
Depois de se saber no final de janeiro que António Tomás Correia está a ser investigado por suspeitas de burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e “eventualmente corrupção” devido a um negócio com terrenos em Alfragide, o ex-presidente Caixa Económica Montepio Geral foi agora constituído arguido pelo Ministério Público no âmbito de um processso de venda de terrenos em Coimbra, que decorreu em paralelo com a OPA do banco sobre o Finibanco.
Neste caso, o antigo líder do Montepio entre 2008 e 2015, não está sozinho. Também o presidente da Martifer, Carlos Martins, e o ex-presidente do Finibanco, Humberto Costa Leite, a par de outros gestores e sociedades, foram constituídos arguidos no final do mês passado, segundo conta o Público.
O processo-crime chegou a ser arquivado, mas depois de solicitada a reabertura do processo, o Ministério Público de Viseu comunicou que avançará com a investigação.
Como foi feito o negócio
Em causa está a venda de 30 hectares à entrada de Coimbra, conhecidos por Colinas de Vale Meão, tendo o negócio decorrido em paralelo com a Oferta Pública de Aquisição (OPA), em 2010, pelo banco Montepio — Caixa Económica Montepio Geral sobre o antigo Finibanco. As instituições eram lideradas na altura por Tomás Correia e Humberto Costa Leite (do grupo Vicaima), respetivamente.
A operação de bolsa valeu 341 milhões de euros, 100 milhões acima das avaliações feitas. Já a aquisição de terreno em Coimbra, detalha o jornal, envolveu 32,4 milhões de euros e é esta matéria que consta do despacho de janeiro, diz o jornal.
A transação imobiliária tinha como vendedor a Vilões (que mais tarde passou a Apícula), detida pelo jurista Tavares de Almeida — na altura, também administrador e auditor do Finibanco — que foi a tribunal reclamar o pagamento de uma dívida de 17 milhões.
As caras da operação
Sobre os arguidos recaem suspeitas de insolvência dolosa e de burla qualificada, emissão de cheques sem provisão, acordos estabelecidos com intuito de não serem cumpridos e venda de terrenos, sem que tenham sido pagos ao proprietário inicial, para liquidar responsabilidades em incumprimento de terceiros.
Além de Tomás Correia, Carlos Martins e Humberto Costa Leite, também foram constituídos arguidos Fernando Magalhães (Montepio), Bessa Monteiro e Ricardo Henriques (ligados à Vicaima, que detinha o Finibanco), Ricardo Henriques (colaborador de Carlos Martins) e José Pucarinho (empresário da Prestige). Caixa Económica Montepio Geral, Montepio Imóveis, Vicaima e imobiliária Prestige são igualmente visadas já que os dirigentes atuaram em seu nome.
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