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Até as famílias com rendimentos acima da média estão a sentir dificuldades para comprar casa em Lisboa. A verdade é que um salário conjunto de 4.000 euros líquidos já não dá garantias de acesso ao crédito à habitação. A subida de preços do metro quadrado (m2) no centro da cidade estará na origem deste cenário.

Uma família cujo rendimento líquido seja de 4.000 euros por mês só conseguiria financiamento para comprar uma casa de 120 metros quadrados (m2) em metade das 24 freguesias de Lisboa, segundo as contas da plataforma ComparaJá.pt, citadas pelo Diário de Notícias.

Quer isto dizer que nas restantes freguesias o crédito seria dificultado ou até mesmo negado pelo banco, por ultrapassar a taxa de esforço recomendada. O Banco de Portugal (BdP) definiu limites para as taxas de esforço das famílias, que não deverão assumir encargos superiores a 50% do seu rendimento líquido mensal.

Nas três principais freguesias da capital – Misericórdia, Santo António e Santa Maria Maior –, a taxa de esforço para um empréstimo a 25 anos, com uma entrada inicial de 20% do valor do imóvel e uma taxa de juro média de 2,3%, ultrapassa os 60%, segundo as simulações feitas pela referida plataforma, e tendo em conta um rendimento líquido mensal de 4.000 euros.

"Em Lisboa, notamos que a taxa de esforço é uma das grandes dificuldades para quem tenta comprar casa, porque o banco não aprova os créditos. Se as famílias não tiverem capital próprio ou salários líquidos muito elevados não conseguem, neste momento, comprar casa no centro", disse Sérgio Pereira, CEO do ComparaJá.pt, à referida publicação.

A subida do preço do m2 no centro histórico de Lisboa pode explicar este cenário, que já é uma realidade em outras cidades europeias, de acordo com Sérgio Pereira. O responsável deu como exemplos as cidades de Londres, Paris e Frankfurt.

“Nessas cidades, uma família com um salário equivalente também não consegue comprar casa no centro. Lisboa está agora a chegar a esse patamar. Não acho que esta situação seja uma bolha que vá rebentar. O paradigma mudou. A subida dos preços até pode abrandar, porque não será sustentável continuar a crescer a este ritmo, mas temos de aceitar que Lisboa entrou neste campeonato e vai manter-se nele de agora em diante", rematou.

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