
As despesas com a habitação estão a aumentar nos últimos anos. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam que em 2022 e 2023 os encargos associados à habitação pesaram 39,1% nas despesas das famílias, totalizando 9.452 euros anuais. E este valor dos gastos com a casa subiu quase três mil euros face a 2015-2016, muito devido ao aumento das rendas, dos juros no crédito habitação e dos preços da energia. O que também salta à vista é que os agregados familiares com crianças gastam mais, sobretudo, em habitação e transportes. E ainda que as despesas com a casa pesam mais nos bolsos das famílias que vivem na Grande Lisboa.
Estes dados constam nos resultados provisórios do Inquérito às Despesas das Famílias 2022/2023, divulgados esta quarta-feira (dia 20 de dezembro) pelo INE. Em concreto, conclui-se que a despesa anual média dos agregados familiares foi, em 2022/2023, de 24.190 euros. E ainda que só a habitação, a alimentação e os transportes concentraram quase dois terços da despesa média das famílias:
- Despesas com habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis foi de 9.452 euros (39,1% do total);
- Despesas com alimentação totalizaram 3.119 euros entre 2022 e 2023 (12,9%);
- Despesas com transportes somaram 3.001 euros (12,4%).
“Ainda com alguma expressão na estrutura da despesa dos agregados familiares, surgem as despesas com restaurantes e alojamento (8,6%)”, refere ainda o gabinete nacional de estatística.
Despesas com habitação subiram 3 mil euros desde 2015
O que o INE também conclui é que “a importância dos encargos com a habitação aumentou gradualmente nas duas últimas décadas”. E explica porquê: “A habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis representam 39,1% (9.452 euros) da despesa média das famílias em 2022/2023, o que compara com 31,9% (6.501 euros) em 2015/2016 e traduz um aumento de quase três mil euros por família, correspondente a um crescimento nominal de 45,4%”, analisam.
Além disso, o instituto admite que “este crescimento foi superior ao que teria ocorrido se a despesa média das famílias com a habitação tivesse aumentado à taxa de crescimento do índice de preços no consumidor [inflação]”.
Assim variaram as várias despesas que entram para o universo da habitação entre estes dois momentos:
- Rendas subjetivas: foram as despesas com “maior contributo”, passando de 20,1% para 27,4%. Em causa está “uma estimativa calculada pelo próprio agregado residente sobre o valor hipotético de uma renda do seu alojamento a preços de mercado”, refere.
- Rendas efetivas: passaram de um valor médio de 520 euros, em 2015/2016, para 786 euros, em 2022/2023, reforçando o respetivo contributo para a despesa média em habitação em 0,7 p.p.
- Eletricidade, gás e outros combustíveis: mantém-se como o segundo grupo de despesa “com maior contributo”, mas com perda de importância face a 2015/2016, traduzindo-se em menos cerca de 100 euros (em média) e um contributo menor, em 1,4 p.p., para a despesa total em habitação.
Os contributos para as despesas em habitação do abastecimento de água, bem como dos serviços diversos relacionados com a habitação e manutenção, reparação e segurança das habitações, “mantiveram-se relativamente estáveis” neste período, conclui o INE.
Agregados com crianças gastam mais – sobretudo em habitação e transportes
Olhando para a composição familiar, os resultados sugerem que os agregados com crianças dependentes gastaram, em média, mais 8.861 euros do que as famílias sem crianças dependentes, o que se traduz numa despesa mensal média superior em 738 euros.
“Para a diferença na despesa familiar média mensal de 738 euros entre agregados com e sem crianças dependentes, contribuíram sobretudo os encargos com transportes e com habitação, cuja diferença, entre os dois tipos de agregados familiares, superou, em ambos os casos, 100 euros mensais”, conclui o INE. A explicar esta tendência poderá estar o facto das famílias com filhos precisarem de casas maiores (e mais caras) para viver.
A presença de crianças dependentes nos agregados familiares gerou também uma despesa superior em:
- Alimentação: mais 85 euros por mês, em média;
- Restauração e alojamento: mais 79 euros mensais;
- Educação: mais 62 euros.

Custos com a casa pesam mais na Grande Lisboa e menos no Alentejo
A despesas com a habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis é a que pesa mais em todas as regiões do país. Mas na Grande Lisboa verifica-se que há maiores gastos com a casa e, por outro lado, no Alentejo há menos custos que a média nacional.
“O Alentejo e, com menor expressão, a Área Metropolitana de Lisboa se distanciaram da média nacional, sobretudo por via do peso das despesas em habitação – menor do que a média nacional, no caso do Alentejo (34,7% face aos 39,1% de média nacional), e maior do que a média nacional, no caso da Área Metropolitana de Lisboa (42,2%)”, apontam no documento.
Por outro lado, “as famílias residentes na Região Autónoma dos Açores apresentaram o perfil de consumo que mais se afasta da média nacional, dada a maior importância relativa das despesas com transportes (15,0%, que compara com a média nacional de 12,4%), por contrapartida da menor importância das despesas com restaurantes e alojamento (5,0% na Região Autónoma dos Açores e 8,6% para o conjunto do país)”, explica ainda.
Na região Algarve e na Região Autónoma da Madeira, o INE destaca ainda comportamentos diferentes no que respeita às despesas com alimentação, que assumiram, no total da despesa média das famílias, maior (14,8%) e menor peso (11,1%), respetivamente, do que a média nacional (12,9%).
A nível regional, a despesa anual média foi mais elevada na região Norte (25.057 euros), mas também superava a média nacional na Área Metropolitana de Lisboa e na Região Autónoma da Madeira. Pelo contrário, a despesa média regional mais baixa foi observada na Região Autónoma dos Açores (20.439 euros).
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