Os preços das casas em Tóquio estão a atingir níveis nunca antes vistos desde a bolha imobiliária de 1980. Mas porque é que isto está a acontecer? Em parte devido à concorrência entre investidores estrangeiros e empresários japoneses. E também devido à falta de oferta de casas de luxo no país.
Segundo dados da consultora Tokyo Kantei, o preço por metro quadrado das casas atingiu os 1,62 milhões de ienes (10.247 euros à taxa de câmbio atual) no terceiro trimestre de 2023, um valor acima do máximo de 1,4 milhões de ienes (8.861 euros) registado em 1990. E o preço médio dos novos apartamentos atingiu um recorde, chegando aos 88,7 milhões de ienes (560 mil euros) no primeiro semestre, segundo aponta o Real Estate Economic Institute, que monitoriza a atividade imobiliária no país, escreve o Financial Times.
Os preços das casas são inacessíveis para a maioria da população de Tóquio
Embora os preços continuem abaixo de outras grandes cidades, muitos analistas da UBS dizem que os atuais preços das casas estão em níveis inacessíveis para a maioria da população da cidade. E são menos acessíveis para os residente de Tóquio do que para os residentes de outras grandes zonas, como Hong Kong.
Um trabalhador médio teria que destinar cerca de 15 anos do seu salário para adquirir um apartamento de 60 m2 no centro de Tóquio. Já em Londres uma família tem de gastar uma média de 11 anos de salário disponível, em Singapura cerca de 10 anos e em Nova Iorque o mesmo trabalhador precisaria de destinar 8 anos para comprar uma casa, aponta o banco suíço citado pelo mesmo jornal.
Tal como na maior parte do mundo, o principal problema do acesso à habitação em Tóquio prende-se com a baixa oferta de casas no mercado. Em 2022, o mercado residencial da capital do Japão tinha 10.800 apartamentos disponíveis, segundo dados da Cushman & Wakefield, sendo este o registo mais baixo dos últimos 20 anos. Como se não bastasse, a Tokyo Kantei afirmou que a oferta diminuiu ainda mais ao longo de 2023, o que fez dispara os preços das casas de forma desproporcional.
Investidores estrangeiros aproveitam um iene barato
Há vários investidores estrangeiros - vindos da China, por exemplo - que estão a entrar no setor imobiliário japonês, devido às diferenças nas taxas de câmbio. A taxa de câmbio real efetiva do iene está hoje no mínimo registado nos últimos 50 anos, levando a que os investidores estrangeiros consigam comprar imóveis com menos dinheiro, refere a mesma publicação.
A chegada dos compradores estrangeiros ao Japão não tem, para já, fim à vista. E esta elevada procura tem impulsionado a escassez de oferta de imóveis de luxo e a subida dos preços: agora, há apenas cerca de 100 apartamentos de luxo por cerca de 1.000 milhões de ienes (6,33 milhões de euros). Na torre Azabudai Hillsha, em Tóquio, o apartamento mais luxuoso atingiu os 22 mil milhões de ienes (139,26 milhões de euros).
O aumento dos preços da construção e o custo da mão de obra também tem alimentado o incremento dos preços das casas em Tóquio, segundo a análise do Real Estate Economic Institute. Tudo isto aliado à falta de mão de obra especializada faz com que estes aumentos ocorram num contexto muito diferente daquele que se podia observar durante a bolha imobiliária, nos anos 80.
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