Governador do BdP alerta que subida dos salários pode gerar aumento de preços e novas subida dos juros diretores.
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Subida dos salários
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal Getty images

O mercado de trabalho encontra-se robusto na Zona Euro. E o atual perfil salarial está alinhado com a estabilidade de preços. Por isso mesmo, o governador do Banco de Portugal (BdP) defende que deve haver “prudência” na hora de decidir os aumentos dos salários, para evitar que haja espirais salários-preços na área euro, ou seja, que o reforço dos rendimentos das famílias impulsione a inflação. Isto porque o Banco Central Europeu (BCE) pode voltar a aumentar as taxas de juro diretoras para travar a inflação se considerar necessário.

Para fazer face à subida da inflação na Zona Euro para níveis sem precedentes, a resposta política do BCE - combinada com a ação de política monetária sincronizada em todo o mundo – reduziu a inflação dos 10,1% em novembro de 2022, para perto da meta de 2% (2,4% em novembro). E num momento em que a inflação estava em alta e o crescimento económico estava estagnado, foi a criação e a robustez do emprego que evitou que a Zona Euro enfrentasse um cenário de “estagflação”.

Mas “surgiram preocupações sobre o mau funcionamento do mercado de trabalho, com a possibilidade de haver efeitos de segunda ordem”, diz Mário Centeno na análise publicada esta segunda-feira, dia 4 de dezembro. “Afinal, a dinâmica salarial nos Estados Unidos estimulou a procura e a inflação, num ciclo vicioso preços-salários. No entanto, com os atuais fundamentos e as instituições do mercado de trabalho, a área do euro vai escapar às espirais salários-preços”, acredita o governador do Banco de Portugal.

Por isso mesmo, o responsável pelo banco central português defende que "a prudência deverá orientar os aumentos salariais" em 2024, considerando que devem ser impulsionados por ganhos de produtividade, como observado nos últimos 35 anos. “O sucesso de uma economia não é medido apenas pelo seu desempenho global, mas também pelo sucesso daqueles que estão pouco incluídos ou excluídos. Agir à margem é essencial”, refere.

Neste contexto, Mário Centeno acredita que se deve continuar a “criar novos empregos, garantir flexibilidade para que haja adaptabilidade, aproveitar a migração para um mercado de trabalho mais amplo e abordar a desigualdade entre países para partilhar a prosperidade e estabilidade em todos”.

De qualquer forma, pede “paciência” ao mercado de trabalho, dando nota que a política monetária do BCE tem funcionado, embora com o seu “habitual atraso”, no travão à procura e à inflação.  Mas alerta que só o BCE pode agir, se necessário, para travar a potencial subida de preços eventualmente gerada pelos aumentos salariais (entre outros fatores). E que “preservar os investimentos e as aspirações dos trabalhadores é incompatível com um aperto mais do que o necessário”.

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