Taxas fixas nos novos créditos habitação em Portugal estão a subir ao mesmo ritmo das variáveis, apontam dados do BdP.
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Taxa fixa no crédito habitação
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O crédito habitação está a ficar mais caro por via da subida das taxas de juro diretoras pelo Banco Central Europeu (BCE). As taxas variáveis estão a aumentar mês após mês em Portugal, dada a subida da Euribor para todos os prazos. E também a oferta de taxa fixa está a ficar mais cara no nosso país. Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) mostram que em novembro a taxa fixa média nos novos empréstimos habitação superou os 4%, o dobro da taxa apurada no final de 2022.

Mesmo com as taxas Euribor a galopar à medida que o regulador europeu decide subir os juros diretores – de julho a dezembro aumentou as taxas em 250 pontos base -, a maioria das famílias que contrata crédito habitação em Portugal continua a apostar na taxa variável. Segundo os dados do BdP, 80% do montante concedido em novos empréstimos para a aquisição de habitação própria e permanente foi de taxa variável.

Mas houve uma ligeira mudança entre outubro e novembro: apesar da taxa variável ser dominante, está a perder terreno para a taxa mista, que permite um maior conforto das famílias ao fixar a taxa por um determinado período inicial (5, 10 ou 15 anos, por exemplo), seguido de um período de taxa variável. Em outubro, a taxa mista representava 9% do montante dos novos créditos para a compra de habitação própria e permanente, um valor que subiu para 13% em novembro (+4 pontos percentuais). Entre estes dois momentos, a taxa fixa continuou a pesar 7% deste montante, destaca o boletim do BdP publicado esta quarta-feira, dia 4 de janeiro.

Porque não fixar a taxa ao longo de todo o crédito habitação?

Estes dados indicam que há mais famílias a encontrar na taxa mista um refúgio para se protegerem da atual volatilidade do mercado que logo se reflete nas taxas Euribor. Mas porque não fixar a taxa ao longo de todo o contrato?

Por detrás desta decisão das famílias está o facto de as taxas fixas estarem a subir ao mesmo ritmo das taxas variáveis no nosso país. E de serem bem mais elevadas. As taxas fixas médias estavam 1,3 pontos percentuais (p.p) superiores às taxas variáveis médias em novembro, mostram os dados.

  • Taxa variável no crédito habitação e indexada à Euribor: a taxa de juro média dos novos contratos subiu de 0,6% em dezembro de 2021 para 2,6% em outubro de 2022, revela o regulador. Em novembro, ficou ainda mais próxima do patamar dos 3%.
  • Taxa fixa no crédito habitação: a taxa de juro média dos novos contratos subiu de 2,1% em dezembro do ano passado para 4,1% em outubro de 2022. Em novembro, voltou a subir ligeiramente permanecendo acima dos 4%.

“Apesar de as taxas de juro médias aplicadas aos contratos a taxa fixa serem superiores às aplicadas aos contratos a taxa variável, o diferencial entre as duas taxas reduziu-se em novembro (1,3 pontos percentuais em novembro, depois de ter atingido 1,5 em outubro)”, destaca o regulador liderado por Mário Centeno.

A subida das taxas fixas nos novos créditos habitação em Portugal ao mesmo ritmo das variáveis é explicada pelo facto de os bancos ajustarem as suas ofertas ao preço do dinheiro definido pelo BCE.

Em resultado, a taxa de juro média dos novos empréstimos habitação atingiu os 3,08% em novembro, o valor mais elevado desde janeiro de 2015. E manteve-se, assim, pelo segundo mês consecutivo acima da média europeia, que chegou aos 2,81% em novembro.

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