Os dias mais quentes do ano já estão a chegar a Portugal em pleno abril. E por isso importa saber como é que os portugueses avaliam o conforto térmico das suas casas, num momento em que a inflação continua a pressionar os seus orçamentos. A verdade é que a esmagadora maioria dos portugueses ainda sente que a sua casa é desconfortável em termos energéticos. E quem se sente confortável em casa tem de ganhar energia (e dinheiro) em climatização, aponta o inquérito mais recente do Portal da Construção Sustentável (PCS). Isto quer dizer que a maioria dos portugueses vive em casas que ficam muito frias durante o inverno e muito quentes durante o verão.
Será a casa dos portugueses fria, quente ou confortável? Os dados do inquérito desenvolvido pelo PCS no início deste ano não trazem boas notícias: a maioria dos inquiridos (89%) considera a sua casa desconfortável termicamente. Verificou-se ainda que o desconforto térmico é geral em todos os distritos do país.
Apenas 11% dos participantes neste estudo diz habitar uma casa confortável, sendo que, para isso, necessita de gastar energia em climatização. Ou seja, para manter a casa fresca este verão, os portugueses terão de recorrer a aparelhos, como é o caso do ar condicionado, o que implica também o consumo de mais energia e gastos extra, num momento em que a inflação em Portugal ainda permanece alta (7,4% em março).
61% dos portugueses habituaram-se a passar frio em casa para não gastar mais dinheiro em energia
Contudo, não foi isso que se verificou no inverno passado. Mais de 50% dos portugueses assume ter passado mais frio em casa este inverno, devido ao aumento do custo de energia, aponta ainda o estudo do PCS divulgado na semana passada. E a razão é simples: estas famílias habituaram-se a passar frio (61%), para não consumirem mais energia, uma vez que assumem não conseguir pagar a fatura.
Isto acontece por vários motivos, desde a falta de literacia sobre a eficiência energética (o preço é a principal preocupação das famílias) até a escassez de construção sustentável. Mas esta realidade deverá mudar em breve já que a Comissão Europeia está prestes a aprovar o documento final sobre a diretiva que vem pressionar a melhoria do desempenho energético dos edifícios novos e usados em todos os Estados-membros.
Também a mentalidade das famílias sobre a importância da eficiência energética das suas casas está a mudar aos poucos, já que:
- as famílias estão a preocupar-se mais com o conforto do que com a área da casa, tal como disse Severino Ponte, CEO o grupo Construções Vila Maior, em entrevista ao idealista/news;
 - o Programa Edifícios + Sustentáveis teve uma “elevada” adesão;
 - 47% dos portugueses quer fazer obras de reabilitação energética em casa nos próximos 12 meses, segundo indica recente estudo da Masteos.
 
Importa recordar Portugal é um dos países da União Europeia que regista maiores níveis de pobreza energética. Os números da Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética 2021-2050 apontam que entre 1,2 e 2,3 milhões de portugueses vivem em situação de pobreza energética moderada. E ainda que entre 660 e 740 mil pessoas encontram-se numa situação de pobreza energética extrema.
 
 
 
 
 
 
 
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