Apenas 33,6% das casas para arrendar em Portugal oferecem preços acessíveis, segundo um estudo da Aluga Seguro, a que o idealista/news teve acesso em primeira mão. A empresa do grupo espanhol Alquiler Seguro acaba de chegar ao mercado luso para inaugurar a sua primeira agência no país e traçou a Radiografia do Mercado de Arrendamento em Portugal 2021, analisando os três principais distritos portugueses (Porto, Lisboa, Faro). O estudo revela que em Lisboa só 25% da habitação para arrendar é acessível, no Porto 35% e em Faro 64%.
Após 15 anos de experiência em Espanha, e com quase 50 agências próprias no país vizinho, a Aluga Seguro começa agora a trabalhar no mercado luso como a primeira empresa especializada na proteção a proprietários, considerando ser "o momento certo", tal como explicam o Antonio Carroza, CEO da Alquiler Seguro e Francisco Reganha, Country Manager da Aluga Seguro, em entrevista ao idealista/news. Por ocasião da sua “estreia” no país, esta terça-feira, 8 de junho de 2021, lança o estudo que analisa o setor imobiliário do arrendamento em Portugal com o objetivo de conhecer de forma abrangente o impacto e as diferentes variáveis do mercado.
A partir desta radiografia, a empresa avalia o tipo médio da tipologia de habitação em arrendamento, percentagem de habitação acessível disponível em cada zona, tempo que um imóvel permanece no mercado até ser arrendado e a distribuição da oferta.
“Por meio deste estudo estatístico, queremos obter uma perspetiva verídica do cenário do mercado de arrendamento nos três principais distritos de Portugal: Lisboa, Porto e Faro. Para conseguir oferecer as melhores garantias a proprietários e inquilinos, é indispensável conhecer como é que funciona o mercado”, comenta Francisco Reganha, country manager da Aluga Seguro.
Preços das casas para arrendar em Portugal
A Aluga Seguro considera que o acesso à habitação em arrendamento converteu-se num problema, nomeadamente nas zonas mais próximas do centro dos distritos analisados. O preço médio de arrendamento mais elevado encontra-se no distrito de Lisboa, nomeadamente nos concelhos de Cascais onde, em média, um imóvel tem um preço de 1.511 euros por mês, e em Lisboa, onde arrendar casa tem um custo médio mensal de 1.235 euros.
Já no Porto, o estudo destaca os concelhos de Matosinhos, onde, em média, um imóvel em tem um preço médio de 955 por mês, e o do Porto, onde os preços rondam os 936 euros mensais. No distrito algarvio de Faro, Loulé (954 euros) e Faro (825 euros) apresentam-se como as zonas com o preço mais elevado.
Onde é que há mais e menos oferta de habitação acessível?
Conhecendo os preços médios e as rendas médias das famílias, a Radiografia do Mercado de Arrendamento em Portugal 2021 da Aluga Seguro revela a percentagem de habitação acessível disponível em cada zona e conclui que onde há mais oferta de habitação em arrendamento disponível, é onde se encontra menos habitação a preço acessível.
“As famílias portuguesas têm de despender uma percentagem muito alta dos seus rendimentos para garantir o pagamento da renda da sua casa. Uma economia familiar saudável, é aquela que destina menos de 35% dos seus rendimentos para pagar o arrendamento”, sublinha o country manager da Aluga Seguro.
Lisboa
A maior parte da oferta de casas para arrendar do distrito encontra-se no concelho de Lisboa (73,24%) seguido pelo de Cascais (10,33%), mas ambos concelhos têm menos de 30% de habitação acessível disponível. No concelho de Lisboa, por exemplo, apenas 20% tem um preço compatível com os rendimentos médios de uma família portuguesa. Já em Cascais este número cifra-se nos 15%.
Azambuja (92%), Alenquer (86%) e Sobral de Monte Agraço (78%) são os concelhos que apresentam a percentagem mais elevada de habitação acessível disponível, mas, ainda assim, a oferta é quase inexistente.
