
O mercado de habitação voltou a ficar mais caro em 2024, com os preços das casas para comprar a subir 10,4% num ano e as rendas a registar um aumento de 4,7%. Mas os salários das famílias continuam a não acompanhar o ritmo. Isto explica o facto do esforço financeiro exigido para arrendar uma casa em Portugal ter subido para 83% no final de 2024, dois pontos percentuais (p.p.) acima dos 81% registados no mesmo período de 2023. Já na compra de casa, a tendência foi inversa: a taxa de esforço nacional caiu de 72% para 70% em dezembro de 2024, o que pode estar relacionado com a descida dos juros no crédito habitação, tal como se pode concluir a partir da mais recente análise do idealista.
Arrendar casa: taxa de esforço sobe em 9 grandes cidades
Das 20 cidades analisadas, foi em Viana do Castelo onde a taxa de esforço para arrendar casa mais aumentou no último ano, passando de 47% no quarto trimestre de 2023 para 57% no mesmo período de 2024, aumentando 10 p.p.
Entre os maiores aumentos das taxas de esforço para arrendar casa no último ano está ainda Ponta Delgada (8 p.p.), Lisboa (4 p.p.), Setúbal (3 p.p.), Braga (2 p.p.), Coimbra (2 p.p.), Funchal (2 p.p.), Viseu (2 p.p.) e Aveiro (1 p.p.). Na Guarda, Leiria e no Porto a taxa de esforço não variou durante este período.
Por outro lado, a taxa de esforço no arrendamento habitacional diminuiu em Faro (-11 p.p.), Beja (-10 p.p.), Évora (-7 p.p.), Bragança (-6 p.p.), Portalegre (-2 p.p.), Castelo Branco (-2 p.p.), Santarém (-1 p.p.) e Vila Real (-1 p.p.). Isto quer dizer que as rendas das casas passaram a pesar menos nos salários das famílias que vivem nestas cidades.
Lisboa e Funchal são as cidades que requerem o maior esforço por parte das famílias para arrendar uma casa, sendo necessário destinar 91% dos seus rendimentos. Segue-se o Porto (76%), Faro (76%), Setúbal (65%), Aveiro (59%), Ponta Delgada (58%), Viana do Castelo (57%), Braga (56%), Évora (56%), Santarém (50%), Leiria (48%), Viseu (46%), Coimbra (44%) e Vila Real (40%).
Já as cidades onde as rendas da casa pesam menos nos rendimentos familiares são Portalegre (31%), Bragança (32%), Beja (33%), Castelo Branco (34%) e Guarda (35%). De referir que todas as capitais de distrito, com a exceção de Portalegre, Bragança e Beja, apresentaram taxas de esforço superiores ao recomendado, de 33%.
Comprar casa: taxa de esforço cai na maioria das grandes cidades
A percentagem de rendimentos que as famílias devem destinar para comprar casa, aumentou em seis capitais de distrito das 20 analisadas. Foi em Portalegre onde a taxa de esforço mais aumentou, passando de 18% para 22% (+4 p.p.). Seguem-se os aumentos da taxa de esforço em Setúbal (3 p.p.), Vila Real (3 p.p.), Santarém (1 p.p.), Ponta Delgada (1 p.p.) e Bragança (1 p.p.). Já na Guarda e em Viseu, a taxa de esforço para comprar casa não variou durante este período.
Por outro lado, observou-se uma queda da taxa de esforço na compra de casa em 12 das 20 cidades analisadas. Isto pode estar relacionado com a descida das taxas de juro no crédito habitação ao longo de 2024, que contrabalançou a evolução dos preços das casas. Os dados do idealista revelam, assim, que o esforço para comprar casa diminuiu no Funchal (-13 p.p.), Porto (-10 p.p.), Viana do Castelo (-8 p.p.), Faro (-8 p.p.), Lisboa (-8 p.p.), Évora (-7 p.p.), Braga (-6 p.p.), Leiria (-6 p.p.), Castelo Branco (-3 p.p.), Aveiro (-3 p.p.), Coimbra (-2 p.p.) e Beja (-2 p.p.).
No quarto trimestre do ano passado, as cidades com a maior taxa de esforço para comprar casa foram Funchal (102%) e Faro (101%). Isto quer dizer que o rendimento líquido médio das famílias não chega para pagar um crédito habitação, que segue características médias em termos de duração e taxa de juro.
O peso da prestação da casa nos salários também é significativo em Lisboa (95%), Porto (73%), Aveiro (69%), Ponta Delgada (63%), Viana do Castelo (57%), Braga (56%), Leiria (53%), Viseu (50%), Setúbal (50%), Coimbra (47%), Évora (45%), Vila Real (39%) e Santarém (35%).
Verifica-se ainda que há cinco capitais de distrito onde é possível comprar casa com uma taxa de esforço inferior à recomendada, de 33% (em que a prestação da casa pesa menos de um terço do rendimento disponível da família): Guarda (17%), Castelo Branco (19%), Portalegre (22%), Beja (22%) e Bragança (32%).
Metodologia
A taxa de esforço é um indicador que mede o impacto do custo da habitação no poder de compra do agregado familiar. No caso do arrendamento, calcula-se a taxa de esforço como a percentagem anual do rendimento líquido médio do agregado familiar destinada ao pagamento do arrendamento de uma casa. Os valores de arrendamento são obtidos diretamente da fonte de dados do idealista, que disponibiliza preços para cada cidade. Por sua vez, os dados do rendimento líquido familiar são fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
No caso da compra de habitação, a taxa de esforço é calculada como a percentagem anual do rendimento líquido do agregado familiar destinada ao pagamento de um crédito habitação que segue características médias em termos de duração e taxa de juro. Recentemente, devido à descida nas taxas de juro, procedeu-se a uma atualização do cálculo com base nos dados publicados pelo Banco Central Europeu (BCE).
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