
O licenciamento urbano é um problema histórico em Portugal e, em especial, em Lisboa. Hoje, há mais de 3.100 projetos à espera de licença para avançar só na capital. Os players do mercado há muito que alertam para esta questão e reclamam mudanças. E, agora, a autarquia de Lisboa está empenhada em alterar este cenário fazendo, desde logo, uma análise à organização interna do departamento de Urbanismo. O primeiro passo já foi dado: a Câmara de Lisboa criou uma equipa interna focada em agilizar e desburocratizar os processos de licenciamento urbano na cidade.
O complexo quadro legal e o incumprimento de prazos nos licenciamentos urbanos são dois problemas há muito apontados pela fileira da construção e imobiliário. E, Hugo Santos Ferreira, presidente da Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII), considera mesmo que “resolver o caos dos licenciamentos urbanísticos que se agudizam nas câmaras municipais” é um dos temas que merecem a máxima atenção por parte do próximo Governo socialista, que, ao ter conquistado a maioria absoluta, terá “capacidade para grandes e profundas reformas”, disse em declarações ao idealista/news.
Um dos casos gritantes é mesmo o de Lisboa. Segundo o presidente da APPII, se o processo de licenciamento se arrastar na câmara por 3 ou 4 anos, o valor de uma casa poderá mesmo duplicar e chegar aos 4.000 euros por metro quadrado. Isto quer dizer que o problema de licenciamento esta a “inviabilizar os portugueses de terem acesso a um direito fundamental, que é ter habitação”, conclui Hugo Santos Ferreira.

O que está a mudar em Lisboa?
Também a nova vereadora do Urbanismo de Lisboa reconhece que há um “problema” no que diz respeito aos licenciamentos, já que há cerca de 3.100 processos de edificação à espera de uma decisão final, cita o ECO. Mas o que está por detrás destes problemas? É o que Joana Almeida está hoje a analisar. Mas reconhece, desde logo, que “os recursos humanos a trabalhar na resposta a estes pedidos não são suficientes”, disse citada pelo mesmo meio. As medidas a aplicar deverão passar por reorganizar a equipa, por uniformizar critérios e procedimentos e ainda por promover uma maior cooperação entre departamentos.
Para que seja possível implementar medidas no curto e médio prazo no sentido de tornar os licenciamentos mais “céleres, organizados e menos burocratizados”, a Câmara de Lisboa criou uma equipa que se vai dedicar à inovação organizacional do urbanismo e ainda uma “comissão de concertação”, que vai fazer a apreciação técnica de matérias mais complexas que justificam o envolvimento de outros serviços municipais.
A ideia passa também por melhorar a comunicação interna da autarquia, através da criação de canais e fóruns para partilhar informação, e ainda a comunicação externa, com os cidadãos, para tornar os processos mais transparentes, de fácil leitura e menos burocráticos. Com tudo isto, a vereadora do Urbanismo acredita que “vamos conseguir prazos mais curtos” de licenciamento.

Para poder comentar deves entrar na tua conta