
Do outro lado do Atlântico, a Reserva Federal norte-americana (Fed) está a apostar todas as cartas na subida das taxas de juro para baixar a inflação que se sente nos Estados Unidos da América (EUA), até aos 2%, o nível em que é assegurada a estabilidade de preços na economia. Esta quarta-feira, dia 2 de novembro, o Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla inglesa) decidiu voltar a subir a taxa de juro em 75 pontos base, elevando-a para um intervalo entre 3,75% e 4%, o valor mais elevado no país desde 2007.
"O Comité [FOMC] procura alcançar o pleno emprego e uma inflação próxima de 2% no longo prazo. Para apoiar esses objetivos, o Comité decidiu subir a taxa dos fundos federais para um intervalo entre 3,75% e 4%", anunciou o banco central norte-americano, em comunicado, após o fim da reunião de dois dias do FOMC.
A instituição liderada por Jerome Powell justifica que os indicadores recentes apontam para um crescimento modesto na despesa e na produção, sublinhando que a criação de emprego tem sido robusta nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. Mas “a inflação continua elevada, refletindo desequilíbrios da oferta e da procura relacionados com a pandemia, com os preços de energia e pressões mais alargadas nos preços”, acrescenta. Em concreto, a inflação em setembro nos EUA fixou-se em 8,2%.
Fim do clico de subida dos juros será maior que o esperado, diz Powell
Este é o sexto aumento das taxas de juro pelo Fed desde março. E como a inflação nos EUA ainda está em níveis acima do esperado, o presidente da Reserva Federal norte-americana alerta que o “nível final das taxas de juros será mais alto do que o esperado".
Mas quanto poderão voltar a subir as taxas de juro nos EUA? Jerome Powell abriu a porta à possibilidade de que os próximos aumentos de juros sejam inferiores a 75 pontos base. "O momento [para aumentos menores] está a aproximar-se e pode acontecer na próxima reunião", que será realizada em dezembro, "ou na próxima, mas ainda não foi tomada nenhuma decisão", disse em conferência de imprensa após o fim da reunião do FOMC.
O presidente do banco central norte-americano reconheceu, no entanto, que é muito cedo para falar em travar os aumentos das taxas, sendo ainda necessário "atingir aquele nível suficientemente restritivo" que irá permitir travar a inflação e impedir que se enraíze.
Embora admita que ainda não existe um método científico para determinar em que ponto a inflação se instalou, Jerome Powell sublinha que caso os juros subam demais, sempre pode recorrer às ferramentas à sua disposição para estimular a economia.
Guerra da Ucrânia está a criar pressão adicional sobre a inflação
A Fed assinala ainda que a guerra na Ucrânia está a provocar “enormes” dificuldades humanas e económicas, sublinhando que está a criar uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e a pesar na atividade económica mundial. Neste sentido, assegura que está “muito atento aos riscos inflacionistas”.
Considera, assim, que serão apropriados “aumentos contínuos” nas taxas de juros, de forma a seguir uma política “suficientemente restritiva” para trazer a inflação de volta à meta de 2%. “O Comité está fortemente empenhado em devolver a inflação ao seu objetivo de 2%”, refere ainda.
A Fed explica que para determinar o ritmo de aumentos futuros irá ter em conta o aperto da política monetária, o impacto para a atividade económica e inflação e a evolução económica e financeira.
*Com Lusa
Para poder comentar deves entrar na tua conta