
Com 40 anos de vida, da carteira de projetos da Jamestown fazem parte edifícios emblemáticos como o One Times Square ou o Chelsea Market, ambos em Nova Iorque (EUA). A Portugal, a empresa de investimento e gestão imobiliária chegou em 2021 motivada pela "atratividade do mercado português", conta o seu presidente, Michael Phillips, em entrevista ao idealista/news. "Continuamos expectantes e à procura de novas oportunidades de negócio", revela o gestor da empresa que começou por investir na capital em dois espaços de escritórios, o IDB Lisbon – Innovation & Design Building Lisbon e a Factory Lisbon, cujo objetivo é que sejam "disruptivos ao mesmo tempo que integram a comunidade envolvente". E o mercado residencial faz também agora parte dos planos da empresa.
Dada a"elevada qualidade de vida, acessibilidade internacional e mão de obra altamente qualificada e multilingue" do país, Michael Phillips considera que "o mercado imobiliário português oferece uma variedade de segmentos atrativos com potencial de retorno a longo prazo", detalhando que, além do residencial, os "segmentos escritórios e uso misto apresentam-se como particularmente promissores".
Por tudo isto, a estratégia da Jamestown passa por encontrar empreendimentos de utilização mista, que possam trazer valor acrescentado e criar hubs verticais em torno de clusters de inovação, especialmente na área da tecnologia climática, segundo o responsável.
O especialista frisa que "a força de trabalho atual procura mais do que um espaço de trabalho e tem de ter condições atrativas para se sentir motivada em deslocar-se até ao escritório", deixando um alerta às empresas que "é importante que estejam atentas de modo a conseguir disponibilizar-lhe essa oferta".
Por outro lado, "tendo em conta a escassez estrutural da oferta residencial em Lisboa", a empresa está também interessada em "oportunidades residenciais onde possamos otimizar os custos de construção de raiz, bem como em projetos de requalificação", adianta o presidente da Jamestown, nesta entrevista ao idealista/news.
A Jamestown “aterrou” em Portugal em 2021, com a aquisição do edifício de escritórios JQOne, entretanto batizado como IDB Lisbon. Que balanço faz da atividade no país? O que fez com que a empresa quisesse investir no mercado nacional?
A Jamestown é uma empresa de investimento e gestão imobiliária com um forte foco em design, com um historial de 40 anos na criação de lugares que inspiram e contribuem para o desenvolvimento e integração da comunidade. Exemplo disso são edifícios como o One Times Square e o Chelsea Market, ambos em Nova Iorque, que são marcos históricos da cidade. Esforçamo-nos por criar uma rede global de hubs de inovação com foco na tecnologia climática, entre outras indústrias - e esse esforço inclui as nossas propriedades em Lisboa.

A chegada da Jamestown a Portugal aconteceu em 2021, face à atratividade do mercado português, com a aquisição do emblemático edifício de escritórios JQOne – tradicionalmente conhecido como Entreposto. Vimos potencial para criar um espaço que não só atraísse empresas inovadoras e startups, mas também envolvesse a comunidade envolvente. Acrescentámos arte e um rooftop com oferta gastronómica, entretenimento ao vivo, pistas de skate e muito mais. Como parte da nova oferta e posicionamento do edifício, em 2022 também mudámos o seu nome para IDB Lisbon - Innovation & Design Building Lisbon, apresentando-o como um hub para empresas inovadoras com um forte foco em design. Desde então, trouxemos para o IDB Lisbon várias empresas e organizações dos setores da tecnologia, saúde, finanças e criatividade.
Em paralelo, no ano de 2023, tornámo-nos gestores da Factory Lisbon, em parceria com a Factory International. A Factory Lisbon é um campus de inovação e empreendedorismo localizado no Beato Innovation District. Este edifício histórico, outrora uma fábrica de manutenção militar, conta agora com inquilinos como a Web Summit, a Escola 42 e o TUMO e já garantimos a ocupação total dos 8.000m2 de escritórios do edifício.
Atualmente, face às condições atrativas do mercado português, continuamos expectantes e à procura de novas oportunidades de negócio em Lisboa.
Esforçamo-nos por criar uma rede global de hubs de inovação com foco na tecnologia climática, entre outras indústrias - e esse esforço inclui as nossas propriedades em Lisboa.
O IDB Lisbon conta com quatro novos inquilinos: Pictet Technologies, UpHill, Mamma Team e Circutor. Está totalmente ocupado? É de esperar novidades em breve sobre este imóvel?
