
Donald Trump ainda não iniciou funções, mas já deixou a União Europeia (UE) em sobressalto, ameaçando com tarifas adicionais sobre importações e com declarações sobre uma possível anexação da Gronelândia, território da Dinamarca.
Às ameaças do republicano de 78 anos, vencedor das eleições presidenciais de novembro de 2024 nos Estados Unidos e que vai iniciar funções em 20 de janeiro, a Comissão Europeia tem respondido, para já, com disponibilidade para construir um diálogo positivo com a nova Casa Branca.
Eis alguns pontos essenciais sobre o caderno de encargos apresentado por Donald Trump e que irá testar a relação com Bruxelas:
Tarifas alfandegárias sobre energia

Pouco mais de um mês depois de ser eleito Presidente, Donald Trump fez um ultimato à União Europeia: comprar mais petróleo e gás natural norte-americanos ou encaixar tarifas mais altas sobre os produtos europeus, dificultando a sua penetração naquele mercado.
"Disse à União Europeia que têm de compensar o seu grande défice com os Estados Unidos [da América] através da compra em larga escala de petróleo e gás [natural]. Caso contrário, levarão com impostos", escreveu o também empresário do imobiliário na rede Truth ("Verdade") Social, criada pelo próprio depois de ser excluído do X.
A tática não é novidade. Ainda em novembro de 2024, Donald Trump anunciou um aumento de 25% nos impostos sobre as importações do México e do Canadá, se não houver um reforço do controlo fronteiriço e no combate às drogas.
A tentativa de forçar a UE pode levar a uma guerra comercial entre Washington e os 27 do bloco político-económico. Vários economistas advertiram que isto degenerar em perda de postos de trabalho e de investimentos para os dois lados.
Comprar a Gronelândia ou querer anexá-la à força?

O desejo de adquirir a Gronelândia é uma reedição dos primeiros quatro anos na Casa Branca. Em 2019, Trump disse que Washington deveria comprar o território autónomo à Dinamarca.
Contudo, a ideia foi rejeitada pela primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen.
A ambição também não é novidade. Já desde o século XIX que vários presidentes dos Estados Unidos consideraram que aquele território deveria ser adquirido, alegando questões de segurança.
O território é próximo dos Estados Unidos - faz parte da América do Norte ainda que seja um território europeu - e há embarcações russas que atravessam aquela parte do Ártico.
Mas Donald Trump subiu a parada e em 07 de janeiro ameaçou anexar a Gronelândia pela força.
Mette Frederiksen disse que ia conversar com Trump sobre as declarações que fez e advertiu que a Gronelândia "pertence aos gronelandeses".
Alemanha e França também advertiram o ainda Presidente eleito norte-americano de que o respeito pela soberania e integridade territorial é aplicável a qualquer país.
Divergências sobre a Ucrânia

A Ucrânia é o principal desafio geopolítico dos últimos anos e assim vai continuar enquanto não houver um cessar-fogo. Para a União Europeia vai continuar o "apoio inabalável", posição condizente com a da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Donald Trump, considerado próximo do homólogo russo, Vladimir Putin, já admitiu em várias ocasiões resolver o conflito em 24 horas. E já aludiu à ideia de concessão de território ucraniano à Rússia, o que foi imediatamente rejeitado pelo Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Se os Estados Unidos 'abandonarem o barco', a União Europeia fica cada vez mais isolada no apoio à Ucrânia, que já não é unânime entre os 27, com Hungria e Eslováquia a criticarem e ameaçarem com bloqueios.
Na NATO também estão à vista divergências, com Trump a querer que os países invistam mais de 5% do Produto Interno Bruto em defesa.
Na segunda-feira, o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, rejeitou a ideia de aumentar para 5% o investimento do PIB em defesa, sublinhando representar um aumento de 200 mil milhões de euros anuais quando o Orçamento do Estado alemão é de 500 mil milhões.
"Isso só seria possível com um enorme aumento de impostos e cortando em coisas que são importantes para nós", advogou.
Os que aplaudem Trump dentro da UE

A apreensão é a palavra de ordem dentro da União Europeia, apesar de ninguém querer verbalizá-lo e de a Comissão Europeia preferir dizer que quer construir uma relação positiva com Donald Trump, apesar das ameaças que o republicano já fez.
Mas há 'adeptos' de Trump dentro da UE, nomeadamente o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.
No início de outubro de 2024, o primeiro-ministro da Hungria, também considerado próximo de Putin, disse que celebraria com "garrafas de champanhe" uma vitória de Trump.
De Musk a Zuckerberg, gigantes tecnológicos na esfera de Trump contra a UE

Elon Musk, empresário conhecido pelas empresas de automóveis elétricos Tesla, espacial SpaceX e por ser detentor da rede social X (antigo Twitter), foi escolhido por Trump para levar a cabo uma reforma administrativa e cortes na despesa, e também apontou baterias à UE.
Musk começou por criticar o processo de escolha da Comissão Europeia, considerando que um processo que exclua o votos dos cidadãos é antidemocrático, mas também tem utilizado a sua rede de influência para promover ativamente partidos de extrema-direita, nomeadamente a Alternativa para a Alemanha - em plena campanha para as eleições neste país no final de fevereiro.
Crítico da legislação europeia que coarta a operação das redes sociais, Musk não está sozinho.
Mark Zuckerberg, presidente da Meta, grupo que detém as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp, criticou a legislação da UE, considerando que impede o crescimento tecnológico.
O cocriador do Facebook também pediu a Trump para obrigar a União Europeia a parar de multar as grandes empresas tecnológicas norte-americanas, considerando que esta indústria está sob ataque.
Em causa estão alegações de violações da legislação para os serviços digitais, a que todas as redes sociais têm de obedecer para operar nos 27, algo que não acontece no território norte-americano.
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