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Família de Rui Moreira vendeu palacete na Foz para ser hotel
Palacete centenário evoluiu de centro empresarial para projeto hoteleiro. Expresso

A família Moreira vendeu o palacete que tinha na primeira linha de mar na Foz, no Porto, ao operador hoteleiro que lançou o hotel Teatro, na baixa da cidade. A casa apalaçada encontrava-se no universo familiar desde a sua construção, em 1906, e está destinada a ancorar um projeto hoteleiro de luxo. O lote tem uma capacidade construtiva aprovada para um bloco de quatro andares, voltado para a rua das traseiras (Gondarém).

Segundo o Expresso, o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP) Rui Moreira e os irmãos terão ganho um milhão de euros cada – num total de oito milhões de euros – com a venda do palacete. Sebastião Moreira, arquiteto, revela que há um “acordo de confidencialidade” que impede a família de fornecer pormenores. “Não vamos falar desse assunto. O mercado está muito quente e uma das condições do acordo foi não haver comentários”, referiu.

O irmão Tomás, presidente da holding familiar Morimor SGPS, também não revela pormenores do negócio, frisando que foi celebrado “entre privados, sem qualquer relevância pública”. Tomás refere que a capacidade construtiva foi concedida há dez anos, “antes da crise do imobiliário rebentar”.

O imóvel em causa tem 1.000 m2 e encontra-se na avenida Montevideu, classificada como zona de interesse público, forçando a preservação do edificado existente. Citado pela publicação, Tomás Moreira confirmou que os interlocutores são portugueses, desmentindo uma versão que chegou a circular de que o negócio envolveria um investidor estrangeiro.

O comprador, Paulo Garcia da Costa, combina hotelaria com gestão imobiliária, mas o investimento emblemático (hotel Teatro) foi realizado através da sociedade Citylodge que partilha com a mulher, Alexandra. A designação remete para um grupo hoteleiro sul-africano, mas tudo se resume a uma coincidência, escreve a publicação.

De referir que a holding da família Moreira alienou a sociedade (Morimor Imobiliária) que detinha o ativo. A Morimor Imobiliária mudou, entretanto, de designação para Huga Hotels, surgindo como gestores Paulo Costa e o filho Diogo.

A família Moreira (avós, pais, tios, etc.) viveu na moradia até ao início da década de 1970. Depois, o edifício evoluiu para centro de negócios, acolhendo a E.A. Moreira (navegação) e as empresas que os irmãos foram lançando. Salas e quartos transformaram-se em escritórios. Na altura da transação, o edifício acolhia 15 firmas. Todas elas já debandaram, deixando caminho livre à Huga Hotels.

Selminho diz ser prejudicada pela CMP há 16 anos

Entretanto, a Selminho – Imobiliária, Lda, empresa imobiliária da família de Rui Moreira, considera que tem sido prejudicada pela CMP “ao longo dos últimos 16 anos”, garantindo que “as recentes ações” da autarquia “em nenhum momento” a beneficiaram.

Num esclarecimento escrito enviado à Lusa, a empresa adianta que comprou o terreno na Calçada da Arrábida, em 2001, quando este tinha “capacidade construtiva”, cumprindo “todos os formalismos legais”. “Em 2001, através de um operador de mediação imobiliária, foi-nos apresentada uma proposta de venda de um terreno, propriedade do senhor João Batista Ferreira e sua mulher, em nome de quem se encontrava devidamente registado na conservatória do registo predial. Igualmente, junto da repartição das finanças, foi obtida certidão matricial, na qual se verificava que o terreno se encontrava também devidamente averbado em nome do vendedor”, lê-se no documento.

A Selminho, “constituída em 1974” pelo pai de Rui Moreira e que tem atualmente como sócios Rui Moreira e os seus sete irmãos, sustenta que o terreno em causa “foi adquirido por escritura pública em julho de 2001, sendo apresentados ao notário para arquivo os referidos documentos, bem como a guia de pagamento do imposto de transmissões”, cumprindo-se, assim, “todos os formalismos legais”.

A gerência da empresa garante que a mesma e os seus sócios “não deixarão nunca de lutar pela salvaguarda do seu bom nome”.

Este esclarecimento da Selminho surge após ter sido revelado pelo jornal Público na semana passada que uma parcela de 1.621 m2 que integra a área apresentada pela Selminho para construção é, afinal, municipal.

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