Preço da habitação acelera no arranque do ano – e vendem-se mais casas

O setor imobiliário reclama a construção de mais casas, de forma a dar resposta à crise na habitação – ou de acesso a habitação – que se vive no país e a ser possível, assim, aumentar a oferta. E a verdade é que a procura continua a ser elevada e que os preços não param de subir, tendo aumentado, no primeiro trimestre de 2025, 16,3% em termos homólogos. Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), trata-se de um aumento de 4,7 pontos percetuais (p.p.) face ao observado no trimestre anterior, representando um novo máximo histórico da série disponível. E mais: foram transacionadas 41.358 habitações nos primeiros três meses do ano, mais 25% que no mesmo período do ano passado. 

Um cenário que se verifica, recorde-se, num período marcado pela redução das taxas de juro diretoras por parte do Banco Central Europeu (BCE), que por sua vez leva à descida das taxas Euribor e consequentemente da prestação da casa a pagar ao banco pelo crédito habitação, e pela entrada em vigor da garantia pública para os jovens que comprem a primeira casa para viver.

Vamos por partes. No que diz respeito aos preços da habitação, o INE adianta, no boletim divulgado esta segunda-feira (23 de junho de 2025), que o aumento nos imóveis existentes foi de 17,0% (12,4% no 4º trimestre de 2024), sendo superior ao verificado nas habitações novas (14,5%, uma taxa superior em 4,9 p.p. à registada no trimestre anterior). 

Na variação em cadeia, ou seja, entre o 4º trimestre de 2024 e o 1º trimestre de 2025, o IPHab cresceu 4,8% (3% no 4º trimestre de 2024 e 0,6% no 1º trimestre de 2024). “Neste período, as habitações existentes evidenciaram um aumento dos preços de 5,3%, acima da taxa de variação registada nas habitações novas (3,7%)”, adianta o INE.

O instituto adianta ainda que a taxa de variação média anual do IPHab fixou-se em 11,4% no 1º trimestre de 2025, 2,3 p.p. acima do crescimento observado no trimestre anterior. “No período de referência, as habitações existentes apresentaram uma taxa de variação de 12,1%, enquanto nas habitações novas o aumento de preços foi inferior (9,7%)”, conclui. 

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Mais 25% de casas vendidas que há um ano

Relativamente ao número e valor das vendas, foram transacionadas, no primeiro trimestre do ano, 41.358 casas, mais 25% que em idêntico período de 2024 (32,5% no 4º trimestre de 2024). 

“Do total das transações, 8.359 respeitaram a habitações novas, traduzindo-se num aumento de 25,4% relativamente ao trimestre homólogo. As vendas de habitações existentes representaram a maioria das transações (79,8% do total), tendo atingido 32.999 unidades, valor superior em 24,9% face ao registo do mesmo período de 2024”, lê-se no boletim do INE. 

De referir ainda que o número de transações diminuiu 8,5% entre o 4º trimestre de 2024 e o 1º trimestre de 2025 (variação de -3,1% no 1º trimestre de 2024).

Valor de vendas totaliza 9,6 mil milhões de euros

A acelerar está também o valor dos alojamentos transacionados, que totalizou 9,6 mil milhões de euros entre janeiro e março de 2025, o que significa um aumento de 42,9% face ao mesmo trimestre de 2024. 

“No trimestre em análise, observou-se uma variação homóloga de 43,2% no valor das transações das habitações existentes, perfazendo 7,0 mil milhões de euros e um aumento de 42,0% no valor das habitações novas, totalizando 2,6 mil milhões de euros”, mostram os números oficiais. 

Na variação em cadeia, ou seja, relativamente ao trimestre anterior, o valor das habitações transacionadas, no 1º trimestre de 2025, registou uma redução de 5,5% (+12,4% no 4º trimestre de 2024). 

“No 1º trimestre de 2025, as habitações adquiridas por compradores pertencentes ao setor institucional das Famílias ascenderam a 35.967 unidades, correspondendo a 87,0% do total, o peso relativo mais elevado desde o 2º trimestre de 2022. (…) Em valor, as vendas de habitações a Famílias corresponderam a 8,3 mil milhões de euros, 86,2% do total, apresentando um crescimento homólogo de 46,3% e uma taxa de variação de -3,8% face ao trimestre anterior”, indica o INE.

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Compra de casas por estrangeiros em mínimos de 2021

Destaque ainda para o facto de, no período em análise, as habitações adquiridas por compradores com domicílio fiscal em Território Nacional terem aumentado 26,6% em termos homólogos, para 39.260 unidades, sendo que apenas 5,1% das habitações transacionadas (2.098 unidades) envolveram compradores com domicílio fiscal fora do Território Nacional: 2,7% da União Europeia e 2,45 dos restantes países a 2,4%. 

De acordo com o INE, o peso relativo das aquisições por compradores com domicílio fiscal distinto do Território Nacional (estrangeiros) foi o mais baixo desde o 2º trimestre de 2021. 

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É no Norte do país que se vendem mais casas

Numa análise por regiões, o Norte liderou o número de vendas no 1º trimestre com 12.285 transações, concentrando 29,7% do total das vendas, menos 0,3 p.p. face ao período homólogo. Seguem-se na lista a Grande Lisboa (8.018 unidades vendidas) e o Centro (6.501), representando 19,4% e 15,7% do total, respetivamente.

“Em valor, a Península de Setúbal e a Região Autónoma da Madeira foram as regiões que registaram os maiores acréscimos homólogos em termos de quotas relativas, respetivamente, 0,6 p.p. e 0,4 p.p., perfazendo, no primeiro caso, 9,9% do valor total e 2,8%, no segundo. No trimestre de referência, a Grande Lisboa e o Algarve que, no seu conjunto, concentraram 42,4% do montante total transacionado registaram reduções nas suas quotas regionais por comparação com o período homólogo de -0,7 p.p. e -0,3 p.p., pela mesma ordem”, conclui o INE.