
Em alturas de crise, o endividamento das famílias tende a subir para colmatar as necessidades financeiras dos agregados, apesar das elevadas taxas de juro. E, hoje, verifica-se que as famílias que vivem em Portugal continuam a contrair mais crédito, tendo o valor do endividamento dos particulares subido ligeiramente para 149.980 milhões de euros em novembro, estando, por isso, mais expostas aos elevados juros, revela o Banco de Portugal (BdP) esta terça-feira. Mas o que os dados também mostram é que o nível de dívida contraída pelas famílias tem vindo a estabilizar desde o início de 2023.
Durante a crise financeira de 2007/2008, os empréstimos concedidos às famílias foram aumentando até meados de 2010, tendo registado o pico de 167,8 mil milhões de euros em dezembro desse ano, revelam os dados do Banco de Portugal publicados esta terça-feira (dia 23 de janeiro). Depois, começaram a cair progressivamente nos anos seguintes até ter atingido os valores mais baixos da última década em 2017 (em torno dos 138 mil milhões).
Agora, estamos perante um cenário semelhante (mas menos gravoso). O endividamento das famílias começou a subir em 2020, na altura da pandemia e continuou a aumentar nos anos seguintes, tendo atingido o pico dos últimos cinco anos em dezembro de 2022, de 150,9 mil milhões de euros. Isto aconteceu numa altura em que o poder de compra caiu devido à alta inflação e os orçamentos familiares viram-se apertados pelas elevadas taxas de juro nos créditos habitação, pressionando a procura por soluções financeiras alternativas.
O que salta à vista é que o nível de endividamento das famílias tem estado a estabilizar desde o início de 2023, em torno dos 150 mil milhões de euros, mas continua elevado. Em concreto, o endividamento dos particulares subiu 0,1 mil milhões de euros para 149.980 milhões de euros em novembro, “principalmente junto do setor financeiro”, destaca o regulador português. E este valor está em máximos de janeiro de 2014.
Dívida das empresas e do Estado também aumenta

Olhando para o setor privado (empresas e particulares), o BdP revela que a dívida aumentou 1,1 mil milhões de euros para 449.536 milhões de euros em novembro, “refletindo o incremento do endividamento das empresas privadas, em 1,0 mil milhões de euros, essencialmente perante o exterior, sob a forma de empréstimos e títulos de dívida de curto prazo".
Também o endividamento do setor público aumentou 0,3 mil milhões de euros para 357.169 milhões de euros. “Verificou-se um acréscimo do endividamento junto das administrações públicas (2,6 mil milhões de euros), parcialmente compensado por uma redução do endividamento junto do exterior (2,2 mil milhões de euros). Esta diminuição foi influenciada pela amortização parcial de empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), em 1,5 mil milhões de euros”, explica ainda o regulador liderado por Mário Centeno.
Contas feitas, o BdP conclui que o endividamento do setor não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) aumentou 1,4 mil milhões de euros, para 806,7 mil milhões de euros em novembro.
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