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O aristocrata francês Louis-Albert de Broglie enviou uma carta à Gesfimo, sociedade que está a gerir o processo de venda da Herdade da Comporta, reiterando a sua proposta de aquisição da propriedade, oferecendo 159 milhões de euros, um valor superior ao apresentado inicialmente (115 milhões). É a proposta mais elevada entre as três que estão em cima da mesa, sendo que o prazo estipulado pela Gesfimo para votação das propostas é 27 de julho.

Segundo o Expresso, a oferta de Louis-Albert de Broglie é a mais alta entre as três ofertas que estão em análise: a proposta apresentada pela Oakvest (do britânico Mark Holyoake) com a Portugália ronda os 155,9 milhões de euros (36,5 milhões em dinheiro mais 119,4 milhões com a assunção da dívida da Comporta à CGD) e a oferta apresentada pelo consórcio do milionário francês Claude Berda com Paula Amorim foi de 147,4 milhões de euros, sendo que o valor global da sua proposta ascende a 156,4 milhões, incluindo outros créditos imobiliários.

Numa carta enviada à Gesfimo, Louis-Albert de Broglie vem clarificar que a sua proposta inicial enviada a 4 de maio tinha também uma “componente variável”, envolvendo um acréscimo em torno de 40 milhões de euros. 

Na mesma, o aristocrata francês, filho do Duque de Broglie, que foi ministro do presidente Carles de Gaulle, frisa que além de ter a melhor proposta do ponto de vista financeiro, o projeto de desenvolvimento para a Comporta do seu consórcio (composto pela Victor Brogli, GAC Capital e grupo Bonmont) privilegia, ao contrário dos concorrentes, “a biodiversidade da paisagem, empregos permanentes e bem pagos que vão desenvolver a região” e servir “a economia local”. A proposta prevê ainda a criação de uma fundação para apoiar projetos locais.

Zero defende moratória na venda da Herdade da Comporta

Entretanto, a Associação Zero defendeu uma moratória à venda da Herdade da Comporta, até à conclusão do Plano de Gestão do Sítio Comporta-Galé, e a inclusão daquele património na esfera pública com uma eventual integração na Companhia das Lezírias.

“A Zero considera que o Estado deve impor uma moratória à venda até à finalização deste plano da responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), desde há muitos anos por concluir”, refere em comunicado a associação ambientalista.

“A Zero teme também que o Estado perca a oportunidade de fazer justiça e de exercer os direitos dos contribuintes, fortemente penalizados pela crise bancária, garantindo a inclusão de uma vasta área de território na esfera pública, aproveitando o facto de o principal credor do Fundo Especial de Investimento Imobiliário Fechado (FEIIF), que gere os ativos imobiliários da Herdade da Comporta, ser a Caixa Geral de Depósitos”, lê-se no documento, a que a Lusa teve acesso.

Lembrando que está prevista para dia 27 de julho uma assembleia dos participantes do fundo que gere a Herdade da Comporta, para deliberar sobre as ofertas de compra daquela herdade, os ambientalistas da Associação Zero questionam a necessidade de se proceder à “venda apressada” daquela propriedade, uma vez que “está em curso a elaboração do Plano de Gestão do Sítio Comporta-Galé, um documento obrigatório no quadro da legislação nacional e europeia para uma área classificada em termos de conservação da natureza fazendo parte da Rede Natura 2000”.

De acordo com os ambientalistas da Zero, “deveria ser ponderada” a reintegração da totalidade da Herdade da Comporta (Herdade da Comporta FEIIF, o fundo de investimento imobiliário que gere os projetos turísticos e imobiliários daquela zona e a Herdade da Comporta - Atividades Agrosilvícolas e Turísticas, que gere a atividade agrícola e florestal) na Companhia das Lezírias.

“A Companhia das Lezírias é hoje um exemplo de gestão pública, já que toda a atividade da mesma é desenvolvida com recurso a receitas próprias, não recebendo quaisquer contributos do Orçamento do Estado, e apresenta desde há muito resultados de gestão positivos e um trabalho há muito reconhecido em prol da sustentabilidade”, justificam os ambientalistas da Associação Zero, lembrando que a Herdade da Comporta já fez parte da então Companhia das Lezírias do Tejo e do Sado, tendo sido vendida à empresa britânica The Atlantic Company, Ltd., em 1925, e depois comprada, em 1955, pela família Espírito Santo.

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