Depósitos a prazo com maior remuneração desde abril de 2013

Depois de passarem vários anos em mínimo históricos, as remunerações dos depósitos a prazo começaram a subir há cerca de um ano. E, de lá para a cá, a taxa de juro média nos novos depósitos a prazo chegou a 2,29% em setembro, o valor mais elevado desde abril de 2013. Com o dinheiro nos depósitos a prazo a render mais às famílias, o montante das novas operações subiu em setembro para 7.855 milhões de euros.

“Em setembro, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares totalizou 7.855 milhões de euros, mais 309 milhões do que no mês anterior”, destaca o Banco de Portugal (BdP) no boletim publicado na quinta-feira, dia 2 de novembro. Este é o maior montante colocado em novos depósitos a prazo desde janeiro de 2013, quando totalizou 8.021 milhões de euros.

Há, portanto, mais famílias a pôr dinheiro nos depósitos a prazo. E isto deve-se, sobretudo, à maior taxa de remuneração. “A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 1,92% em agosto para 2,29% em setembro, o valor mais alto desde abril de 2013”, refere ainda o regulador liderado por Mário Centeno.

Ora, as taxas de juro médias nos novos depósitos a prazo em setembro desagregam-se da seguinte forma, consoante o prazo:

• novos depósitos com prazo até 1 ano: atingiram a remuneração média mais elevada de 2,31% em setembro (1,89% em agosto);
• novos depósitos com prazo de 1 a 2 anos: apresentaram uma remuneração média de 2,03% (2,11% em agosto);
• novos depósitos com prazo acima de 2 anos: foram remunerados, em média, a 2,10% (2,08% em agosto).

“Apesar de, em Portugal, a taxa de juro média dos novos depósitos ter aumentado, esta continuou a ser a quinta mais baixa da área do euro e inferior à média deste conjunto de países (3,08%)”, refere ainda o BdP. Abaixo da taxa de juro nos depósitos a prazo de Portugal está só a Croácia, o Chipre, a Grécia e a Eslovénia. As maiores remunerações dos depósitos a prazo são encontradas na Estónia, em França e em Itália, mostram os dados.

Banco de Portugal

Taxa de juro nos empréstimos sobe mais do que nos novos depósitos

O que também é bem visível é que as subidas das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE) refletiram-se mais rápido nos empréstimos concedidos a particulares do que nos novos depósitos a prazo em Portugal.

A taxa de juro média das novas operações de empréstimos aos particulares – que inclui crédito habitação, ao consumo e para outros fins - aumentou 2,93 pontos percentuais (p.p.) entre dezembro de 2021 e setembro de 2023. Este aumento foi "mais expressivo" nos terceiro e quarto trimestres de 2022 e tem vindo a desacelerar desde então. No terceiro trimestre de 2023, a taxa de juro média dos novos empréstimos não se alterou, estando perto dos 3%.

Já a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares apresentou um aumento acumulado inferior ao dos empréstimos: 2,25 p.p. entre dezembro de 2021 e setembro de 2023. “No entanto, o crescimento desta taxa tem vindo a acentuar-se nos segundo e terceiro trimestres de 2023”, destaca o BdP.

Banco de Portugal