Neste momento, contamos com 18 inquilinos, que ocupam 90% do edifício. O significa que ainda temos 4,500 metros quadrados (m2) disponíveis para receber empresas que procurem um espaço para dar asas à sua criatividade e negócio num edifício disruptivo. Em breve, iremos ter também novidades em relação ao projeto de requalificação do edifício, no qual temos vindo a trabalhar. O objetivo será transmitir, ainda mais, o espírito disruptivo do IDB Lisbon, sem esquecer a integração e importância da comunidade, bem como as caraterísticas únicas e a história do edifício.

O que distingue o IDB Lisbon de outros imóveis de escritórios em Portugal? Foi, por exemplo, renovado recentemente, para estar preparado para os novos requisitos dos arrendatários no pós-pandemia? Se sim, quais foram as alterações?
O IDB Lisbon vai além do conceito tradicional de escritório ao proporcionar experiências enriquecedoras aos seus inquilinos. Desde eventos culturais até a implementação de serviços e infraestruturas que promovem um sentido de comunidade, o edifício cria um ambiente que fomenta a criatividade e inovação. O IDB Lisbon dispõe de grandes lajes e tetos altos, que criam um ambiente mais espaçoso e flexível, ideal para empresas que necessitam de adaptar rapidamente o layout do escritório ao dinamismo do seu negócio.
No que diz respeito às normas ambientais, sociais e de governança (ESG), o IDB Lisbon respeita os mais elevados padrões, refletindo um compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social, através de práticas que vão desde a eficiência energética até a promoção de um ambiente de trabalho saudável e inclusivo.
O IDB Lisbon uma opção única e atrativa para empresas que procuram um espaço moderno, flexível e que atenda às expectativas de um mundo pós-pandemia.
Contudo, o que se destaca e é o grande fator diferenciador do IDB Lisbon é a forma como este conjuga o lazer com o trabalho: conta com o IDB Rooftop, um terraço panorâmico com diversas ofertas culturais que permitem aos colaboradores usufruir de atividades gratuitas antes ou após o trabalho; uma vasta oferta cultural, face à relação da Jamestown com a arte e o design, que faz com que o edifício conte com diversas obras de arte no seu interior e exterior; e, ofertas pensadas para facilitar o quotidiano dos colaboradores e tornar o edifício o mais completo possível, tal como é exemplo o ginásio gratuito para colaboradores, que proporciona uma opção conveniente para a prática de exercício físico, ajudando os inquilinos a ter uma vida equilibrada.
Além do IDB Lisbon, a Jamestown gere também em Lisboa (em parceria com a Factory) a Factory Lisbon, que está totalmente ocupada. Fale-nos um pouco sobre este espaço?
A Factory Lisbon é um campus de inovação e empreendedorismo situado no Beato Innovation District, um ecossistema vibrante e criativo que visa transformar a área ribeirinha de Lisboa num centro de excelência em inovação. O espaço foi projetado especificamente para acolher startups e empresas tecnológicas e criativas, oferecendo espaços de trabalho adaptáveis e modernos que incentivam a colaboração e a inovação. A sua localização, à beira-rio, não só proporciona vistas deslumbrantes, mas também um ambiente inspirador e energizante para os seus ocupantes. Este projeto combina ainda a riqueza histórica com a modernidade, estando instalado no edifício histórico da antiga Manutenção Militar. Esta fusão de passado e presente confere ao espaço um charme único, que atrai tanto empresas emergentes quanto estabelecidas.

Este ambiente colaborativo é essencial para fomentar a criatividade e o crescimento, tornando-se um ponto focal para a inovação em Lisboa e exemplifica como a reabilitação de espaços históricos pode ser utilizada para impulsionar o desenvolvimento económico e social.
A Factory Lisbon não é apenas um local de trabalho, mas uma parte integral de um ecossistema maior que promove a interconexão e a troca de ideias entre diversas empresas e setores.
Estes são os dois únicos ativos/investimentos da Jamestown em Portugal, certo? A empresa tem em vista novos investimentos em imobiliário comercial no país? Se sim, quais? Habitação pode ser uma aposta, o build-to-rent, por exemplo)?
Sim. Neste momento, o IDB Lisbon – Innovation & Design Building Lisbon e a Factory Lisbon são os únicos projetos que a Jamestown tem em Portugal.
