Com a taxa fixa a prestação da casa não mexe do início ao fim do empréstimo, ao contrário da taxa variável indexada à Euribor.
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Crédito habitação de taxa fixa
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Com a subida da Euribor em todos os prazos, contratar um crédito habitação de taxa de juro variável está a tornar-se menos interessante para as famílias portuguesas. Isto porque, ao longo do contrato, a prestação da casa vai subir ou descer de acordo com as flutuações das taxas de referência europeia, sejam trimestral, semestral ou anualmente. E num contexto de instabilidade económica marcada pela inflação e pela guerra da Ucrânia, há mais famílias que estão a procurar taxas de juro fixas para contratar um empréstimo da casa, já que nesta opção a prestação da casa não mexe.

Este mesmo cenário é confirmado por Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal, revelando que “efetivamente temos os clientes muito mais sensíveis ao tema da taxa mista/fixa e que nos questionam por ofertas desse tipo de produto”.

De notar que as famílias ao contratarem uma taxa fixa no crédito habitação, vão pagar exatamente a mesma prestação da casa de início ao fim do contrato, trazendo mais estabilidade para o orçamento familiar. E que embora no início do contrato a prestação em taxa fixa possa ser mais elevada, pode compensar no longo prazo, num cenário de Euribor mais alta. Ou seja, quem hoje contratar um empréstimo habitação de taxa fixa poderá vir a pagar uma prestação mais baixa do que quem contratou um crédito de taxa variável, isto num panorama de subida da Euribor. Recorde-se que em 2008, durante a crise financeira, as taxas Euribor atingiram os 5%, sendo que atualmente a Euribor a 12 meses aproxima-se de 1% e a Euribor a 6 meses já está positiva.

Mas é importante notar que este contexto de subida da Euribor - que se vai agravar ainda mais com o aumento taxa de juro diretora pelo Banco Central Europeu confirmada para julho - também influenciam as ofertas de crédito habitação de taxa fixa dos bancos. “Algo que deve ser tido em conta é que os valores das taxas fixas também respondem ao agravamento das taxas. Por exemplo, há 1 ano era possível fixar a taxa do crédito habitação a 30 anos por 1,30%, hoje já é difícil abaixo de 2,30%”, explica o mesmo responsável, concluindo que “a opção por taxa fixa não é assim tão simples, pois não sabemos até quanto poderão subir as taxas Euribor e durante quanto tempo se manterão em determinado patamar”.

Taxa fixa do crédito habitação
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Taxa fixa no crédito habitação pode dar mais tranquilidade às famílias

Quem contratou um crédito habitação de taxa variável vai acabar por ver a sua prestação da casa aumentar. Isto acontece porque as prestações vão sendo atualizadas consoante os prazos da Euribor contratados, a 3, 6 ou 12 meses. Por exemplo, quem tiver um crédito habitação com taxa variável indexado à Euribor a 12 meses com revisão em março, só sentirá o aumento para o ano.

E quem vai sofrer mais o impacto desta subida das prestações da casa? “O aumento da Euribor tem maior impacto nos empréstimos mais recentes, uma vez que peso dos juros na prestação é maior face aos empréstimos no final da sua maturidade”, explica Miguel Cabrita. E neste artigo podes ver como a subida da Euribor está já a afetar as prestações da casa dos novos créditos habitação.

É por isso que o mesmo especialista recomenda que “as famílias antecipem possíveis problemas que poderão ter com a subida de taxas de juro”. E coloca dois cenários possíveis:

  • Se o orçamento familiar hoje já está muito apertado, então deverão antecipar a dificuldade pelo qual vão passar, através de gestão do respetivo orçamento;
  • Quem tiver maior folga no orçamento deve acautelar o acréscimo atual controlando novas despesas.

“Em ambos os casos, faz sentido fixar a taxa para conseguirem maior tranquilidade mesmo que pese mais no orçamento, no imediato”, conclui o responsável. Há também já vários bancos a apontar a taxa fixa do crédito habitação como refúgio financeiro para as famílias.

Prestação da casa com taxa fixa
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Como proteger o crédito habitação e evitar incumprimento?

Recorde-se que os bancos têm mecanismos de proteção adicional às famílias, que são acionados sempre que soem os alarmes de dificuldades de pagamento da prestação da casa e incumprimento do crédito habitação. E quanto mais cedo as dificuldades foram identificadas, melhor resposta poderá ser dada. São eles:

  • Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI): este mecanismo é acionado, pelo consumidor ou pelo banco, quando há a possibilidade de existir uma situação de incumprimento e passa por procurar soluções alternativas ou por renegociar o contrato para evitar falhas de pagamento.
  • Procedimento Extrajudicial de Regularização de Situações de Incumprimento (PERSI): é acionado quando já há situações de incumprimento. Nestes casos, o banco e o cliente devem encontrar uma solução para retomar o pagamento das prestações.
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