Ocupação de escritórios, logística e de retalho continua dinâmica no Grande Porto. E investimento imobiliário está a "consolidar".
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Imobiliário no Grande Porto
Cushman & Wakefield

A subida dos juros e a alta inflação agitou bem as águas da economia portuguesa durante 2022. Mas o imobiliário mostrou, uma vez mais, a sua resiliência a situações de crise. Foi isso mesmo que se observou no Grande Porto, que se reafirmou enquanto destino de eleição para avançar com atividades turísticas, de retalho, escritórios, logística e ainda investimento imobiliário. E em 2023 estes mesmos setores continuam a dar provas de resiliência, evidenciado a atratividade na região para os negócios imobiliários.

“Em 2022, o mercado imobiliário do Porto registou volumes de procura transversalmente positivos, com o primeiro trimestre de 2023 a evidenciar resiliência em diversos setores”, como os escritórios, turismo e retalho, a par do investimento imobiliário, aponta a última edição do “Porto Market Update”, publicado pela Cushman & Wakefield.

Mas este “maior dinamismo” observado no imobiliário do Grande Porto “continua a ser parcialmente condicionado pela escassez de oferta de produto de qualidade adequado aos atuais critérios da procura, a qual deverá ser gradualmente colmatada, à medida que novos projetos entram no mercado”, acredita Andreia Almeida, associate e diretora de Research & Insight da Cushman & Wakefield, citada em comunicado.

Assim evoluíram as diferentes atividades do imobiliário comercial no Grande Porto no arranque de 2023, de acordo com o mesmo documento:

  • Escritórios: a ocupação de espaços tem vindo a recuperar gradualmente, tendo em 2022 sido transacionados 58.500 m2 (+3% face ao ano anterior). No arranque de 2023 evidencia um acelerar desta tendência (+22% em termos homólogos). Entre os maiores negócios realizados desde 2022 estão os arrendamentos no Porto Business Plaz e a ocupação pelo coworking Spaces (grupo IWG) no Joana D’Arc (4.500 m2). Perante a procura de espaços de escritórios de qualidade, há nova oferta projetada para os próximos três anos (131.200 m2), como é o caso do segundo edifício do projeto ICON Offices da Civilria, a componente de escritórios da reconversão do antigo Matadouro de Campanhã, e a futura sede da Liga Portugal;
  • Retalho: foram registadas 140 novas aberturas em 2022 (+40% face a 2021). Já no início de 2023, registou-se um abrandamento deste crescimento, para 6% em termos homólogos, com 35 operações. O comércio de rua manteve a "primazia", com a Baixa a concentrar 23% da nova oferta nos últimos 15 meses, zona esta que tem registado algumas obras de reabilitação, como o renovado Mercado do Bolhão e o projeto Bonjardim;
  • Logística: depois de se registar um abrandamento de atividade em 2022, com 106.200 m2 colocados (-32%), o arranque de 2023 tem sido mais dinâmico para a logística do Grande Porto - em termos homólogos subiu 2%. A maior transação desde 2022 corresponde à ocupação própria pela Olicargo de 33.800 m2 no Centro Logístico de Ribeirão (Vila Nova de Famalicão). Há também nova oferta de espaços logísticos a surgir no Norte do país, como por exemplo na Zona Industrial da Ermida (Santo Tirso), o Panattoni Park (Valongo), o Valongo Business Park e o Gaia Park;
  • Hotelaria: a cidade do Porto registou uma recuperação da atividade ao longo de 2022, inclusive com o número de dormidas em alojamentos turísticos que duplicou para valores acima de 2019. O primeiro trimestre de 2023 indicia uma manutenção desta tendência (+63% nas dormidas). Desde 2022, a cidade contou com mais 740 quartos em 11 novas aberturas de hotéis (quase todos de 4 estrelas). A oferta futura estimada para os próximos 3 anos totaliza cinco novos hotéis com 460 quartos (metade deles de 5 estrelas).
Comércio de rua no Porto
Foto de Magda Ehlers no Pexels

Rendas do imobiliário comercial a subir por falta de oferta

O que o Porto Market Update também revela é que as rendas do imobiliário comercial estão a subir por efeito da falta de oferta ajustada às necessidades da procura. Isto é visível tanto nos escritórios, como no retalho e na logística.

No caso dos escritórios, a maioria das zonas do Porto viu as rendas médias a subir à exceção das rendas prime no CBD Boavista, que se mantiveram estáveis nos 18 euros/m2/mês desde 2018.

“Em 2022, as rendas prime no comércio de rua registaram um aumento dos valores praticados na Baixa, por influência de um aumento da procura e escassez de oferta. Nas restantes zonas, assim como no formato de centros comerciais, os valores mantiveram-se estáveis, tendência que se manteve de forma transversal durante o primeiro trimestre de 2023”, explicam no documento.

Também por influência da falta de oferta, as rendas dos espaços de logística registaram um aumento transversal em 2022, estabilizando no primeiro trimestre de 2023.

Imobiliário comercial no Grande Porto: investimento está a “consolidar”

No Grande Porto, o investimento imobiliário está a “percorrer uma trajetória de consolidação, num contexto de alguma escassez de oferta de produto de investimento institucional”, explicam no documento. Desde 2022 foram transacionados 267 milhões de euros em imobiliário comercial, dos quais somente 1 milhão de euros entre janeiro e março de 2023. E os investidores nacionais ganharam peso, passando a representar 38% do volume investido desde 2022.

Estes foram os setores do imobiliário comercial em que mais se investiu no Grande Porto durante o ano passado:

  • Hotelaria: 164 milhões de euros (61% do total), “por influência de diversas transações de dimensão relevante”;
  • Retalho: 49 milhões de euros (18%);
  • Escritórios (11% do total);
  • Logística (9% do total)  
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