Segundo Francisco Reganha, a oferta tem tendência a concentrar-se nos concelhos onde os preços são mais elevados, mas para aceder a estes imóveis, o nível de esforço económico das famílias é demasiado elevado. “Demoram-se meses a conseguir um inquilino e o risco de sofrer incumprimentos no pagamento da renda mensal aumenta”, declara.
Porto
O concelho do Porto concentra 66,18% da oferta de arrendamento, seguido pelo de Vila Nova de Gaia com 14,11%. Relativamente à percentagem de habitação acessível, a Aluga Seguro refere que “o distrito é bastante estável”.
Todos os concelhos têm mais de 30% de ofera de habitação acessível disponível, à exceção de Matosinhos, onde apenas 28% têm um preço inferior a 35% dos rendimentos brutos de uma família tipo. Penafiel (68%) e Trofa (68%) são as zonas onde há mais percentagem de habitação acessível.
Faro
No distrito de Faro, todos os concelhos apresentam uma percentagem acima de 40% de habitação acessível disponível. Destacam-se Vila Real de Santo António (88%) e Portimão (79%) e Albufeira (61%). A oferta encontra-se bastante distribuída, sendo nos concelhos de Faro (5,39%) e Vila Real de Santo António (6,80%) onde é mais baixa, segundo o estudo da Aluga Seguro.
Tempo que se demora a arrendar um imóvel
De acordo com Francisco Reganha, nas zonas mais caras, o tempo que uma habitação demora a ser arrendada ultrapassa os três meses, enquanto que nos lugares onde os preços estão mais ajustados à realidade das famílias, quase não há imóveis em promoção e demora-se muito pouco tempo a encontrar um inquilino.
Em Lisboa, em média, são necessários 86 dias para arrendar um imóvel, mas em zonas como Azambuja (28 dias), Sobral de Monte Agraço (33 dias) ou Alenquer (39 dias) os prazos são muito inferiores. Em Odivelas, por exemplo, são necessários 49 dias, assim como em Oeiras.
O mesmo acontece nas zonas do Porto como Valongo (35 dias) ou Trofa (40 dias), onde os proprietários precisam de um tempo inferior à média do distrito (87 dias). Em Gondomar são precisos, em média, 69 dias de promoção para arrendar um imóvel, e em Matosinhos 63.
“No caso do distrito de Faro, ao falarmos de uma zona muito turística, a situação muda. Mesmo que 64% da habitação seja acessível, a procura não é tão alta e demora-se mais tempo para arrendar”, conclui o country manager da Aluga Seguro. Em Loulé são necessários 87 dias, em Albufeira 84, em Lagos 78, e em Faro 57.
Quase 50% das casas são arrendadas de forma particular
A Aluga Seguro comparou os dados da oferta de arrendamento nos portais imobiliários com os dados oficiais do registo de contratos, detetando que “existe um desvio” assente num mercado não profissionalizado. De acordo com a empresa privada especializada na proteção a proprietários, e apesar da “falta de informação e dados verídicos do mercado”, quase 50% das casas são arrendadas de forma particular, recorrendo a familiares, amigos e conhecidos, sem nenhuma intermediação profissional.
“Em muitas ocasiões, isto faz com que os imóveis sejam arrendados sob acordos verbais ou com que sejam aplicadas cláusulas que não seguem a legislação atual e que podem implicar graves situações e problemas para o proprietário no caso de sofrer incumprimentos”, comenta Francisco Reganha.
Segundo o responsável, e tendo em conta que as habitações mais procuradas pelo inquilino português são de tipologia T2 com uma superfície de aproximadamente 80 metros quadrados (m2), e de forma a “minimizar os riscos de sofrer um incumprimento no pagamento do arrendamento, o valor da renda em Lisboa não deveria ultrapassar os 800 euros, no Porto o limite deveria ser de 635 euros e de 815 euros em Faro”.
A Aluga Seguro diz querer “profissionalizar o arrendamento, oferecendo aos proprietários e aos inquilinos as máximas garantias com contratos claros, simples e 100% legais; com o apoio profissional de toda a vigência do contrato e garantindo sempre a cobrança pontual da renda ao dia 5 de cada mês”.
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