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Com os preços das casas a começar a cair, é hora de vender?
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Depois da euforia dos últimos anos, os preços das casas em Portugal estão a baixar, caminhando para a estabilização. O investimento no mercado residencial começa a “perder dinâmica”, numa altura em que a procura está mais fraca e a dar sinais de abrandamento. A falta de produto ainda continua a exercer pressão sobre os preços, mas menos que antes, também devido à cada vez maior tendência de oferta a nível de nova construção. Com esta mudança de ciclo à vista, será o momento de começar a pensar em vender a casa?

Os preços das casas estão a estabilizar. É esta a conclusão do inquérito RICS/Ci Portuguese Housing Market Survey (PHMS), realizado pela Confidencial Imobiliário e pelo RICS junto de cerca de 150 profissionais do setor imobiliário. Os resultados mostram que o mercado residencial não só está a arrefecer, como “continua a perder dinâmica, registando em abril um abrandamento quer na procura quer nas vendas", refere o comunicado das duas entidades, acrescentando que “não obstante a falta de oferta continuar a exercer alguma pressão sobre os preços, estes começam a evidenciar alguns sinais de estabilização”.

Em termos da procura, o inquérito de abril revela uma descida nas consultas por potenciais clientes - um saldo líquido de -7% dos inquiridos refere um declínio nas novas consultas e este é já o sétimo mês de variações negativas. “As vendas acordadas também desceram pelo segundo mês consecutivo a nível nacional, apresentando, quando desagregadas a nível regional, uma tendência de queda em Lisboa e no Algarve, mas mantendo-se estáveis no Porto”, refere o comunicado.  

Pouca oferta não faz disparar preços com antes

Apesar de a oferta ter voltado a cair em abril (o indicador atingiu a leitura mais baixa desde dezembro do ano passado), “o crescimento dos preços continuou a suavizar a nível nacional”, sendo que apenas “um saldo líquido de +7% dos inquiridos reportou uma subida dos preços no período em análise”, algo que se traduz no “saldo mais modesto em quatro anos”. Em termos regionais, os inquiridos reportaram uma estabilização dos preços em Lisboa e Algarve, embora no Porto tenham continuado a evidenciar um crescimento sólido.

“Apesar do crescimento da economia portuguesa ter ganho novo fôlego nos primeiros meses de 2019, o mercado de habitação parece estar a perder dinâmica”, refere Simon Rubinsohn, Chief Economist do RICS, acrescentando que "a capacidade financeira de acesso à habitação e a falta de oferta podem estar a fazer-se sentir sobre a procura".

Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, assinala que "os vendedores estão a rever as suas expectativas em baixa, e alguns já estão a baixar os preços pedidos pelos seus imóveis", sendo que "apesar da descida nos novos créditos concedidos, os operadores sentem que as restrições de acesso ao crédito estão a limitar a procura potencial".

E basta olhar para os números da concessão de crédito à habitação desde a entrada em vigor das recomendações do Banco de Portugal (BdP) - que quis pôr um travão aos empréstimos para a compra de casa - para confirmar este cenário. Entre julho de 2018 e março de 2019, a percentagem de empréstimos com perfil de risco mais elevado reduziu-se de 35% para 9%, algo que poderá estar a ter um impacto na subida dos preços das casas, como o idealista/news noticiou. 

 E agora, é hora de vender a casa?

O mercado pode estar a arrefecer mas, para já, ainda está quente. Um cenário que coloca uma dúvida aos proprietários: será hora de vendar a casa e aproveitar o momento para fazer um bom negócio?

Paulo Morgado, Administrador da ERA Portugal, diz que a “venda de uma habitação pode sempre significar uma boa estratégia de investimento desde que seja feita após ponderação e análise do mercado imobiliário”. O especialista explicou ao Dinheiro Vivo que é importante que os proprietários não partam para uma venda com a confiança de que o mercado vai abrandar. 

Uma opinião partilhada por Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, para quem o “boom” do mercado não deve influenciar a decisão. “Vender caro e comprar barato é o sonho de todos os consumidores, mas só pode ser concretizado por quem tem tempo para esperar para vender – maximizando o valor de venda – e por quem tem uma casa para viver até encontrar outra”, refere o responsável à mesma publicação.

As imobiliárias acreditam que é muito importante ponderar opções e avaliar bem os riscos de cada negócio, desaconselhando por completo as decisões precipitadas só porque o mercado “está quente” e prestes a entrar num novo ciclo. Para a Remax, a “decisão de compra/venda não deve ser levianamente tomada apenas pela influência da conjuntura, mas essencialmente pelos proveitos futuros que se esperam e perspetivam”.

Mais-valias pesam na decisão

Um dos fatores mais importantes, e referido pelos responsáveis, prende-se com as mais-valias – o possível lucro que está sujeito a uma tributação de 50% no IRS. Quer isto dizer que, depois de serem descontados o valor da compra da casa e gastos, ainda será aplicado um corte de 50% no lucro.

E só há duas formas de escapar a esta fatura pesada: ter comprado casa antes de 1989 ou utilizar o dividendo das mais-valias na compra de outra casa dentro de um prazo de 36 meses - o que pode acabar por "comer" a margem conseguida, uma vez que os preços apesar de entrarem numa trajetória em queda, ainda estão altos.

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