Residências sénior e outros imóveis de cuidados de saúde estão em falta em Portugal e no mundo. Investidores já estão atentos.
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Residências para idosos
Foto de Kampus Production no Pexels

A esperança média de vida está a aumentar a nível mundial, levando a que haja um crescimento da população idosa, com 65 ou mais anos. A par de tudo isto, estima-se que haja uma redução da população em idade ativa no globo, bem como em Portugal. Todos estes fatores, juntos, vão alterar a procura no imobiliário, gerando novas oportunidades de investimento, em residências sénior, por exemplo. Mas também criam desafios no futuro. 

Os dados mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que a população mundial cresceu 26% desde 2000, segundo cita Paul Leonard, o diretor de Research, Real Estate, Américas da Nuveen. E este crescimento é o resultado da evolução de vários indicadores demográficos, como:

  • Esperança média de vida está a aumentar: de 66,8 anos em 2000 para 73,1 anos em 2019. Em resultado, a população idosa está a crescer em muitos países, como é o caso do Japão e de Portugal;
  • População em idade ativa (entre os 15 e os 64 anos) está estagnada: em vários países o aumento do número de idosos coincide com o declínio das taxas de fertilidade. “Na Europa, na China e no Japão, a população em idade ativa vai começar a diminuir, em termos absolutos, durante os próximos 20 anos”, destaca o especialista;
  • Crescimento populacional em todas as faixas etárias: a população da Índia ultrapassou a da China, passando a ser o país mais populoso do mundo. Além disso, os países africanos também deverão registar um aumento populacional, graças às elevadas taxas de natalidade registadas nos últimos 20 anos. “No futuro, o continente africano terá provavelmente a maior população em idade ativa”, conclui Paul Leonard.

No caso de Portugal, os dados dos Censos 2021 revelaram que a população caiu 2,1% em dez anos, contabilizando-se 10.343.066 residentes no país, dos quais 23,4% eram idosos com 65 ou mais anos. E concluiu-se ainda que “em consequência da baixa natalidade e do aumento da longevidade que caracterizam as últimas décadas, a pirâmide etária correspondente aos Censos 2021 reflete uma população envelhecida, evidenciando um estreitamento dos grupos etários da sua base e um alargamento nas idades mais elevadas”.

Envelhecimento da população
Foto de Richard Sagredo na Unsplash

Que oportunidades no imobiliário global nascem das tendências demográficas?

As tendências demográficas que afetam a evolução da população mundial variam muito nos quatro cantos do mundo. “Mas nas regiões onde se espera que a população idosa supere a população em idade ativa, a procura imobiliária poderá mudar radicalmente”, antecipa o responsável imobiliário da Nuveen.

Portanto, o aumento da população com 65 anos ou mais vai gerar novas oportunidades de investimento imobiliário em vários países, nomeadamente na Europa, com destaque para Portugal:

  • Construção de residências sénior;
  • Desenvolvimento de centros de cuidados de saúde para idosos;
  • Reabilitar edifícios subutilizados para criar casas para idosos ou outros serviços de saúde.

“A aposta no desenvolvimento de centros de cuidados de saúde sénior poderá ser uma área interessante para os investidores imobiliários, uma vez que a procura atualmente excede a oferta”, destaca Paul Leonard. Além disso, “o setor da construção residencial para idosos (…) também poderá registar uma maior procura no futuro”, sublinha ainda. 

Em Portugal, estima-se que haja apenas 104.700 camas em residências para idosos, uma oferta insuficiente perante o envelhecimento da população que pressiona a procura. "O país tem de se preparar para o crescimento do número de idosos a carecerem de alojamento e oferecer-lhes condições que lhes permita ter uma vida digna", disse Ricardo Reis, diretor do departamento de Avaliação & Advisory da Cushman & Wakefield, consultora que concluiu, num recente estudo, que “a tendência é que o investimento internacional comece a ganhar mais peso nas residências seniores nacionais”.

“A adaptação das necessidades imobiliárias ao envelhecimento da população vai exigir investimentos do setor privado”, Paul Leonard, o diretor de Research e Real Estate da Nuveen

Aliás, como há falta de oferta, as residências para idosos (e outros imóveis do setor da saúde) tendem a apresentar rentabilidades mais interessantes para os investidores imobiliários do que os setores tradicionais, como escritórios e retalho. “Se a procura de escritórios e similares diminuir em linha com o declínio da população em idade ativa, os promotores imobiliários podem considerar esses imóveis como oportunidades de desenvolvimento para satisfazer a procura crescente em setores como a hotelaria, a construção de casas e cuidados para idosos”, acredita o responsável de imobiliário da Nuveen.

Até porque a resposta às necessidades dos idosos não pode depender apenas de projetos de construção nova. “A renovação de propriedades existentes – por exemplo, edifícios de escritórios em cidades com uma força de trabalho cada vez menor [como o Reino Unido, China e Japão, onde a população em idade ativa está a diminuir] – vai oferecer aos promotores a oportunidade de responder às crescentes e variadas necessidades de cuidados aos idosos”, acrescenta ainda Paul Leonard.

Tal como acontece noutras tendências no mundo imobiliário, como a transição para uma economia carbono zero, “a adaptação das necessidades imobiliárias ao envelhecimento da população vai exigir investimentos do setor privado”, tornando a oferta de camas e cuidados de saúde para a população idosa numa “oportunidade de investimento cada vez mais importante para o setor imobiliário”, conclui o mesmo especialista.

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