,2% em 2025 e de 1,9% em 2026.

Em Portugal, segundo a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação homóloga acelerou para 2,1% em setembro, mais 0,2 pontos percentuais que em agosto, .

Esta terça-feira (1 de outubro de 2024) será conhecida a estimativa do gabinete estatístico comunitário para a Zona Euro em setembro, depois de, em agosto, o Eurostat ter divulgado que a taxa de inflação homóloga na área da moeda única abrandou 0,4 pontos percentuais para 2,2%.

*Com Lusa

Acompanha toda a informação imobiliária e os relatórios de dados mais atuais nas nossas newsletters diária e semanal. Também podes acompanhar o mercado imobiliário de luxo com a nossa newsletter mensal de luxo.

Ver comentários (0) / Comentar

Para poder comentar deves entrar na tua conta