Construtoras e promotoras de casas estão sob pressão dos reguladores para absorver os custos adicionais, segundo a Fitch.
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Casas sustentáveis em Portugal
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Os objetivos da Comissão Europeia (CE) em matéria de sustentabilidade estão traçados. E no que diz respeito ao setor da construção e do imobiliário são bem ambiciosos: “Alcançar um parque imobiliário com emissão zero até 2050”, aponta na nova diretiva. Esta transição energética é necessária, mas traz “custos significativos” para as construtoras e promotoras imobiliárias, segundo aponta a agência de rating Fitch. Estarão as empresas pressionadas em absorver estes custos ou irão acomodá-los nos preços finais das casas, fazendo-os subir ainda mais?

Até alcançar a neutralidade carbónica em 2050 há um longo caminho a percorrer. E a CE na revisão da Diretiva de Desempenho Energético dos Edifícios coloca várias metas intermédias aos Estados-membros, entre as quais estão:

  • Introdução de novos padrões mínimos de desempenho energético: no caso dos edifícios residenciais de pior desempenho deverão ser renovados para ter classificação de grau F até 2030 e, pelo menos, classe E até 2033;
  • Foco na descarbonização: todos os edifícios novos deverão ter emissões zero a partir de 2030;

Este é, portanto, um desafio colocado à construção já hoje, já que "os projetos habitacionais a concluir em 2030 estão a ser discutidos hoje”, recordou presidente da APPII, Hugo Santos Ferreira, na conferência que decorreu no Salão Imobiliário de Portugal a propósito desta matéria. Na sua visão as perspetivas não são animadoras, porque “as diretivas europeias não estão devidamente adequadas à realidade nacional”. E, por isso, antevê que, nesta matéria, “a Europa vai passar pela vergonha de chegar a 2030 e nada estar feito”.

Construir casas eficientes
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Reguladores fazem pressão para que empresas absorvam custos

Outra questão colocada é mesmo o aumento dos preços da construção de habitações sustentáveis. “As empresas que operam na área residencial estão sob pressão mais direta dos reguladores para absorver os custos adicionais da transição”, diz a Fitch citada pelo Dinheiro Vivo. Ou seja, por outras palavras, construir casas tendo em conta os critérios de sustentabilidade da CE sai mais caro e caberá às construtoras e promotoras imobiliárias absorver os custos por pressão da CE. E quando se trata de construir habitação acessível a pressão de absorver estes custos é ainda maior, apontam ainda.

Mas que mudanças nos projetos residenciais estamos a falar para tornar as casas mais eficientes? Segundo enumera a mesma agência trata-se de incorporar:

  • melhores isolamentos térmicos;
  • apostar em iluminação natural;
  • eletrodomésticos de baixo consumo;
  • sistemas de aquecimento e de refrigeração mais eficientes em termos energéticos;
  • pontos de carregamento de veículos elétricos.

Estas mudanças nos projetos na União Europeia implicam, segundo diz o estudo da Fitch citada pelo mesmo meio, "um nível muito elevado de custos e longos prazos para o retorno dos investimentos”.

Também Miguel Cabrita, Board Member na Mexto Property Investment, partilhou na mesma conferência que incorporar os critérios de sustentabilidade nos empreendimentos habitacionais tem “um impacto nos custos elevado” e adianta ainda que “não é fácil de gerir”, considerando mesmo este um “desafio difícil”, porque “na fase de projeto é uma coisa e na obra, com os empreiteiros, não é bem possível aplicar o que foi delineado”.

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