
A crise na habitação está a alterar a dinâmica recente do setor do mobiliário, aumentando a procura por soluções de armazenamento e organização, disse à Lusa o diretor-geral para o retalho do Ingka Group, que detém a Ikea.
“O que vemos é uma grande concentração de questões relacionadas com a arrumação, armazenamento e organização”, adiantou Tolga Öncü, Retail Operation Manager (diretor-geral para o retalho) do Ingka Group.
Segundo o responsável, a tendência já se vinha a verificar, foi alterada pela pandemia, mas agora voltou: “cada vez mais pessoas vivem em espaços mais pequenos”, disse.
Para Tolga Öncü, isto deve-se “à economia”, com as pessoas a optar “por viver com um amigo em vez de sozinhas porque não têm dinheiro para isso”.
Nesse caso, assegurou, “a arrumação torna-se muito importante”. “Como é que eu arrumo a minha vida num apartamento que talvez partilhe com mais duas pessoas?”, questionou, acrescentando que é por isso que há uma grande tendência de aumento no que diz respeito a este segmento.
Questionado sobre se esta tendência constitui uma preocupação para a Ikea, tendo em conta que pode levar a uma diminuição da venda de mobiliário, o responsável reconheceu que a empresa não era imune ao que se passava no mundo.
“No entanto, a nossa quota de mercado no mundo é só de 6%, o que quer dizer que 94% do negócio está em outro lado”, disse Tolga Öncü. “Mas ainda acredito que, apesar de estarmos a celebrar 80 anos, estamos no início, incluindo em Portugal”, referiu.

Ikea investiu 65 milhões em Portugal e prevê investir mais 60 milhões
A Ikea investiu, em Portugal, no ano fiscal terminado em agosto de 2023, 65 milhões de euros, e planeia investir mais 60 milhões.
No ano fiscal terminado em agosto, o investimento da Ikea em Portugal ascendeu a 65 milhões de euros, com cerca de 60 milhões de euros previstos para este ano, numa altura em que a empresa pretende avançar com a abertura de mais espaços de encomenda e recolha em Portugal.
Este ano foi “fantástico para a Ikea e para Portugal”, destacou, garantindo que a empresa tem um grande “enfoque no segmento da arrumação”. “Em Portugal, a equipa conseguiu um crescimento de mais 11%, que é quase o dobro da média mundial”, referiu, indicando que “são várias as razões pelas quais Portugal se destaca”.
“Muitos dos melhores exemplos a nível mundial estão a ser desenvolvidos em Portugal e, depois, estamos a copiá-los para todo o mundo”, referiu.
Questionado sobre a evolução do mercado nacional desde a entrada do grupo em Portugal, Tolga Öncü salientou o aumento da quota de mercado do grupo, realçando ainda “que todo o setor de mobiliário doméstico se tornou maior” no mercado nacional. “Se isso se deve apenas à Ikea, não saberia responder”, disse, acrescentando acreditar que a empresa “tem contribuído em grande medida para aumentar o interesse pelo mobiliário doméstico”.
Segundo o responsável, entre os planos para o mercado nacional conta-se a reestruturação do espaço da loja de Loures. “Estamos a investir em automação para dar à loja a possibilidade de fazer o negócio de encomendas para todo o Portugal”, referiu, explicando que, atualmente, estão dependentes dos armazéns em Espanha.
“Em vez de construir um novo armazém em Portugal podemos utilizar uma das nossas grandes lojas e transformá-la”, indicou, salientando que este é um "dos projetos mais interessantes em Portugal" para o grupo.
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