Com a nova subida das taxas de juro diretoras pelo BCE em 75 pontos, os juros nos depósitos a prazo começam a aumentar.
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Juros nos depósitos a prazo
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A economia europeia estremeceu com a nova subida das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE) em 75 pontos base esta quinta-feira, dia 27 de outubro. Há consequências à vista para a economia: a Euribor deverá continuar a subir, tornando os créditos habitação mais caros, e há já vários países que estão a sentir as economias a contrair. Mas também há efeitos positivos para as carteiras das famílias: o aumento dos juros diretores impulsiona também a subida das taxas de juro dos depósitos a prazo no espaço europeu, tornando-os mais rentáveis. Explicamos.

A terceira subida dos juros diretores pelo BCE este ano elevou a taxa de juro dos depósitos para 1,5%. Isto quer dizer que os depósitos a prazo poderão tornar-se mais rentáveis daqui em diante, uma tendência que já tem vindo a ser identificada em algumas economias europeias. Na Europa “as taxas de juro dos novos depósitos bancários de particulares continuam a subir”, apontou o BCE numa nota de imprensa. “Em agosto, a taxa de juro anual média dos depósitos com prazo acordado situou‑se em 0,48%” (em julho foi de 0,38%), referem ainda.

Olhando para os países da UE, salta à vista que Portugal é o que tem a terceira taxa de juro média nos depósitos a prazo mais baixa (0,07% em agosto), estando no mesmo patamar da Eslovénia (0,07%). Abaixo destes valores está só a Irlanda, com uma taxa de 0,06%, mostram os dados do BCE. É nos Países Baixos onde mais rende colocar as poupanças nos depósitos a prazo (1,44%), seguido pela Itália (1,12%), Estónia (1,07%) e França (0,94%).

Quanto vão subir as taxas de juro nos depósitos a prazo?

Uma década se passou desde que a taxa média dos depósitos a prazo caiu, pela primeira vez, para valores abaixo de 2%. Foi o início de uma travessia no deserto que deixou as famílias que confiavam seu dinheiro nos depósitos a prazo sem alternativas. Agora, as taxas de juro nestes depósitos tendem decolar graças às políticas monetárias do BCE.

No entanto, os economistas consultados pelo idealista/news descartam fortes aumentos dos juros nos depósitos a prazo nos próximos meses. “Os bancos estão muito relutantes em pagar por depósitos, pelo menos juros altos. As instituições bancárias sofreram com juros negativos durante muitos anos e agora pretendem recuperar o que não conseguiram ganhar devido à política errónea do BCE”, afirma o economista Miguel Córdoba.

Nesse sentido, Fernández-Pacheco, professor de EAE Business School, insiste que “o que não tinha lógica era a situação que tínhamos até agora, em que a remuneração das contas e depósitos era superior à Euribor”. Os bancos têm, sobretudo, duas formas de ganhar dinheiro que mais tarde usam para emprestar a empresas e famílias, explica Fernández-Pacheco ao idealista/news:

  • Depósitos a prazo e contas correntes:
  • Empréstimos feitos entre bancos no mercado interbancário, como os créditos habitação.

“A Euribor reflete a taxa de juro a que os bancos emprestam capital uns aos outros. Obviamente, é mais caro para um banco obter 100 milhões de euros com base em pequenos depósitos (com todas as operações associadas), do que obtê-los todos de uma vez com um empréstimo de outro banco. E, por isso, estará disposto a pagar mais pelos empréstimos do que pelos depósitos a prazo, motivo pelo qual as taxas dos depósitos e contas à ordem devem ser mantidas abaixo da Euribor”, esclarece ainda o professor da EAE Business School. Posto isto, as taxas de juro dos depósitos devem fixar-se entre 1% e 3% durante o próximo ano, abaixo da Euribor.

Os economistas recordam também que o cenário atual tem leituras positivas. “O BCE mudou finalmente a sua política monetária e com as taxas de juro em níveis lógicos, o dinheiro voltará a ter a sua remuneração adequada em depósitos e poupanças no tesouro, e mesmo em obrigações do Estado, o que significa que não é só o BCE que compra os títulos públicos de dívida”, admite Miguel Córdoba. Além disso, o euro está a ganhar terreno em relação ao dólar, recuperando a paridade.

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