
Com as famílias a sentirem o poder de compra apertado pela alta inflação e juros, a venda de casas em Portugal foi arrefecendo nos primeiros seis meses de 2023. E assim continuou, uma vez que o número de habitações transacionadas voltou a recuar 18,9% no verão de 2023 em termos homólogos, com o Algarve e a Grande Lisboa a registarem as "reduções mais intensas". Esta queda na procura de casas perante uma oferta estruturalmente escassa, resultou num abrandamento da subida dos preços das casas para 7,6% entre julho e setembro. Este foi mesmo o menor aumento dos preços observado desde o início de 2021, tal como sublinha o Instituto Nacional de Estatística (INE).
“No terceiro trimestre de 2023, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) aumentou 7,6% em termos homólogos, menos 1,1 pontos percentuais (p.p.) que no trimestre anterior, traduzindo-se no aumento de preços menos expressivo observado desde o primeiro trimestre de 2021”, destaca o INE no boletim publicado esta terça-feira, dia 26 de dezembro. Neste período, os preços das casas usadas (+8,1%) cresceram de forma mais intensa que os preços das casas novas (+5,8%) - mas em ambos os casos os valores também abrandaram.
Em relação ao trimestre anterior, as casas vendidas em Portugal ficaram 1,8% mais caras. E tendo em conta a variação anual média, o aumento dos preços foi de 9,0%. Tanto na variação trimestral como na anual, observou-se uma desaceleração da subida dos preços das casas.
Venderam-se menos casas no verão de 2023
Entre julho e setembro de 2023, foram vendidas 34.256 habitações em Portugal, o que corresponde a uma queda de 18,9% face ao número de casas vendidas no mesmo período do ano passado. E, no total, estas transações mobilizaram 7,1 mil milhões de euros, menos 12,2% em termos homólogos.
Quanto à tipologia, assim se dividem as habitações vendidas no terceiro trimestre de 2023:
- Casas usadas: foram vendidas 26.664 habitações (77,8% do total), menos 23,1% que no ano passado. Quanto ao valor, a venda de casas existentes movimentou 4,9 mil milhões de euros, um valor 19,2% inferior face ao mesmo período de 2022;
- Casas novas: foram adquiridas 7.612 casas (22,2% do total), mais 0,2% em termos homólogos. E estas vendas traduziram-se em 2,1 mil milhões de euros, mais 10,3%.
Já olhando para os dados do trimestre anterior, verifica-se uma recuperação em termos de venda de casas (+1,9%) e do respetivo valor mobilizado (+2,4%). E salta à vista que esta ligeira subida é justificada pelo aumento de compra de casas novas (+11,5%) e do valor transacionado (+10,5%), uma vez que o número de casas usadas que foram vendidas desceu ligeiramente entre estes dois momentos, assim como o valor.
Tal como nos trimestres anteriores, a grande maioria das casas foram vendidas as famílias (86,5% do total), totalizando 6 mil milhões de euros. Tanto o número de casas compradas por famílias, como o valor diminuíram em termos homólogos (-19,1% e -13,7%, respetivamente).
Quantas casas foram vendidas em cada região?
A queda da venda de casas no verão de 2023 foi sentida em todas as regiões do país, mas não da mesma forma, com o Algarve e a Grande Lisboa a registar as quedas nas vendas mais intensas, segundo o INE:
- Área Metropolitana de Lisboa: aqui foram transacionadas 9.314 casas, representando 27,2% do total das transações. No que diz respeito ao investimento, foram alocados um total de 2,9 mil milhões de euros (cerca de 40,8% do total);
- Norte: registaram-se 10.314 transações, correspondendo a 30,1% do total. A compra de casas na região Norte do país movimentou 1,75 mil milhões de euros (24,7). Dentro desta região está a Área Metropolitana do Porto, onde foram vendidas 5.451 casas por 1,1 milhões de euros;
- Centro: contabilizou 7.857 transações, quase 23% do total. Estes negócios movimentaram cerca de 982 milhões de euros (14% do total);
- Algarve: aqui foram vendidas 2.643 casas, representado 7,7%. Estas transações somaram cerca de 834 milhões de euros (11,8%);
- Alentejo: nesta região foram compradas 2.634 casas (cerca de 7,7% do total), captando cerca de 322 milhões de euros (4,6%);
- Região Autónoma da Madeira: aqui totalizaram-se 877 transações (2,6% do total). Foram alocados à região madeirense cerca de 212 milhões de euros no verão de 2023 (3,0%);
- Região Autónoma dos Açores: transacionaram-se apenas 617 habitações, o que correspondeu a uma quota regional de 1,8%. Em resultado, foram investidos quase 91 milhões de euros em habitação (1,3% do total).
No terceiro trimestre de 2023, “observaram-se reduções homólogas no número e no valor das transações de alojamentos em todas as regiões. Em ambos os indicadores, o Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa evidenciaram reduções mais intensas do que as registadas ao nível nacional, -27,9% e -25,3%, respetivamente, no número, e -18,9% e -14,8%, pela mesma ordem, no valor”, conclui o INE.
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