Sobre o futuro do mercado residencial na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) assume que a procura de casa se vai manter em níveis muitos elevados nos próximos meses. Isto porque, em média, 4,5% dos cidadãos das principais economias europeias assumiram, no terceiro trimestre, que pretendem comprar casa nos próximos 12 meses.
Os resultados do inquérito realizado às expectativas dos consumidores das seis principais economias da zona euro - Bélgica, França, Alemanha, Itália, Países Baixos e Espanha - foram divulgadas no mais recente boletim económico do BCE e mostram que esta vontade de comprar uma moradia ou um apartamento se manteve mais ou menos linear durante a pandemia – entre o segundo trimestre de 2020 e o terceiro trimestre de 2021 a percentagem de famílias que o pretende fazer oscilou entre os 4,3% e os 4,7% (valores aproximados).
“A decisão das famílias de comprar casa depende de muitos fatores, incluindo a sua estabilidade no emprego e situação financeira, dos seus rendimentos e bens, as suas expectativas em relação ao nível geral dos preços das casas e das condições dos empréstimos hipotecários”, aponta o banco liderado por Christine Lagarde.
Intenção de comprar casa varia consoante o rendimento
A verdade é que a “a intenção de adquirir uma casa varia em função do rendimento das famílias”. Os dados mostram que esta intenção é muito maior entre as famílias que tem altos rendimentos – cerca de 6,5% -, enquanto os agregados familiares com rendas mais baixas, o resultado é inferior à média, estando mesmo abaixo dos 4%.
“As famílias com rendimentos mais altos são muito mais propensas a expressar sua intenção de comprar uma casa e, portanto, tendem suportar mais a procura de casas”, aponta o boletim económico do BCE. Além disso, “a dinâmica do rendimento esperado também desempenha um papel importante nas decisões de investir numa casa: os entrevistados que pretendem comprar uma habitação nos próximos 12 meses tendem a ter expectativas de crescimento de rendimentos consideravelmente maiores do que aqueles que não planeiam fazê-lo".
Alta procura mantém aumento do preço das casas
Há ainda outros motivos que sugerem que a procura de casas de vai manter em alta num futuro próximo. Além das poupanças das famílias, o BCE sublinha ainda que num mercado imobiliário a recuperar dinamismo, o segmento da habitação tem se tornado cada vez mais atrativo para investir. E, depois, há ainda expectativas de que os créditos habitação vão continuar a apresentar condições favoráveis e convidativas às famílias – com as taxas de juro em mínimos históricos.
A procura vai manter-se mesmo com os preços das casas a aumentar mês após mês. Mas sobre isto o BCE deixa um alerta: a previsão da evolução dos preços das casas tem sido “muito superior ao crescimento previsto dos rendimentos das famílias”. E sublinha que este cenário pode mesmo gerar problemas no acesso a habitação para as famílias com menores rendimentos.
Sobre este ponto o Fundo Monetário Internacional sublinhou recentemente que “os preços das casas cresceram mais rápido do que os salários em mais de metade dos 35 países” que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).E nesta matéria, Portugal é mesmo o país onde os preços das casas subiram a uma maior velocidade do que os rendimentos das famílias.
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