Eric van Leuven, diretor geral da Cushman & Wakefield em Portugal, considera que a atividade imobiliária estará "mais contida".
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Como será o setor imobiliário em 2023?
Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal Crédito: Cushman & Wakefield

“Temas como a habitação continuarão a gerar discussão ao longo do ano, uma vez que as medidas anunciadas [pelo Governo] dificilmente serão suficientes para colmatar a falta de oferta de habitação”. Quem o diz é Eric van Leuven, diretor geral da Cushman & Wakefield (C&W) em Portugal. Segundo o responsável, é de esperar que este ano a atividade imobiliária “esteja mais contida” no país, devido ao “cenário económico que se vive na Europa”, ao qual “o mercado português não será imune”. 

As declarações de Eric van Leuven surgem no comunicado divulgado pela consultora imobiliária a propósito da apresentação do Marketbeat Primavera 2023, que decorreu dia 2 de março e resume a atividade do mercado imobiliário nacional em 2022, destacando também as principais tendências que irão marcar o mercado em 2023.

Segundo a consultora, a promoção de habitação vai continuar na ordem do dia este ano, com a aposta em projetos residenciais para os segmentos alto e de luxo, motivada pela crescente procura por parte de compradores estrangeiros. Paralelamente, refere a empresa, continua a verificar-se um grande desequilíbrio entre procura e oferta de habitação, especialmente no segmento médio – o que continuará a motivar promotores e investidores a procurar soluções inovadoras para desenvolver mais casas para a classe média.

“As recentes medidas anunciadas pelo Governo para a habitação deixam de fora benefícios fiscais para a construção nova e a otimização do tempo de licenciamento de loteamentos, pelo que vários projetos residenciais de maior escala deverão continuar a ser adiados – um problema para os investidores, apesar da ligeira melhoria de outras condições atrativas, como uma menor pressão sobre os custos de construção”, lê-se nata enviada às redações.

Entretanto, citado pelo ECO, o diretor geral da C&W acrescenta que o pacote “Mais Habitação” criado pelo Governo – e que tem sido criticado por vários players do setor – é “uma mistura” muito “grande de medidas e medidinhas, muitas das quais, aparentemente, de aplicabilidade duvidosa”. 

Uma ideia também deixada, durante o evento, por Paulo Sarmento, head of transactional services da consultora. “Houve pouco ‘fact finding’ [por parte do Governo] e muita decisão baseada em preconceitos, em ideologia que não assenta em factos”, frisou, salientando, ainda assim, que Portugal continua a ser “muito atrativo para investidores internacionais”. 

Eric van Leuven sublinhou ainda que no caso concreto do segmento residencial “o setor privado está muito pouco interessado em investir dinheiro em habitação no enquadramento atual”. “O Estado claramente não tem vocação nem capacidade financeira ou técnica para resolver este problema da habitação”, pelo que “precisa dos privados”, reforçou, citado pela publicação. 

O que esperar do setor imobiliário em 2023?
Cushman & Wakefield

Como será 2023 em termos imobiliários?

Voltado ao Marketbeat Primavera 2023 da C&W, o destaque vai para os segmentos de escritórios, hotelaria e retalho, que serão os que devem atrair mais investimento. 

“Impulsionado pelo excelente desempenho do turismo, o setor hoteleiro irá continuar em expansão, bem como a área de escritórios e, o retalho também será uma das áreas com maior investimento em 2023, com os retalhistas a criarem conceitos e experiências inovadores e centralizados na satisfação do consumidor”, adianta Eric van Leuven. 

“Por fim, no centro das atenções de ocupantes e investidores de todo o mercado estará a temática da sustentabilidade e de critérios ESG, refletindo a crescente preocupação de respeitar estas políticas nos imóveis ocupados e/ou em fase de construção”, acrescenta.

De acordo com a consultora, o investimento na atividade de imobiliário comercial de rendimento atingiu, no ano passado, 2.982 milhões de euros, um aumento de 38% em relação ao ano anterior.

Para 2023, é expectável um abrandamento da atividade de investimento imobiliário. “Ainda assim, e com cerca de 2.700 milhões de euros de transações em diversas fases de negociação, as estimativas apontam para que este ano se registe um volume ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco anos. A este valor poderão acrescer 1.300 milhões de euros em transações atualmente suspensas, assim como as já usuais operações off market”, conclui a C&W. 

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