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Banca estrangeira aposta no negócio das casas em Portugal
idealista/news

Os bancos europeus, nomeadamente os alemães e os holandeses, estão a sondar promotores imobiliários em Portugal, oferecendo financiamento para novos projetos, até agora parados por falta de crédito. Os bancos estão a ser atraídos pelo “boom” do mercado e pelos spreads mais altos.

Segundo o Diário de Notícias/Dinheiro Vivo, que cita uma fonte do mercado imobiliário, os contactos estão a acontecer junto de “property advisors”. “Pedem-nos que sejamos uma espécie de ponte com os promotores para anunciar que há interesse em conceder crédito. É bom para as empresas que não encontram alternativas viáveis junto da banca portuguesa e é bom para os bancos estrangeiros, que nos países de origem financiam a construção com spreads de 1% e aqui podem ganhar taxas de 3%”, explica a referida fonte.

Luís Lima, presidente da APEMIP, confirmou, de resto, que há de facto “vontade dos bancos estrangeiros em financiar a construção em Portugal”, uma situação que lhe agrada: “Pela saúde do mercado, equilíbrio de preços e até redução da especulação que infelizmente começa a surgir é importante que haja nova construção”.

A APEMIP estima que a banca nacional esteja a conceder apenas 5% do crédito que circulava antes da crise. E o Banco de Portugal confirma o cenário, já que em dezembro de 2012 contavam-se 19.983 milhões de euros para a construção, bem mais que o montante verificado no mesmo mês de 2016: 11.049 milhões de euros. E, apesar da recuperação, o crédito às empresas de construção baixou 14,3% e está em mínimos de 16 anos.

“A construção ainda é vista em Portugal como um setor de risco e, estando os bancos portugueses mais pressionados em termos de rácios de capital, têm mais dificuldade em conceder empréstimos. A carteira de crédito malparado na construção é muito elevada. Os bancos estrangeiros, de maior dimensão, têm maior capacidade para oferecer crédito”, explica fonte da banca, citada pela publicação.

Portugal é um mercado atrativo

Também Reis Campos, presidente da AICCOPN, considera que o interesse da banca estrangeira é "uma consequência natural, num mercado imobiliário que está consolidado e que é atrativo à escala internacional”. “Se a banca residente não tem capacidade para dar resposta aos desafios que se colocam, é normal que a banca estrangeira se posicione para captar novos clientes”, afirmou.

A construção nova caiu em flecha desde 2001, ano em que se licenciavam 114 mil novos fogos e o setor empregava 900 mil pessoas. O mínimo foi batido em 2014, com 6.785 casas. Em 2015 e 2016, já sem a Troika, houve um crescimento de 21% e 38%, respetivamente, e só no ano passado foram criados 27 mil empregos e concluíram-se 11.344 casas novas. Este ano, a construção de edifícios deverá crescer 3,1%. “Mas 11 mil casas novas é muito pouco. São 10% do volume de 2001”, adiantou Reis Campos.

Os bancos com maior perfil de financiamento ao setor da construção e imobiliário eram, antes da crise financeira, a Caixa Geral de Depósitos e o BES. Hoje são os bancos espanhóis os que mais concedem crédito para este fim em Portugal. Mas os alemães e holandeses estão atentos às oportunidades de negócio num mercado imobiliário em rápida expansão, à boleia do “boom” do turismo.

“Neste momento, fruto da atratibilidade do imobiliário e do crescimento exponencial do turismo, estamos a assistir a uma maior procura de habitações, sobretudo nos centros de algumas cidades”, disse Reis Campos. Um fenómeno que levou a que os preços pedidos pelas casas disparasse 28% num ano. “A procura de casa cresceu 20% nos primeiros meses e poderá chegar aos 30% até final do ano. Começa a haver escassez de oferta de qualidade. Precisamos urgentemente de nova construção”, alertou Luís Lima. 

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