O ícone da 'movida' madrilena, José María Cano, comprou um palácio na Graça por 3,5 milhões e alega que o parque, construído depois, compromete a sua privacidade.
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Antiga estrela do pop espanhol obrigou Câmara de Lisboa a fechar estacionamento
Palácio Teles de Menezes, no bairro da Graça André Caiado / Contacto Atlântico Arquitectura

É difícil, se não quase impossível, travar uma obra pública. Quase tanto como encontrar um lugar de estacionamento em Lisboa. Mas o espanhol José María Cano, que derrubou as barreiras da música nos anos 80, foi agora bem-sucedido na primeira tarefa. A icónica estrela do pop da 'movida' madrilena é dono do Palácio Teles de Menezes, localizado no bairro histórico da Graça, em Lisboa, e conseguiu fechar parte de um parque de estacionamemento que foi construído lá ao lado, alegando invasão de privacidade. E porquê? Porque os seus jardins são vistos do último andar da estrutura.

Mesmo em frente ao edifício da Voz do Operário, na rua do mesmo nome e estendendo-se ao Largo de S. Vicente e à Rua do Telheiro de S. Vicente, localiza-se o Palácio Teles de Menezes. O edifício esteve à venda durante muito tempo por 7,8 milhões de euros, mas foi adquirido por metade do preço pelo espanhol José María Cano, artista plástico e antigo membro fundador da mítica banda Mecano. O palácio, onde vive durante algumas temporadas do ano, e onde celebra regularmente festas com convidados do mundo artístico e social, ficou-lhe por 3,5 milhões de euros.

O bairro da Graça tem vindo a aguçar o apetite de muitos investidores imobiliários, sendo agora "a casa" de muitos projetos já desenvolvidos e em curso. Especialistas do setor explicaram ao idealista/news que o preço por metro quadrado (m2) é muito “apetecível”, uma vez que não é tão caro como na Avenida da Liberdade ou na Baixa/Chiado. Mas este bairro típico tem muitas características distintivas: a maioria dos imóveis não tem garagem e as ruas são muito estreitas e apertadas, dificultando, por exemplo, o estacionamento.

Para enfrentar esta dificuldade, a Câmara de Lisboa começou a construir vários parques de estacionamento públicos. E a história relatada pelo El País gira em torno de um desses parkings que, por coincidência, fica localizado ao lado do palácio Teles de Menezes. O estacionamento já está terminado, mas apenas parte dele está aberto, no piso inferior – o restante está fechado por causa de uma denúncia do músico espanhol, José María Cano, contra a autarquia, e que está a aguardar sentença.

Os argumentos de Cano para fechar o parque

Quando o músico comprou o palácio não havia estacionamento, e este é o seu argumento principal. O parque começou a ser construído mais tarde. Primeiro foi um piso e depois outro, sendo que deste último é possível ver os jardins do palácio. Este é, por isso, o único local do bairro que compromete a privacidade estratégica do edifício.

Segundo o El País, Cano apresentou uma queixa à Câmara de Lisboa por considerar que a construção colocava em risco a segurança e a privacidade da sua casa. A autarquia rejeitou a denúncia, mas abriu um processo para estudar a alteração do projeto arquitetónico, que ainda não foi concluído. Em resposta as reclamações do artista, ordenou a colocação de telas para cobrir as vistas do estacionamento para o palácio e fechou o andar superior.

Ainda assim, o espanhol apresentou uma providência cautelar no Tribunal Administrativo de Lisboa, para encerrar definitivamente este serviço público, e está a aguardar sentença.

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