Foram vendidas cerca de 51.000 casas na Grande Lisboa em 2022. Vendas concentram-se em Lisboa, Sintra, Setúbal e Cascais.
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Comprar casa em Lisboa
Foto de Karolina Grabowska no Pexels

O ano de 2022 foi marcado por um contexto macroeconómico que exerceu uma maior pressão sobre o mercado residencial, dada a subida da inflação e dos juros conjugada com os altos custos da construção e a falta de mão de obra. Este cenário refletiu-se numa ligeira diminuição na venda de casas na Grande Lisboa (-1,4%) e numa queda no preço médio das casas novas transacionadas (-7%), aponta a Savills. Ainda assim, a procura de casas para comprar continua bem dinâmica: há mais de  4.500 casas em construção em Lisboa, que deverão ficar concluídas nos próximos dois anos. Mas maior parte já se encontra vendida, já que, destas, só 1.440 casas estão disponíveis para venda (32% do total).

Num ano cheio de desafios como foi 2022, foram vendidas na Área Metropolitana de Lisboa cerca de 51.000 casas, um número que representa uma diminuição de 1,4% face ao ano anterior. Ainda assim, o número de transações registado no ano passado ficou acima da média anual a cinco anos (49.540 unidades), aponta a Savills no relatório “New Life in the Sun”. Sem surpresa, foi precisamente a cidade de Lisboa que contabilizou a maior fatia de transações (11.300 casas vendidas), seguida pelos municípios de Sintra, Setúbal e Cascais.

Também os preços das casas novas vendidas na Grande Lisboa sentiram o reflexo do atual contexto. Em concreto, os preços médios de venda de imóveis novos na Área Metropolitana de Lisboa em 2022 registaram um decréscimo de quase 7% face aos preços de 2021, fechando o ano em 5.399 euros/m2, “valor que significa uma maior estabilização e abrandamento do ritmo de crescimento face aos anos anteriores”, explicam em comunicado enviado às redações. Já o os preços médios de venda de imóveis usados aumentaram cerca de 5%, fixando-se em 3.225 euros/m2.

O que o relatório também mostra é que os preços das casas no segmento de luxo (ou seja, 5% das propriedades mais caras) mais do que duplicaram em dez anos: em 2011 o preço das casas de luxo novas situava-se nos 5.000 euros/m2, um valor que subiu para 11.500 euros/m2 em 2022.

Embora o atual contexto tenha arrefecido ligeiramente a venda de casas na Grande Lisboa, bem como os preços, tudo indica que a procura de casas para comprar continua em alta. Considerando apenas projetos em estado de construção atual, são esperados mais de 4.500 novos fogos residenciais nos próximos dois anos no município de Lisboa. Mas, destes, só 32% casas estão disponíveis para venda, o que prova a “forte dinâmica da procura”, indicam no documento. Estas casas novas estão a nascer, sobretudo, em zonas prime como a Avenida da Liberdade, Chiado ou no Lumiar.

“Os projetos continuam a avançar com o acomodamento da subida dos custos de construção a refletirem-se nos valores de asking price nos projetos em fase de venda. Para 2023, prevemos um continuo desenvolvimento de novos projetos, com ligeira subida de preços”, antecipa Alexandra Gomes, Associate Director e Head of Research and Communication na Savills Portugal, destacando que o sentimento do mercado é de otimismo moderado.

Venda de casas em Lisboa
Foto de Julian Dik na Unsplash

Estrangeiros continuam a dinamizar compra de casa (de luxo) em Portugal

Os portugueses são quem mais compra casas no nosso país. Mas os estrangeiros têm sido responsáveis por dinamizar este mercado. Até porque no final de 2022, o investimento residencial estrangeiro ascendeu aos 3.6 mil milhões de euros, num total de 10.722 propriedades vendidas.

A procura de estrangeiros por comprar casa em Portugal mantém-se “sólida” e “assente nos fortes fundamentos de mercado como segurança, clima e condições de vida”, explicam no documento. E a todos estes fatores soma-se ainda mais um: a transição para a economia digital, que abre os braços ao teletrabalho, tem gerado oportunidades. De acordo com o “Savills Executive Nomad Index” citado no estudo, Lisboa foi considerada a melhor cidade do mundo para nómadas digitais, ultrapassando cidades como Miami, Dubai e Barcelona.

E de onde vêm estas famílias estrangeiras que querem viver em Portugal? França, Reino Unido, Brasil, China e Estados Unidos da América têm liderado as tabelas de vendas, apresentando um perfil de compradores exigentes quer na compra de uma residência permanente ou uma segunda casa. “Olhando para o número de compradores internacionais que investem em Portugal, os mesmos poderão representar a nível global cerca de 15% do mercado”, aponta Miguel Lacerda, Lisbon Residential Director, Savills Portugal.

“No entanto, se olharmos apenas para o mercado high end, onde nos posicionamos, os clientes estrangeiros representam mais de 50% das transações efetudas, um valor que se deverá manter. Este tipo de investidor não sente, naturalmente, o impacto da inflação e da subida das taxas de juro da mesma forma e continua a considerar o nosso mercado como um dos mais atrativos”, explica ainda Miguel Lacerda.

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