Há um “claro desajuste entre a procura e a oferta de alojamento estudantil universitário”, diz Pedro Rutkowski, CEO da Worx.
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Alojamentos para estudantes
Foto de Alexis Brown na Unsplash

A escassez de alojamentos para estudantes teima em não ter resposta, à semelhança do que acontece em todo o segmento residencial em Portugal. Os dados mais recentes apontam para a existência de 194 mil estudantes a necessitar de alojamento, um “número que se antecipa que continue a crescer no médio prazo”, refere a Worx, por ocasião do Dia do Estudante, que se assinala esta segunda-feira (24 de março de 2025).

Segundo a consultora imobiliária, no ano letivo de 2023/2024 houve mais de 448 mil alunos inscritos no Ensino Superior, dos quais 44% eram deslocados, sendo 32% nacionais e 12% internacionais, provenientes, principalmente, dos PALOP (Brasil, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde), da França e da Itália.

Um número que traduz, com referência aos últimos cinco anos, um crescimento anual médio da população estudantil do Ensino Superior de cerca de 3%. Uma “percentagem que é ainda mais elevada no público de estudantes estrangeiros – 14% em média –, evidenciando quer a aposta dos jovens e das famílias na procura de melhores qualificações profissionais, quer a atratividade, interna e externa, das universidades portuguesas”, indica a Worx em comunicado. 

O problema é que a oferta é muito insuficiente para dar suprimir a procura, dai haver cerca de 194 mil estudantes a necessitar de alojamento. 

“Se bem que a oferta de alojamento estudantil tente acompanhar esta procura crescente, o ritmo de resposta continua ainda longe das necessidades”, lê-se na nota. 

As estimativas divulgadas pela consultora são esclarecedoras, com a oferta total existente à data a corresponder a:

  • 16.300 camas em residências universitárias públicas;
  • 10.100 camas em residências privadas;
  • 5.600 quartos em apartamentos privados (setembro de 2024);
  • 1.270 camas em alojamentos protocolados;
  • Um número residual de camas em residências de cariz religioso, o que corresponderá a uma taxa de cobertura de apenas 7% sobre o total da população estudantil universitária e de apenas 17% sobre a população universitária deslocada.

Uma “evidente escassez” de oferta que coloca Portugal num patamar muito inferior quando comparando com outros países europeus. No Reino Unido e na Dinamarca, por exemplo, as taxas de cobertura oscilam entre 30% e 40%, adianta a consultora. 

Esforço conjunto e articulado entre o público e o privado

Citado na nota, Pedro Rutkowski, CEO da Worx, lamenta o “claro desajuste entre a procura e a oferta de alojamento estudantil universitário” e considera que a situação “só poderá ser ultrapassada com um esforço conjunto e articulado entre poderes públicos e ‘stakeholders’ privados”. 

“Sem este esforço coletivo, o mercado continuará a evidenciar a pressão de uma procura insatisfeita e, em consequência, o incremento dos preços, em prejuízo, sobretudo, dos estudantes portugueses e das suas famílias”, acrescenta. 

"[É preciso] um esforço conjunto e articulado entre poderes públicos e ‘stakeholders’ privados. Sem este esforço coletivo, o mercado continuará a evidenciar a pressão de uma procura insatisfeita e, em consequência, o incremento dos preços, em prejuízo, sobretudo, dos estudantes portugueses e suas famílias”
Pedro Rutkowski, CEO da Worx

Uma opinião partilhada por João Tinoco, Investment Director da WORX, que aponta o caminho a seguir: “Há capacidade para criar parcerias colaborativas envolvendo promotores imobiliários, operadores para gerir as residências e até investidores que tragam o capital necessário ao desenvolvimento destes projetos. Estas são soluções ‘win-win’, não apenas para os seus intervenientes diretos, mas também para o mercado e, particularmente, para os estudantes que se debatem anualmente com as enormes dificuldades em conseguir garantir um alojamento estável e condigno ao longo do seu percurso universitário”.

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