Os escritórios não deverão ser substituídos pelo teletrabalho, mas fatores como flexibilidade e equilíbrio serão valorizados, aponta a Savills.
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2021 é ano de recuperação e transformação para o mercado imobiliário
Imagem de Rudy and Peter Skitterians por Pixabay

Apesar de o arranque do ano ter sido tremido para vários setores do mercado imobiliário devido ao desenvolvimento da pandemia da Covid-19, as previsões para o balanço de 2021 parecem ser mais animadoras. A consultora Savills assume que este pode ser mesmo um ano de recuperação para grande parte dos setores e ainda de novas transformações.

Esta recuperação dos setores deverá avançar à medida que o confinamento vai ser levantado e o plano de vacinação vai sendo aplicado a toda a população, explica a consultora, numa nota publicada no seu site. No geral, estima-se que o mercado do investimento recupere a uma velocidade moderada. E o ritmo desta recuperação terá diferentes velocidades para os vários segmentos imobiliários, com maior resistência dos mercados de escritórios e logística, aponta.

“A depender da recuperação da crise pandémica e de um possível ajustamento dos preços face às expectativas de proprietários e compradores, o mercado poderá registar um aumento de investidores com perfil oportunista, direcionados para produtos em localizações mais periféricas, o que lhes permitirá diversificar a sua carteira de investimentos”, explica a consultora.

Ainda assim, Portugal continua a ser considerado um destino atrativo e seguro para os investidores, até porque as taxas de juros mantêm-se em níveis baixos. Os segmentos alternativos, especialmente o multifamiliar, continuarão na mira da análise de investidores, assume a consultora, que salienta ainda que “Portugal apresenta todos os fundamentos de mercado necessários ao bom desenvolvimento deste segmento, assente no crescimento do mercado de arrendamento e no aumento exponencial da procura”.

Apesar das boas notícias, a consultora antevê que 2021 deverá encerrar com o investimento a apresentar níveis inferiores ao período pré-pandémico. Em 2020, o investimento comercial imobiliário somou um total de 2,7 mil milhões de euros, um valor 14% inferior quando comparado ao de 2019. E foi o segundo trimestre a sofrer uma maior queda no volume de transações, período que coincidiu com os meses de confinamento geral. Neste período, os segmentos de retalho e escritórios pesaram cerca de 79% no total do volume de investimento, destaca a Savills.

As transformações do mercado

Para 2021, a Savills prevê que haja a transformação, reinvenção e adaptação de todos os segmentos aos efeitos colaterais causados pela pandemia.

No segmento de escritórios, a consultora dá nota de que, em 2021, os espaços não deverão ser substituídos pelo teletrabalho, mas os fatores flexibilidade e equilíbrio estão na agenda. E tornar os espaços mais flexíveis não significa só repensar os 'layouts' atuais, mas também adotar novos modelos de ocupação que no nosso mercado ainda estão em estado embrionário.

No retalho, o forte crescimento das vendas online vai ditar uma transformação do setor. Isto quer dizer que poderá haver o “encerramento de grandes lojas ocupadas por grandes 'players', deixando espaço para outras marcas que pretendam entrar no mercado português, mas não responderam aos seus pedidos de ocupação devido à escassez de lojas disponíveis”, avança ainda. No pós-pandemia, antevê a consultora, “veremos aumentar a competição entre proprietários para atrair as marcas mais sólidas e os melhores conceitos”.

Por outro lado, o crescimento do ‘e-commerce’ poderá despoletar o crescimento de espaços logísticos. A Savills assime que, em concreto, o 'Nearshoring' Industrial continuará a ser uma "forte tendência, facilitando a interdependência e resiliência das cadeias de distribuição global".

Também o setor residencial deverá assistir a um aumento da oferta disponível, sobretudo dos centros urbanos. Esta evolução advém do encerramento de vários alojamentos locais, do surgimento de projetos ‘multifamily’, mas não só. A Savills assume que a pandemia veio “provocar alterações estruturais no comportamento de quem procura uma residência". "A geração 'Millennials', que valoriza fortemente fatores como a mobilidade, flexibilidade e conectividade vai obrigar este setor a reinventar-se para acompanhar a evolução das suas necessidades”, conclui.

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