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As cartas de despejo da Fidelidade fizeram soar o alarme entre os vários inquilinos da seguradora que, depois do alerta, se decidiram juntar para comprar as casas onde vivem. Exemplo disso são os moradores dos números 54 e 42 da Rua do Forno do Tijolo, em Lisboa, que já fizeram seguir duas propostas para aquisição dos prédios onde moram há vários anos.

"Contactámos a seguradora, que nos disse que as cartas iriam chegar com o fim dos contratos, e isso, para nós, representou imediatamente a expulsão da cidade. Tivemos de perceber de que forma poderíamos travar estes processos e surgiu a opção da compra", adiantou Tiago Hespanha, um dos inquilinos do número 54, ao Diário de Notícias. “E importante perceber que não estávamos compradores, tornámo-nos compradores por necessidade, para manter as nossas casas”, ressalvou.

O número 54 possui dez apartamentos e quatro lojas, ocupados por nove inquilinos e três lojistas. Os arrendatários, segundo a referida publicação, pagam rendas que variam entre os 400 e os 1.000 euros. A mobilização de moradores deste prédio acabou por se estender aos vizinhos do número 42, onde ainda não chegaram cartas de não renovação ou “convites à saída”. O alerta, ainda assim, levou-os a tomar uma atitude. "Resolvemos organizarmo-nos para a aquisição do edifício, no fundo significa que antecipámos um direito de preferência que é nosso enquanto arrendatários", disse Alexandra Amolly, moradora e representante do número 42.

As propostas de compra já avançaram, mas não são conhecidos os seus valores. Os inquilinos reconhecem que os valores oferecidos estão muito longe de competir com os preços praticados atualmente no mercado imobiliário português. No entanto, esperam que o direito de preferência dos inquilinos funcione como ponto a favor. “Não somos especuladores imobiliários, somos moradores a lutar pelas casas onde muitos já vivem há mais de 40 anos”, sublinhou Tiago.

De recordar as palavras da secretária de Estado da Habitação, Ana Pinho, que se mostrou “muito confiante” com a reavaliação dos despejos por parte da seguradora que deverá, ainda este mês, dar uma resposta. A Fidelidade prometeu ao Governo rever a sua estratégia habitacional, tendo em conta os novos instrumentos da Nova Geração de Políticas de Habitação, cujo pacote legislativo deverá ser apresentado ainda este mês.

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