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Sócrates: Ligações de ex-primeiro ministro com construtora brasileira Odebrecht investigadas
GTRES

O procurador Rosário Teixeira e a equipa da Autoridade Tributária que lideram a investigação da Operação Marquês estão a investigar as relações do ex-primeiro-ministro José Sócrates com a construtora brasileira Odebrecht, ligada a Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil.

De acordo com o i, foi a empresa que convidou Lula da Silva a vir a Portugal em outubro de 2013, para a comemoração dos 25 anos de presença em Portugal. As ligações suspeitas não terminam, no entanto, por aqui, já que a Odebrecht é dona da Bento Pedroso Construções, que integrou vários consórcios que venceram obras públicas enquanto José Sócrates foi chefe de Estado.

A publicação escreve que a Bento Pedroso Construções – comprada há 26 anos pela Odebrecht, mas só passou a chamar-se Odebrecht Portugal em 2013 – integrava, por exemplo, o Consórcio Elos, que venceu o concurso para a construção do TGV entre Poceirão e Caia. Deste consórcio, liderado pela Brisa e pela Soares da Costa, também fazia parte o grupo Lena, de que Carlos Santos Silva – o amigo suspeito de ser o testa de ferro de Sócrates – foi administrador. O projeto foi depois inviabilizado por Pedro Passos Coelho, atual primeiro-ministro. 

Agora, o consórcio que ganhou a adjudicação para a construção e exploração do troço reclama em tribunal um pedido de indemnização ao Estado no valor de 169 milhões de euros, montante que reclama ter despendido com a construção e expropriações. 

A construtora em causa integrou ainda o consórcio liderado pela Brisa que venceu a concessão do Baixo Tejo, uma das oito Parcerias Público-Privadas Rodoviárias (PPPR) lançadas por José Sócrates. O grupo Lena também fazia parte do agrupamento. A concessão do Baixo Tejo, situada na zona metropolitana de Lisboa, foi outorgada por um período de 30 anos, depois de ser avaliada em 110 milhões de euros.

A Bento Pedroso Construções juntou-se ainda a outro agrupamento nos concursos das PPP rodoviárias. Foi o caso da concessão da via rodoviária da Grande Lisboa, desta vez liderada pela Mota-Engil. O consórcio era composto por esta construtora, pela OPCA, pelo BES e pela construtora portuguesa que era detida pelos brasileiros da Odebrecht. O investimento estava orçamentado em 292 milhões de euros. Em contrapartida, o consórcio recolheria as receitas durante 30 anos. 

Em 2008, a Bento Pedroso Construções, juntamente com a Lena Engenharia Construções, assinaram em Bragança um contrato para a construção da barragem do Baixo Sabor, no valor de cerca de 257 milhões de euros, numa cerimónia encabeçada por José Sócrates e pelo então ministro da Economia Manuel Pinho. 

De acordo com o i, que cita fontes próximas do processo, as suspeitas de corrupção a incidir sobre o José Sócrates – em prisão preventiva há 60 dias no Estabelecimento Prisional de Évora – não se limitam aos negócios que terão favorecido o grupo Lena, havendo outras empresas e outras ligações sob suspeita. 

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