Pedro Rutkowski, CEO da Worx, sobre o futuro do imobiliário em Portugal nesta legislatura.
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Um novo ciclo político e económico está à vista, com o novo Governo do socialista António Costa. E decidimos antecipar o que aí vem no imobiliário. Para isso, quisemos saber o que pensam alguns dos principais intervenientes do setor sobre o novo Executivo, bem como o que gostariam que acontecesse na legislatura que agora arranca e aquilo que consideram que não pode avançar. Esta é visão de Pedro Rutkowski, CEO da Worx.

O que esperar de Portugal a nível do imobiliário e economia nos próximos anos, com o novo Governo? 

O virtuosismo que a economia portuguesa tem vindo a demonstrar, nos últimos anos, está umbilicalmente ligado à pujança demonstrada pela indústria do turismo, cujo crescimento contaminou, entre outros setores a construção civil, seja via direta na construção de novas infraestruturas hoteleiras, seja via indireta na reabilitação urbana, em particular Lisboa e Porto, para posterior integração em rede de Alojamento Local (AL).

O segmento da hotelaria registou o maior volume de investimento no primeiro semestre deste ano, num total aproximado de 400 milhões de euros e um ‘pipeline’ de 140 novos hotéis, que asseguram a continuação de uma boa “performance”. (...) 

Ainda no campo do investimento mantém-se a previsão que o apetite internacional pelo mercado português continue em alta, com o fator liquidez a ser direcionado para oportunidades em todos os segmentos, com destaque particular para os segmentos de promoção e escritórios.

Que medidas gostariam de ver avançar e que riscos identificam?

É espectável que o novo Governo, em virtude do necessário apoio das bancadas mais à esquerda, dê enfase em medidas de caracter mais social, tais como o programa das rendas acessíveis, o arrendamento jovem e a continuação das zonas de contenção ao AL.

Essa intervenção poderá ser via legislativa nos arrendamentos, tornando-os mais acessíveis via estímulos fiscais, e no imobiliário [em geral], tentando penalizar algum excesso que caia no domínio da especulação. Algumas destas medidas poderão ter impacto na indústria da construção civil e consequentemente na economia.

Estas previsíveis medidas deverão também ser acompanhadas por outras que incentivem o investimento, como por exemplo, e uma vez que a reabilitação nos centros das cidades como Lisboa e Porto atingiram valores incomportáveis para a maioria dos portugueses (...), o desenvolvimento do mercado habitacional, que terá forçosamente de passar pela promoção imobiliária nas periferias.

Para que este produto (promoção nova) seja atrativo para os promotores e consiga chegar ao consumidor final a preços comportáveis pelas famílias de classe média portuguesa, seria interessante que o Governo desenvolvesse políticas de incentivos fiscais, tais como a redução da taxa do IVA para 6% como foi feito para a reabilitação, bem como tornasse o processo burocrático associado a um processo de construção mais célere e descomplicado.

Em relação ao investimento estrangeiro, que representou 86% no mercado de investimento imobiliário, o nosso contacto diário com os investidores transmite-nos que a sua principal preocupação prende-se com as constantes incertezas sobre alterações da política fiscal, pelo que seria importante que este Governo procurasse transmitir estabilidade nesse ponto. 

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