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Siza Vieira diz que Portugal atravessa momento de “paragem” na habitação social

O arquiteto Siza Vieira considera que Portugal vive um momento de “paragem” na habitação social e que um programa como o Serviço Ambulatório de Apoio Local (SAAL), desenvolvido no pós-25 de abril, é “irrepetível”.

O conceituado arquiteto, que foi convidado a participar num evento que decorreu na Associação de Moradores do Bairro da Bouça, e que teve o SAAL como principal enfoque, mostrou-se pouco crente na possibilidade de assistir atualmente a um processo semelhante. “Possível é, mas não estão a ser criadas condições para isso. O que se verifica de um modo geral, em relação à habitação social, é que há uma paragem. É muito reduzido o que se faz e não só em Portugal”, lamentou.

Citado pela Lusa, Siza Vieira referiu que “a inviabilidade do SAAL começou quando o projeto começou a mexer com os problemas da cidade” (o programa durou apenas entre 1974 e 1976), mas admitiu que viu com enorme “satisfação” o projeto do Bairro da Bouça ser concluído em 2006 – estava parado desde 1979. O arquiteto assumiu, no entanto, que o princípio que norteou a criação do mesmo acabou por não ser cumprido na totalidade.

"Houve, como aqui foi mencionado, algumas pessoas que gostavam de vir para cá e que não conseguiram chegar às condições que foram impostas para a venda das casas", referiu. Ainda assim, defende, "não se perdeu tudo" porque "a maneira de encarar a habitação social não foi a mesma desde que houve o SAAL".

Este foi o primeiro de quatro encontros de cariz “ambulatório” que vão decorrer em quatro bairros construídos no âmbito do SAAL- Norte (Bouça, Leal, Antas e São Vítor), no contexto da exposição “O Processo SAAL: Arquitetura e Participação”, que o Museu de Serralves está a apresentar.

O SAAL surgiu na sequência da revolução de 1974 por iniciativa legislativa do então secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, Nuno Portas, tendo por objetivo envolver as populações que residiam em condições precárias na resolução dos seus problemas habitacionais, junto do Estado e das brigadas que punham o projeto no terreno. Envolveu arquitetos como Siza Vieira, Souto de Moura ou Gonçalo Byrne.

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