Terrenos digitais podem custar 20.000 euros. E como funciona o 1º metaverso espanhol? O idealista/news foi descobrir.
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Comprar casas digitais
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O mercado imobiliário está hoje mais digitalizado que nunca, um movimento que foi ainda mais impulsionado pela pandemia. Mas em 2022, prevê-se que a abordagem seja ainda mais tecnológica e futurista. Isto porque há uma nova tendência a florescer pelo mundo: comercializar casas e terrenos virtuais. O chamado metaverso chegou ao imobiliário e está a expandir-se a alta velocidade. A vizinha Espanha já conta, aliás, com o seu primeiro metaverso, a Uttopion, que começou recentemente a vender terrenos digitais com preços que oscilam entre os 2.000 e os 20.000 euros. Mas como é que tudo isto funciona? O idealista/news foi procurar respostas.

Criar uma vila ou cidade virtual, onde se pode comprar e vender propriedades, replicar negócios e fazer eventos. Assim se pode resumir o que é o metaverso imobiliário. E como é que se atraem investidores para este universo digital? Oferendo casas grátis aos participantes e muita perspetiva de crescimento, garantem desde a Uttopion.

“A nossa missão é criar um ambiente virtual incrível para ajudar uttopians (utilizadores), metastreamers (criadores de conteúdo) e marcas a conectarem-se com a sua comunidade num espaço virtual que é adquirido como NFT [non-fungible token] e pode ser totalmente personalizável”, explica Soraya Cadalso, cofundadora da Uttopion, um projeto que foi amadurecido na Lanzadera (a aceleradora de start-ups do presidente da Mercadona Juan Roig).

Metaverso imobiliário
Imagem do metaverso Metaverso de Uttopion

Como funciona o primeiro metaverso espanhol?

Neste universo digital e paralelo “as possibilidades são infinitas”, diz Soraya Cadalso ao idealista/news. “Nós somos um metaverso híbrido, garantindo o imóvel aos nossos owners (proprietários) através de blockchain e controlando os conceitos criados pelos utilizadores de forma a garantir que estes agregam valor à comunidade a que pertencem”, explica ainda. Aqui, “podes construir uma réplica virtual do teu negócio e vender produtos digitais e reais, realizar um evento virtual com venda de bilhetes ou criar experiências únicas para teus clientes e fãs”, acrescenta a cofundadora do primeiro metaverso espanhol.

A Uttopion tem dois espaços muito diferentes dentro do mesmo metaverso. Num lado está a Musichood, um espaço criado para acolher eventos e negócios ligados ao setor da música. E noutro está a Sportsvilla, especializada em desporto. Foram colocados à venda 500 terrenos de cada espaço, somando um total de mil e para os quais a Uttopion já tem mil propostas.

Digitalização no imobiliário
Foto de Andrea Piacquadio en Pexels

Quanto à tipologia de terrenos, o metaverso Uttopion tem diferentes modelos e preços diferenciados:

  • Content Terra: o tipo de terrenos “mais básico” que servem para gerar conteúdo;
  • Art Terra: reservado para arte conceitual e NFTs;
  • Delivery Terra: que é para empresas com serviço de 'delivery';
  • Branding Terra: terreno para ações e marketing;
  • Finance Terra: para produtos financeiros, bancos e criptos;
  • Shop Terra: para qualquer tipo de loja, principalmente e-commerce;
  • Insurance Terra: para produtos relacionados ao negócio de seguros;
  • Joker Terra: apenas para investidores, pois são terrenos exclusivos.

“Faz sentido que cada terreno tenha uma atividade a explorar, e que o metaverso, dentro das suas possibilidades quase infinitas, tenha uma ordem”, explica diz Soraya Cadalso. No final, o metaverso do Uttopion é um reflexo do mundo real, onde os terrenos também têm licença.

Cidades digitais
Photo by Denys Nevozhai on Unsplash

O que acontece quando se compra um terreno virtual?

Para já, a Uttopion fechou reuniões com 1.000 interessados ​​nas 1.000 parcelas disponíveis. “Acho que não vamos vender 100% dos terrenos nesta primeira fase, mas estaremos perto de 80%”, revela. Esta pré-venda vai oferecer preços um pouco mais baratos na compra de terrenos. Ou seja, os interessados ​​em comprar terrenos neste metaverso e que não se tenham registado na pré-venda terão preços mais elevados.

Depois de efetuada a compra no metaverso, a Uttopion dá ao proprietário um terreno, que é um NFT ERC-721 com um código único garantido por um contrato digital. "Como a propriedade é tua, podes explorá-la, alugá-la ou vendê-la respeitando os termos e condições", dizem desde a empresa.

Comprar terreno virtual
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Comparando com as transações no mundo real, Uttopion explica que “uma empresa compra o terreno no metaverso. Uma vez comprado, tens uma escolha: construir um edifício básico, que permite personalização limitada, ou encarregar-nos de projetar e construir um edifício sob medida”. Claro que este é um serviço faturado à parte, sendo uma das receitas esperadas no médio prazo.

Quanto às casas 'gratuitas', nesta versão a Uttopion oferece a todos os utilizadores da comunidade o seu próprio espaço onde podem organizar encontros com outros avatares. “No momento, o espaço não é muito personalizável, mas em futuras atualizações, o utilizador poderá comprar elementos para as suas casas, mudar a cor das paredes ou fazer modificações”, diz a cofundadora do projeto. Estas casas são “espaços que estão na nuvem e fazem parte do nosso metaverso”.

Digitalização das cidades
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O que é, afinal, o metaverso?

O metaverso gerou grande polémica entre os internautas por ser um conceito difuso e muito amplo. Mas o que é? O metaverso ou metauniverso (sigla para meta, 'além' e 'universo') é um conceito que denota a próxima geração da internet, que descreve uma experiência imersiva e multissensorial no uso aplicado de diversos dispositivos e desenvolvimentos tecnológicos na internet.

No ramo imobiliário é um termo cada vez mais utilizado, pois há cada vez mais negócios a serem gerados neste universo digital. Durante 2021, a venda de imóveis no metaverso atingiu os 500 milhões de dólares (cerca de 444 milhões de euros) em todo o mundo, segundo a CNBC. Este valor surgiu num relatório elaborado pela MetaMetric Solutions, tendo sido baseado nas quatro plataformas virtuais mais importantes da atualidade: The Sandbox, Decentraland, Cryptovoxels e Somnium Space.

Como comprar casas digitais na metaverso
Foto de Vlada Karpovich en Pexels

Dez anos depois, a evolução do metaverso está à vista. E espera-se que o imobiliário continue a crescer neste universo. O mesmo relatório indica que só as vendas registadas em janeiro de 2022 atingiram 85 milhões de dólares (75 milhões de euros). E ainda que se a tendência continuar podem chegar aos 1.000 milhões de dólares (888 milhões de euros) ao longo do ano, ou seja, o dobro do que foi alcançado no ano passado.

Tanto é assim que em Espanha já existem players imobiliários que estão a investir no metaverso. A Metrovacesa anunciou recentemente a sua parceria com a Datacasas Proptech (start-up espanhola especializada na venda online de imóveis) para começar a comercializar casas desenvolvidas pela promotora no metaverso. Desta forma, a Metrovacesa torna-se no primeiro promotor espanhol a aceder a este espaço virtual e a vender os seus imóveis, conforme explicam em comunicado.

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