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Passive House em Ílhavo
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Portugal já começou a aderir à moda internacional das chamadas Passive Houses (casas passivas) que se distinguem por um melhor conforto, eficiência e desempenho, nomeadamente, a nível energético. Inspiradas num conceito que chega da Alemanha, há três casas destas no país e outras 15 em construção, mas é preciso "continuar a divulgar o conceito Passive House", segundo João Marcelino, presidente da Associação Passivhaus Portugal.

É com esse objetivo que a Associação Passivhaus Portugal organiza pelo terceiro ano a Conferência Passivhaus Portugal. A edição de 2015, aberta ao público em geral, acontece amanhã e sábado, no centro cultural e de congressos de Aveiro e o responsável aproveita a oportunidade para explicar tudo sobre o tema em entrevista ao idealista/news.

Uma casa mais cómoda, que gasta menos energia e custa o mesmo a construir? Assim é uma Passive House
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Quais as expectativas para a edição deste ano?

Nesta 3ª Conferência Passivhaus Portugal 2015 pretendemos dar sequência ao trabalho realizado nas duas primeiras, ou seja, continuar a divulgar o conceito Passive House em Portugal mostrando exemplos de edifícios e de soluções bem como fomentar a discussão em temas essenciais e que estão na ordem do dia, como a definição dos edifícios de necessidades quase nulas de energia, os NZEB, e as alterações climáticas.

Pretendemos também aumentar o número de participantes, que no ano passado foi de perto de 200, e estamos no bom caminho para ultrapassar esse valor. 

O que é uma Passive House e como nasceu este conceito?

Podemos definir uma Passive House (casa passiva) como um edifício que é confortável, com temperaturas entre 20º e 25ºC e boa qualidade do ar interior; energeticamente eficiente, com poupanças de energia para aquecimento e arrefecimento de 75% a 90%; economicamente acessível, devidos às poupanças geradas na operação do edifício; e sustentável, devido à redução drástica das emissões de CO2 por via do menor consumo energético. 

"Casa passiva? Um edifício confortável, eficiente e sustentável"

O conceito surgiu na Alemanha a partir de um projeto de investigação liderado pelo professor Wolfgang Feist e que teve como objetivo a construção de quatro moradias com o máximo de eficiência energética, concluídas em 1991.

O que se pode dizer a uma pessoa que nunca ouviu falar em Passive Houses?

Mais do que dizer ou explicar, podemos convidar essa pessoa a experimentar. Na Costa Nova, há a primeira casa passiva certificada no setor do turismo em Portugal.

Uma casa mais cómoda, que gasta menos energia e custa o mesmo a construir? Assim é uma Passive House
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(Passive House na Costa Nova)

O que distingue uma Passive House de uma “casa normal”?

A qualidade de vida proporcionada por um edifício confortável e com boa qualidade do ar e com consumos energéticos extremamente reduzidos.

"O que distingue uma Passive House de um edifício convencional é a qualidade de vida proporcionada por um edifício confortável e com boa qualidade do ar e com consumos energéticos extremamente reduzidos"

O grande fator de diferenciação de uma Passive House é mesmo o desempenho. 
 
Trata-se de um conceito usado com frequência em países nórdicos? Quando chegou a Portugal?

O conceito Passive House está mais fortemente disseminado no centro da Europa, mas tem estado progressivamente a ser implementado noutros locais com outras condições climáticas, como Portugal.

É possível afirmar que há mais pessoas interessadas nas casas sustentáveis, nomeadamente nas Passive Houses? 

Sim. Está claramente a crescer o mercado para a Passive House. Este trabalho de disseminação é recente, iniciou-se em 2013, mas já existe a perceção do valor criado pela aplicação do conceito tanto na construção nova como na reabilitação.
 
É uma solução a ter em conta no presente e no futuro do setor da construção e do imobiliário porque...
 
…Se trata de um produto de elevada qualidade e de um investimento seguro. Os recursos aplicados num edifício, quer seja numa construção nova ou numa reabilitação, são sempre significativos quer se trate de um agregado familiar, de uma empresa, do Estado, etc. Ou seja, a construção é sempre vista como um custo e não como um investimento e atualmente há uma preocupação crescente no modo como são investidos os recursos.

Uma Passive House oferece uma possibilidade de investimento seguro num produto que proporciona uma grande qualidade de vida, claramente percecionada em termos do conforto térmico e acústico e da qualidade do ar interior.

"Uma Passive House oferece uma possibilidade de investimento seguro num produto que proporciona uma grande qualidade de vida"

É normal que haja tão poucas casas destas em Portugal?

Há já três Passive Houses certificadas em Portugal, duas moradias em Ílhavo e uma unidade de alojamento local na Costa Nova, também no concelho de Ílhavo.

É normal que que a concretização destes projetos leve algum tempo até serem implementados, porque primeiro há que formar os técnicos, quer sejam os projetistas e consultores bem como os especialistas e técnicos de obra.

Neste momento há já cerca de 15 Passive Houses em diferentes fases de desenvolvimento um pouco por todo o país, uma vez que já estão criadas as bases para a sua implementação.
 
Quais os custos inerentes à construção de uma Passive House? 

Uma Passive House, como qualquer outro produto de elevada qualidade, obriga a que a qualidade seja garantida em todas as fases do seu processo, desde os estudos e projetos passando pela construção e monitorização e pela correta conjugação de componentes de elevada qualidade.

No entanto, as decisões mais importantes para a otimização da relação custo benefício da Passive House devem ser tomadas nas fases iniciais do processo, como por exemplo questões como a orientação do edifício, o sombreamento provocado pela envolvente ou a compacidade do edifício. E estas medidas não têm um custo adicional. Apenas estão relacionadas com a racionalidade aplicada ao projeto.

Daí que seja possível construir uma Passive House sem que haja um acréscimo no custo de construção, mas é aceite como normal um acréscimo de 5% em relação a um edifício convencional.

"É possível construir uma Passive House sem que haja um acréscimo no custo de construção"

A grande vantagem económica da Passive House ocorre na operação do edifício. O investimento num edifício é algo que não se esgota na sua construção. Ele vai gerar consumos constantes ao longo de 30, 40, 50 anos ou até mais. E na análise do ciclo de vida os custos da operação do edifício são muitíssimo mais relevantes que um eventual custo adicional.

Quais os requisitos para construir uma Passive House? Pode ser construída em qualquer tipo de solo, por exemplo?

A Passive House assenta no desempenho, que terá de cumprir os requisitos estabelecidos para as necessidades de energia do edifício para o aquecimento, arrefecimento e desumidificação, estanquidade ao ar da envolvente e para toda a energia primária utilizada no edifício.

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