Continuamos a ver Portugal como um país atrativo para investir, dada a sua elevada qualidade de vida, acessibilidade internacional e mão de obra altamente qualificada e multilingue. Consequentemente, o mercado imobiliário português oferece uma variedade de segmentos atrativos com potencial de retorno a longo prazo. O nosso foco está em Lisboa, onde pretendemos procurar por empreendimentos de utilização mista que sejam verdadeiras oportunidades de trazer valor acrescentado, e onde possamos criar hubs verticais em torno de clusters de inovação, especialmente na área da tecnologia climática.

Consideramos que existem oportunidades interessantes no segmento de escritórios, nomeadamente na requalificação e em estratégias manage-to-green, bem como na requalificação de utilização mista de maior dimensão em submercados em ascensão, que se destinam a inquilinos inovadores. Tendo em conta a escassez estrutural da oferta residencial em Lisboa, estamos também interessados em oportunidades residenciais onde possamos otimizar os custos de construção de raiz, bem como em projetos de requalificação.
O ambiente colaborativo é essencial para fomentar a criatividade e o crescimento. A reabilitação de espaços históricos pode ser utilizada para impulsionar o desenvolvimento económico e social.
Quanto é que a Jamestown já investiu, até à data, em Portugal e quanto prevê investir nos próximos anos? Era o valor previsto inicialmente?
Preferimos não falar de valores, neste momento.
A pandemia trouxe muitas mudanças no mercado de trabalho, tendo o teletrabalho e o regime híbrido ganho expressão. Mas parece haver agora uma tendência de “regresso aos escritórios”. Concorda com esta visão? Porquê?
A força de trabalho atual procura mais do que um espaço de trabalho e tem de ter condições atrativas para se sentir motivada em deslocar-se até ao escritório: a criação de uma comunidade, a construção de um ambiente colaborativo com um sentido de lugar distintivo, a flexibilidade proporcionada pelos espaços partilhados, espaços versáteis que deem resposta aos seus diferentes propósitos, e onde possam conjugar a sua vida profissional com o lazer e bem-estar. Assim, é importante que as empresas estejam atentas de modo a conseguir disponibilizar-lhe essa oferta.
Em suma, a tendência de regresso aos escritórios está a ser impulsionada pela procura de ambientes de trabalho que oferecem mais do que um simples espaço físico, mas sim uma comunidade colaborativa, flexível e tecnologicamente avançada. A Jamestown está comprometida em criar esses espaços, que respondem às expectativas modernas e promovem um sentido de comunidade e inovação.
Estamos também interessados em oportunidades residenciais onde possamos otimizar os custos de construção de raiz, bem como em projetos de requalificação.
O segmento de escritórios em Portugal continua a ser aliciante e rentável para os investidores? Porquê?
Sim, o segmento de escritórios em Portugal continua a ser atrativo para investidores, face à combinação atrativa que oferece: qualidade de vida, talento qualificado e custos operacionais baixos, em comparação a outros mercados, o que impulsiona a procura por espaços modernos e bem localizados. Isto tem-se verificado no aumento da procura deste mercado por startups e multinacionais que pretendem instalar os seus centros globais de serviços em Portugal.
Portugal é visto pelos investidores estrangeiros como um país seguro, mas instável em termos legislativos, o que poderá fazer com que olhem para outras geografias. Partilha desta visão ou considera que Portugal continua a ser um destino atrativo para os investidores imobiliários?
Portugal continua a ser um destino atrativo para os investidores imobiliários. Diversos fatores contribuem para esta atratividade, nomeadamente o seu valor a longo prazo, a elevada qualidade de vida, a acessibilidade internacional e uma mão de obra altamente qualificada e multilingue. Estes elementos fortalecem o mercado imobiliário português, oferecendo uma gama de segmentos atrativos com potencial de retorno a longo prazo. Especificamente em Lisboa, verifica-se mais oportunidades no mercado residencial e na conversão de espaços para uso residencial, impulsionado pela escassez estrutural de oferta habitacional.
Os segmentos de escritórios e de uso misto apresentam-se como particularmente promissores.
Além do segmento residencial, os segmentos de escritórios e de uso misto apresentam-se como particularmente promissores. A capital portuguesa está a tornar-se um hub de inovação, o que atrai empresas e startups interessadas em desenvolver e expandir as suas atividades localmente. No que à Jamestown diz respeito, estamos atentos ao mercado e à sua conjuntura, e os segmentos de escritórios e de uso misto continuam a ser os mais promissores e aqueles nos quais temos interesse.
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