Os terrenos da antiga Feira Popular de Lisboa ficaram sem comprador na primeira hasta pública, a 20 de outubro. O problema pode ter sido a avaliação que foi realizada ao espaço, que não terá tido em conta o tipo de oferta, a procura e os possíveis investidores interessados.
Segundo Frederico Borges de Castro, diretor de avaliações da consultora CBRE, a grande dificuldade dos avaliadores que não se encontram ligados a mediadoras é a obtenção da informação que lhes permita avaliar dentro da realidade de mercado. “Não pode haver exemplo mais flagrante desta situação como o recente caso da Feira Popular”, disse, em declarações ao Diário Económico, numa altura em que a nova lei das avaliações de imóveis está prestes a entrar em vigor.
“O espaço deverá ter sido avaliado por algumas empresas, nenhuma delas ligada ao mercado imobiliário, e no fim a Câmara Municipal de Lisboa fez uma média que considerava como preço base para levar a hasta pública”, referiu o responsável. “O resultado foi um desastre completo. Nenhum investidor teve dúvida de que o preço base de quase mil euros por m2 era irreal, pois resultaria em taxas de rentabilidade baixíssimas e inaceitáveis”, explicou.
Fonte oficial da Câmara Municipal de Lisboa disse, citada pela publicação, que “não compete ao município fazer comentários sobre declarações que não conhece em detalhe de responsáveis de empresas de avaliação”. A mesma fonte revela que a CBRE “foi consultada no procedimento de contratação lançado pela autarquia para assessoria na promoção internacional da hasta pública”, mas “optou por não responder ao convite”.
Segundo a autarquia, houve “cinco avaliações de mercado, todas a cargo de empresas de reconhecido mérito na área de avaliação imobiliária e certificadas pela CMVM, a saber, Colliers International, UON Consulting, Prime Yield, Garen e Engivalor”.
Para Frederico Borges de Castro, não está em causa a credibilidade destas avaliações: “Fazer uma avaliação teórica de um ativo de baixo valor como um apartamento ou uma moradia é uma coisa, mas de um projeto da dimensão da Feira Popular é outra. Este tipo de projeto não pode ser avaliado na base do m2”.
Os terrenos da antiga Feira Popular, situados em Entrecampos e que tem cerca de 143.000 m2, foram a hasta pública, a 20 de outubro, com um valor base de licitação de 135,7 milhões de euros, mas não houve interessados. Está agora em vigor um segundo prazo para apresentação de propostas, que termina às 17 horas de 2 de dezembro. A hasta pública está prevista para dia 3 de dezembro, às 10 horas.
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