Lisboa continua a ser uma cidade onde o risco sísmico é muito elevado, sendo a segunda metrópole europeia onde este risco é maior. Desde 1755 que a capital não sente o abalo de um terramoto, mas a acontecer, então um terço de Lisboa ficará em escombros. Esta situação de perigo iminente é agravada, também, pela falta de prevenção e fiscalização da construção. Assim, para lembrar a população sobre como reagir em caso de abalo sísmico, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) realiza esta sexta-feira, às 10h13 e durante um minuto, o exercício nacional “A Terra Treme”, para a assinalar o Dia Internacional para a Redução de Catástrofes.
Lisboa e Vale do Tejo e Algarve no centro das atenções
"Não conseguimos prever quando será o próximo, mas quando vier será muito forte", afirma o engenheiro sísmico Mário Lopes, professor no Departamento de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico, ao Diário de Notícias. Pior que Lisboa, neste momento, só mesmo Istambul, na Turquia, onde a construção existente ainda é pior que na capital portuguesa. Um sismo forte na Turquia poderá provocar 100 mil mortes, sendo que em Portugal pode chegar às 20 ou 30 mil mortes.
Em Portugal o risco agrava-se também pela "falta de prevenção e de fiscalização da construção e da reabilitação de edifícios que não inclui o reforço sísmico das casas, que está previsto num regulamento de 1958", considera o perito.
O chefe do Núcleo de Engenharia Sísmica e Dinâmica de Estruturas do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), Alfredo Campos Costa, partilha a mesma opinião: "Temos um parque de edifícios velhos e desocupados em Lisboa e Setúbal e algumas dessas casas estão a ser reabilitadas. Ou seja, estão a colocar pessoas a viver nessas casas o que é aumentar o risco".
De recordar que o idealista/news preparou um conjunto de reportagens a propósito deste tema, nas quais questionou vários especialistas sobre o risco sísmico elevado em Lisboa, e cujas declarações vale a pena recuperar:
- João Appelton, engenheiro civil: "Vai com certeza haver outro de grande magnitude e violência"
- Carlos Manuel Castro, vereador da Proteção Civil de Lisboa: "Preparar a capital para reagir tornou-se prioritário para a Câmara de Lisboa"
- Marta Sotto-Mayor, diretora Municipal de Habitação de Lisboa: "As casas não estão preparadas e vão cair com um castelo de cartas"
- João Appleton, engenheiro civil:"É urgente criar um regulamento para a reabilitação urbana para evitar desastres maiores"
- Helena Roseta, arquiteta e presidente da Assembleia Municipal de Lisboa: "A prevenção do risco sísmico é muito urgente”
- Aníbal Guimarães da Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica: "Certificação sísmica dos edifícios ficará pronta este ano"
- Vox Pop: O que pensam e sabem (ou não) os lisboetas sobre sismos
“Baixar, Proteger e Aguardar” é o lema do exercício
O exercício nacional “A Terra treme”, que se realiza amanhã (13 de outubro), envolve as autarquias de Lisboa, Porto, Coimbra e Faro e várias escolas. Durante um minuto, todas as pessoas que se inscreveram para participar irão executar os três gestos que salvam vidas: Baixar, Proteger e Aguardar. "Baixamo-nos para diminuir o centro de gravidade e irmos mais rapidamente para o sítio onde nos devemos abrigar e proteger. Depois ficamos de cócoras para nos protegermos, num sítio seguro, por baixo de uma mesa ou na ombreira de uma porta. E depois aguardamos, durante um minuto, o tempo da ação sísmica, e podemos contar em voz alta até 50", explica o chefe da divisão de comunicação e sensibilização da Proteção Civil, Jorge Dias, ao Diário de Notícias.
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