O relatório da Cushman & Wakefield sobre o setor demonstra que o equilíbrio de poder está a inclinar-se a favor dos proprietários.
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Imobiliário industrial
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Cátia Colaço
Cátia Colaço (Colaborador do idealista news)

O setor da logística e imobiliário industrial registou uma mudança significativa, impulsionada por fatores como o aumento dos custos, a diversificação das cadeias de abastecimento e as mudanças nas dinâmicas de mercado.

De acordo com o relatório global da Cushman & Wakefield, o ‘Waypoint 2025’, que analisou mais de 120 mercados a nível mundial, o equilíbrio de poder está a inclinar-se a favor dos proprietários, com os mercados favoráveis a estes a aumentarem de 24% para 35%, ao mesmo tempo que os mercados favoráveis aos inquilinos deverão cair de 52% para 28% nos próximos três anos.

A oferta limitada, a elevada procura e o aumento dos custos nas rendas, mão de obra, eletricidade e materiais de construção são fatores que ajudam a explicar esta mudança. Segundo Sally Bruer, Diretora de Research de Logística, Industrial e Retalho da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) e autora do relatório, “com o setor global de logística e imobiliário industrial a inclinar-se a favor dos proprietários, os ocupantes devem agir rapidamente para garantir os ativos atuais ou planear novas instalações, especialmente em mercados onde as taxas de desocupação possam diminuir”.

A responsável acrescenta que “à medida que os mercados se tornam mais favoráveis aos proprietários, poderá crescer a confiança na entrega de nova oferta, desde que os custos de construção se mantenham controlados”.

A região EMEA é a que apresenta uma maior percentagem de mercados favoráveis aos proprietários, com uma percentagem de 29%, devido, especialmente, às restrições da oferta. Até 2028, cerca de metade dos mercados deverão registar uma mudança de tendência, com 40% (face aos 25% atuais) a antecipar condições neutras. Contudo, atualmente, ainda 46% dos mercados são considerados favoráveis aos inquilinos.

Imobiliário industrial com boas perspetivas para os proprietários
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Pressão de custos obriga a novas estratégias de localização

O ‘Waypoint 2025’ revela também algumas conclusões acerca das estratégias de localização. De acordo com este relatório, os custos laborais variam bastante entre regiões, o que leva as empresas a reavaliar os critérios de seleção de localizações. Segundo Sérgio Nunes, Diretor de Industrial & Logística da Cushman & Wakefield Portugal, o país pode ser um dos beneficiados destas mudanças estratégicas de localização, como explica em comunicado:

“A diversificação e a flexibilidade estão a obrigar os maiores ocupantes a repensar as suas estratégias de localização. Portugal está extremamente bem preparado para tirar partido desta mudança pelo seu posicionamento na ponta mais ocidental da Europa. Sendo um dos países europeus onde a oferta de imobiliário moderno de qualidade tem sido mais limitada, e com níveis de procura elevados e taxas de desocupação das mais baixas da Europa, antecipamos que o mercado imobiliário industrial e logístico tem muito espaço ainda por onde crescer. A escassez de terrenos planos nas proximidades de Lisboa e do Porto e o desenvolvimento de novas localizações logísticas e industriais em zonas mais periféricas, altamente funcionais e eficientes para os ocupantes, vai continuar a reforçar a posição dos proprietários no mercado, potenciando a valorização das rendas”, esclarece Sérgio Nunes.

"Portugal está extremamente bem preparado para tirar partido desta mudança pelo seu posicionamento na ponta mais ocidental da Europa" 
Sérgio Nunes, Diretor de Industrial & Logística da Cushman & Wakefield Portugal

No que respeita a custos laborais no setor logístico e industrial, destaque para os salários médios na Suíça que estão quase no dobro da média global. Em sentido contrário, a Índia e o Vietname continuam a ser muito mais económicos.

Após o abrandar do crescimento das rendas nos últimos três anos, é esperado, no entanto, que mais de metade dos mercados registem aumentos até 2027, dada a procura e a oferta em determinadas regiões. Exemplo disso é a região EMEA, que espera um aumento das rendas em 60% dos mercados.

O relatório da Cushman & Wakefield conclui ainda que a resiliência e a diversidade nas cadeias de abastecimento serão essenciais para enfrentar choques de mercado.

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