Europeus esperam uma desaceleração do mercado, segundo o inquérito às expectativas dos consumidores divulgado pelo BCE.
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O mercado imobiliário deverá desacelerar nos próximos meses. Esta é, pelo menos, uma das conclusões do inquérito de outubro às expectativas dos consumidores divulgado esta quarta-feira, 7 de dezembro de 2022, pelo Banco Central Europeu (BCE). Cidadãos do euro esperam uma subida de 3% no preço das casas nos próximos 12 meses, uma taxa inferior à de 3,4% indicada em setembro.

Já as expectativas de taxas de juro hipotecário para os próximos 12 meses subiram para 4,7%, 1,4 pontos percentuais acima do que no início de 2022. “Tanto a perceção de acesso ao crédito dos consumidores nos últimos 12 meses quanto as suas expectativas de acesso ao crédito nos próximos 12 meses diminuíram significativamente”, refere o BCE.

Ainda assim, a parcela de consumidores que referem ter solicitado crédito nos últimos três meses aumentou para 13,9% em outubro, face a 12,2% em julho.

Desaceleramento de preços será generalizado

O cenário de abrandamento/ajustamento do mercado é, de resto, destacado por várias instituições. A Oxford Economics acredita mesmo que esta será a maior desaceleração do mercado imobiliário desde a crise financeira global. Quase todos os países devem sentir uma desaceleração dos preços das casas em 2023. 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) confirma esta mesma versão, indicando que o mercado imobiliário global está a viver um "ponto de inflexão". E explica porquê:  "À medida que os bancos centrais de todo o mundo apertam a política monetária para lidar com as pressões dos preços, o aumento dos custos de empréstimos e critérios [para concessão de] créditos mais rígidos, juntamente com as altas avaliações das casas, podem levar a um declínio acentuado nos preços das casas", afirma no seu relatório sobre a estabilidade financeira global.

Este cenário já é visível na China, onde a crise imobiliária se intensificou nos últimos meses. Em 2022, a economia chinesa cresceu ao ritmo mais lento desde o início dos registos, em 1992, excluindo o período da pandemia. A área de casas vendidas diminuiu 26% até setembro, em relação ao mesmo período do ano anterior.

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Já em Portugal, os preços das casas subiram uma média de 9,4% em 2021 face ao ano anterior. E os dados Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a tendência de subida dos preços das habitações continua em 2022. No 1º trimestre do ano, as casas ficaram 12,9% mais caras em relação ao mesmo período de 2021; já no 2º trimestre, os preços das casas subiram 13,2% em termos homólogos, “atingindo um novo máximo histórico da série disponível”.

Apesar das casas continuarem a ficar mais caras em Portugal, também já há evidências de uma desaceleração do crescimento em vários municípios. E os analistas do BPI consideram que este cenário pode manter-se nos próximos tempos, antevendo que os “preços estabilizem” até final do ano e que haja em 2023 uma “correção do mercado”, com os valores a recuarem 1,5%.

Consumidores esperam inflação de 5,4% na zona euro

Segundo o inquérito do BCE, os consumidores esperam ainda que a inflação na zona euro seja de 5,4% nos próximos 12 meses. Já para os próximos três anos, a longo prazo, antecipam que a inflação seja de 3%, como no inquérito anterior, de setembro, acima do objetivo do BCE de 2%.

Além disso, os europeus preveem agora uma nova contração económica nos próximos 12 meses (-2,6%, acima dos -2,4% do inquérito de setembro) e uma taxa de desemprego mais elevada (12,5%, acima dos 12,2%).

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