O Museu de Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM), em Lisboa, que deveria ter sido inaugurado em 2021, vai abrir no primeiro semestre do próximo ano, anunciou a gestão daquele espaço. O novo museu de arte contemporânea vai exibir uma coleção privada com 400 obras de artistas portugueses e estrangeiros de Armando Martins. O projeto do colecionador e empresário do Grupo Fibeira, com atividade na promoção imobiliária, hotelaria e serviços, irá ocupar o Palácio Dos Condes da Ribeira Grande, na Rua da Junqueira, onde funcionou o Liceu Rainha Dona Amélia.
“O MACAM – Museu de Arte Contemporânea Armando Martins é um novo projeto cultural, totalmente privado, dedicado à arte moderna e contemporânea, que vai inaugurar em Lisboa no primeiro semestre de 2024. Esta é uma iniciativa inédita que, pela primeira vez em Portugal e na Europa, integra no espaço de um museu um hotel de 5 estrelas”, lê-se no ‘site’ oficial do museu.
O MACAM irá ocupar um edifício de elevado valor histórico e patrimonial do início do século XVIII, que faz a ligação entre Alcântara e Belém, uma das zonas culturais mais visitadas de Lisboa, segundo é dito na sua página web. O palácio encontra-se atualmente em fase de reabilitação e será ampliado com dois novos edifícios a tardoz, perfazendo uma área superior a 13.000 metros quadrados (m2).
O museu irá instalar-se no piso térreo do Palácio Dos Condes da Ribeira Grande e numa das alas novas do espaço museológico, com uma área expositiva total de 2.000 m2. Por sua vez, o hotel – que se irá chamar The Curator Art Palace Hotel – também acolhe obras da Coleção MACAM e terá um total de 64 quartos distribuídos entre o primeiro e segundo pisos do palácio, e um dos novos edifícios do projeto, pode ler-se também no website.
Atrasos na inauguração explicados com pandemia, guerra e reabilitação complexa do Palácio
A notícia da nova data de abertura foi avançada pelo jornal ‘online’ Observador, a quem o departamento de comunicação do museu de arte contemporânea justificou o atraso na inauguração com constrangimentos ditados pela pandemia da covid-19 e agravados pela guerra na Ucrânia, bem como com a complexidade do projeto de reabilitação e adaptação do edifício que irá acolher o MACAM.
Em maio de 2021, a abertura foi adiada para o primeiro quadrimestre do ano seguinte. Na altura, a curadora Adelaide Ginga, diretora do MACAM, justificou o atraso com “contratempos” provocados pela pandemia covid-19.
Paula Rego, Vieira da Silva, Cabrita Reis, Tàpies e muitos outros artistas portugueses e estrangeiros no MACAM
A coleção de Armando Martins reúne obras de artistas portugueses e estrangeiros como Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva, José Malhoa, Amadeo Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Rui Chafes, José Pedro Croft, Lourdes Castro, entre outros, indicou a curadora e futura diretora do novo museu.
Quanto a artistas estrangeiros, estão representados na coleção Gilberto Zorio, John Baldessari, Albert Oehlen, Olafur Eliasson, Marina Abramovic, Antoni Tàpies, Antonio Ballester Moreno, Juan Muñoz, Santiago Sierra, Carlos Aires, Pedro Reyes, Carlos Garaicoa, Ernesto Neto, Marepe, Rosângela Rennó, Vik Muniz e Isa Genzken, entre outros.
A coleção foi iniciada quando Armando Martins tinha apenas 18 anos, e comprou, a meias com um amigo, um conjunto de 35 serigrafias. A compra da primeira pintura original só aconteceu em 1974, de um artista português, Rogério Ribeiro, e passou a ser mais intensa nos anos de 1980, particularmente de arte portuguesa contemporânea do século XX, estendendo-se depois aos estrangeiros, com artistas de todos os continentes, menos a Oceânia.
Embora tenha seguido o seu gosto pessoal, Armando Martins recorreu, ao longo das décadas, ao aconselhamento de curadores e galeristas como Pedro Cera e Filomena Soares, entre outros.
Coleção privada de Armando Martins premiada na ARCO e obras já estiveram em grandes museus
A coleção de Armando Martins foi distinguida, em 2018, com um prémio da área do colecionismo, pela Fundação ARCO de Madrid, em Espanha
Algumas das obras já foram cedidas para exposição em espaços museológicos como o Museu Nacional de Soares dos Reis e o Museu de Serralves, no Porto, o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, o Museu Nacional de Arte Contemporânea e o Museu Coleção Berardo, em Lisboa, assim como o Museu Rainha Sofia, em Madrid, entre outras instituições.
*Com Lusa
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